Homenagem

BH recebe ‘Elza Tributo’, espetáculo com Caio Prado e Larissa Luz

Apresentação celebra a trajetória de Elza Soares com repertório do último álbum lançado pela artista, ‘Elza, Ao Vivo no Municipal’

Por Jéssica Malta
Publicado em 16 de junho de 2023 | 06:00
 
 
 
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Dois dias antes de falecer, Elza Soares (1930-2022) estava cantando. Era 18 de janeiro de 2022 e a artista, ícone da música brasileira, gravava o álbum visual “Elza, Ao Vivo no Municipal”, em São Paulo. As circunstâncias da vida não permitiram que ela realizasse o desejo de levar o trabalho para outros palcos, mas o legado e a própria vontade de ver a música tocada pelo país ganham fôlego com o espetáculo “Elza Tributo”, que tem as canções do último trabalho da artista entoadas nas vozes de Caio Prado e Larissa Luz. O trabalho desembarca em Belo Horizonte neste sábado (17), com apresentação no Sesc Palladium.

A dupla, formada por dois novos grandes representantes da música brasileira, é acompanhada no palco pelos músicos que também estavam ao lado de Elza nos últimos tempos: Rovilson Pascoal (guitarra e cavaco), Luque Barros (baixo e synth), Victor Cabral (bateria), Mestre DaLua (percussão), Ricardo Prado (guitarra e teclados), Ana Guimarães e Netão (backing vocals).  

Mas a artista de potência incalculável não deixa de se fazer presente nos locais por onde a turnê tem passado. “Eu tenho certeza que a cada palco que a gente sobe há a energia da Elza. Em espírito e força ela está ali presente com a gente”, pontua o cantor e compositor Caio Prado. 

Com uma trajetória intimamente ligada a Elza Soares, a quem o artista define como um “divisor de águas” em sua carreira, Caio ressalta a responsabilidade de fazer jus à grandeza das canções da cantora. “É preciso estar entregue no palco, sabendo que o que a Elza fez, ninguém mais faz.  Ali, a gente se dispõe a fazer uma outra interpretação, da nossa geração, de tudo que vivemos. Então, a responsabilidade está em estar com o corpo e a alma presentes, olhando para o público e sentindo a energia da Elza vibrar”. 

Embora haja responsabilidade na interpretação do repertório da artista, Caio pontua que o palco é construído por leveza e amor. “A Elza tinha muita alegria, alegria na luta. Foi uma mulher que passou por todas as coisas que uma mulher preta poderia passar e ainda estava sorrindo dentro de sua resistência. Ainda que a gente interprete canções com muita profundidade, tento levar leveza na interpretação porque eu acho que era era a mensagem da Elza, sabe? De dizer: ‘Levanta, sacode a poeira e dá volta por cima’”. 

Legado tem que continuar 

Cantora, compositora e atriz, Larissa Luz já viveu Elza em outras ocasiões - quando, também junto de Caio Prado, fez parte do musical “Elza” e protagonizaram o documentário “Elza Infinita”, do GNT. Ela confessa que quando recebeu o convite para o projeto ficou um pouco apreensiva pela responsabilidade e pela carga emocional ligada ao tributo, já que era um momento sensível e havia pouco tempo que a cantora tinha partido. “Depois me senti feliz por ter sido convidada e lembrada para contribuir com a missão de não deixar com que o legado dela se perca ou se esqueça. Então topei com a alma, com o coração e racionalidade de quem percebe a importância de outras gerações conhecerem a vida e obra de Elza”, diz. 

E dentre a vasta obra da artista, eleita "A voz do milênio" pela BBC de Londres, em 1999, algumas canções apresentadas acabam se tornando mais marcantes para os intérpretes. “Amo todas as canções, cada uma tem uma relevância na minha trajetória, na minha construção. ‘Maria da Vila Matilde’ é forte pelo teor político relacionado a uma questão sensível que diz respeito a violência contra a mulher, mas a introdução com ‘A Carne’, ‘Meu Guri’ e ‘Comigo’ é para mim um dos momentos mais marcantes”, conta Larissa. 

Caio também mergulha na potência do discurso para escolher sua favorita. “Malandro definitivamente é minha canção favorita. É a música do repertório da Elza que mais me identifico, porque ela me leva para lugares muito nostálgicos, me leva para Realengo, de onde eu sou, e fui criado, com uma família preta, com roda de samba. É uma música que fala sobre a realidade de um jovem preto no Brasil e a mãe vendo esse filho sair, então acaba sendo uma canção que me traz muitas memórias, lembro de lugares, cheiros”, conta. 

Além das favoritas dos intérpretes, outros clássicos da carreira de Elza Soares também são apresentados no tributo, entre eles canções como “A Mulher do Fim do Mundo”,  “Dura na Queda”,  “Volta por Cima”, “Comportamento Geral” e “Se Acaso Você Chegasse”. 

SERVIÇO: 
O quê: Elza Tributo Com Larissa Luz e Caio Prado
Quando: sábado (17), às 21h
Onde: Grande Teatro do Sesc Palladium (rua Rio de Janeiro, 1.046, centro)
Quanto: de R$ 50 (meia-entrada: plateia 3) a R$ 160 (inteira: plateia 1)
Link para venda no Sympla: https://bileto.sympla.com.br/event/82944/d/195186

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