Graphic novel

‘A Casa das Sete Mulheres’ ganha versão em quadrinhos

Adaptação assinada pela autora da obra, Leticia Wierzchowski, HQ tem ilustrações da quadrinista Verônica Berta

Por Jéssica Malta
Publicado em 29 de novembro de 2023 | 07:00
 
 
 
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Quando o romance histórico “A Casa das Sete Mulheres” ganhou as telas da televisão brasileira, em 2003, em uma adaptação dirigida por Jayme Monjardim, Manuela, uma das protagonistas, foi eternizada na memória dos telespectadores como uma mulher ruiva. Interpretada pela atriz Camila Morgado na minissérie, a personagem histórica tinha, na realidade, cabelos escuros. A imagem da heroína de cabelos ruivos, porém, ficou no imaginário dos milhares de telespectadores que acompanharam a história. E é justamente por isso que a figura se mantém assim, com cabelos alaranjados, na versão em quadrinhos da obra, projeto lançado recentemente pela Maralto Edições.  
 
Autora do romance, a escritora e roteirista Leticia Wierzchowski conta que desde o início do trabalho sabia que não poderia desprezar o imaginário popular. “A Manuela é morena, foi uma personagem que existiu, mas, hoje, por causa da adaptação na TV, há mais gente que a imagina como ruiva”, explica. Considerando o sucesso do projeto audiovisual e literário, ela precisou trabalhar com as duas realidades – a do livro e a da minissérie televisiva – ao conduzir o projeto da HQ.  
 
Apesar de ter começado o processo de adaptação em 2019, quase duas décadas após o lançamento do livro, Leticia conta que fazer esse transporte para o universo das graphic novels já era um desejo que ela tinha. “Sempre gostei muito de quadrinhos e de adaptações também para esse universo”, conta. A autora acrescenta que o gosto pela linguagem é tanto que o objetivo é que “A Casa das Sete Mulheres” seja apenas a primeira adaptação. “Meu sonho é levar todos os livros do que eu chamo de ‘trilogia Farroupilha’ para os quadrinhos”, diz ela, referindo-se também às obras “Um Farol no Pampa” e “Travessia”.  
 
Os motivos para esse desejo vão além do apreço da autora e de sua família pelas HQs. Segundo a autora, o lançamento dos quadrinhos permite que um novo público seja alcançado pela obra, lançada há 20 anos, e que a história chegue, também, a uma faixa etária mais variada. “O que eu acho bonito é que estamos trabalhando em um projeto que traz a imagem para dentro da história. Em um livro, cada um cria o filme enquanto lê. ‘A Casa das Sete Mulheres’ também já foi uma série de TV, e, agora, com o quadrinho, a gente consegue entregar a história de uma maneira mais sintética, sem que ela perca a beleza que tem. É uma forma mais fácil de ler e que traz a possibilidade de abranger praticamente todas as faixas etárias”, pontua. 
 

Obra ainda continua viva 

 
Mesmo que muito tenha acontecido nas últimas duas décadas, Leticia acredita que “A Casa das Sete Mulheres” se mantém contemporânea. Não por acaso, ela conta que a obra pode receber, nos próximos anos, mais uma adaptação audiovisual. “É uma história que permanece muito viva. Tanto que, no ano passado, revendi os direitos para uma grande produtora de São Paulo para fazer uma nova série. Então, em algum tempo, talvez a gente tenha uma nova versão da história”, diz. Ela ressalta que há ainda a possibilidade de acompanhar a narrativa pelo livro, pelo streaming – já que a minissérie continua disponível na plataforma Globoplay – e, agora, também pelos quadrinhos.  
 
Todo este potencial está, entre outras coisas, no próprio protagonismo dado às mulheres –característica que dialoga diretamente com as questões e exigências atuais. “É a história de um período em que as mulheres eram totalmente esquecidas e escondidas”, afirma. “Para escrever o livro, tive que pesquisar os homens e, às vezes, era citada alguma mulher. Então esse trabalho também é uma forma de iluminar essas coisas e contar essas histórias que estavam apagadas”, diz. 
 
E, se “A Casa das Sete Mulheres” coloca as mulheres como protagonistas ao mergulhar nos acontecimentos da Revolução Farroupilha através da história de sete mulheres, o mesmo acontece nos bastidores dos quadrinhos, que têm, além da adaptação assinada por Leticia, as ilustrações assinadas por Verônica Berta. “Foi uma ideia que eu achei linda, da editora Maralto, de dar para uma mulher o trabalho de fazer o desenho, já que estávamos falando daquelas sete mulheres, também teríamos uma equipe feminina”, lembra.

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