Performance

Artistas manifestam repúdio à Vale no centro cultural da empresa

O Grupo dos Dez ocupou a programação do FAN com performance em pesar aos acontecimentos de Mariana

Por JOYCE ATHIÊ
Publicado em 26 de novembro de 2015 | 19:58
 
 
 
normal

Em lembrança ao desastre que aconteceu em Mariana, artistas do  Grupo dos Dez, coletivo teatral,  realizaram na tarde desta quinta-feira (26) uma performance-manifestação nas dependências internas do Memorial Minas Gerais Vale, na praça da Liberdade, na região Centro-Sul de Belo Horizonte.

A convite do Festival de Arte Negra (FAN), os artistas participavam de um debate sobre ações afirmativas ao lado de outros coletivos dedicados ao teatro negro. Antes de iniciarem as discussões, o Grupo dos Dez, que faria uma apresentação sobre o processo criativo do espetáculo "Madame Satã", subiu ao palco para manifestar.  Enquanto alguns artistas cantavam, o ator e performer Benjamim Abras iniciou uma coreografia em que comia e vomitava lama, enquanto seu corpo era tomado pelo lamaçal.

"Fizemos tudo como se fôssemos apresentar as músicas do nosso espetáculo, mas chegamos com um cavalo de Tróia porque para realizar uma performance política em um espaço como este, precisávamos desse elemento surpresa, se não, ela não seria permitida. Esse é um espaço cultural importante para a cidade e que é mantido pela Vale e, como estávamos aqui dentro, achamos que era o momento de, por meio do artevismo, lembrar o que não pode ser esquecido", afirma Abras.

Durante a performance, os artistas leram um texto do dramaturgo Marcos Fábio de Faria em que lembraram o comunicado divulgado hoje, 26, no site da Samarco, alegando que "o rejeito proveniente da barragem do Fundão não oferece perigo para as pessoas".

"Isso nos incomodou muito. As casas dessas pessoas estão lameadas. O Rio foi morto. Nossa performance é em pesar a esse crime. E não estamos vendo as responsabilidades serem compactadas. Quando nos demos conta de que fomos convidados a entrar nesse lugar para falar de ações afirmativas e violência contra o negro, nos perguntamos se eles estão mesmo preocupados com o que a gente tem para falar? E a violência que a instituição pratica? Isso precisa ser lembrado e não faz parte do nosso pensamento sobre a arte vir aqui e ficar calado", afirma Marcos.

Procurada pela reportagem, a Vale se manifestou por meio da assessoria ressaltando que o Memorial é um espaço público e tombado pelo patrimônio cultural.

 

Veja a perfomance de repúdio à Vale no Memorial Minas Vale:

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!