Bloco Fera Neném lança disco para a criançada ver, ouvir e dançar

O bloco Fera Neném surgiu na esteira do renascimento do Carnaval de rua de Belo Horizonte com a proposta de levar para as crianças a fantasia e o som de cantigas, sambas de roda, cirandas, frevos, marchinhas, maracatus, ijexás e outros ritmos que ajudam a contar a história da música popular brasileira.

Em 2014, o bloco, ideia do cantor e compositor Dudu Nicácio, inspirado pela vivência com a filha Joana, fez sua estreia entre as esquinas do bairro Cruzeiro. O tempo passou, o Fera Neném foi desfilar nas ruas do São Pedro, depois nos paralelepídeos do Serra e, até 2020, uma canção foi composta para cada ano da folia.

Aí veio a pandemia e o bloco teve de recolher os instrumentos, as fantasias e ficar na miúda. Sem Carnaval em 2021, a cabeça de Dudu borbulhava de ideias. Ele queria colocar o Fera Neném presente de alguma maneira mesmo no isolamento. Ainda no primeiro semestre do ano passado, o cantor e o produtor carioca Rodrigo Braga começaram a trabalhar no novo projeto, que chega nesta quinta-feira (17) às plataformas digitais.

“Bloco Fera Neném”, o disco, reúne as sete canções compostas para cada ano desde a estreia do grupo na folia de BH. Duas delas, “Cadê a Fera?” e “Subindo a Serra”, já foram lançadas como single.

Para Dudu, o álbum é uma maneira de não deixar a peteca cair e “um presente para a meninada”: “É esperança e resistência tanto em termos de alegria e da irreverência, que o Carnaval nos proporciona, quanto da cultura. Não bastasse a pandemia, vivemos um momento em que a cultura e os artistas estão sendo muito machucados”.

As sete faixas e as duas vinhetas não só vão ao encontro da proposta musical do bloco, mas também evidenciam uma preocupação pedagógica de apresentar às crianças ritmos brasileiros e reflexões sobre o que faz parte da vida dos pequenos. “Falamos de cuidado, de acolhimento, das possibilidades de viver na cidade e de outros temas sem ser didático, chato, mas pensando em ser um instrumento de tradução de conhecimento”, comenta o compositor.

As vozes de Joana, 9, e Antônio, 5, filhos de Dudu, aparecem nas vinhetas “Pandeiro Sim” e “Raio do Sol Suspende a Lua”. Ao longo do processo de feitura do disco, Dudu Nicácio diz que os filhos foram da ansiedade à alegria: “Foi muito legal, num primeiro momento houve um suspense, estávamos no auge da pandemia e eles não puderam acompanhar as gravações. Quando os áudios chegaram, eles adoraram”.

Animação

Outra novidade é que “Bloco Fera Neném”, estreia fonográfica do grupo, é um álbum-animação. Logo quando o processo de gravação foi finalizado, Dudu Nicácio decidiu concretizar a ideia de transformar o projeto em um disco visual. As animações foram feitas por Daniel Ferreti a partir de ilustrações de Alexandre Braga Brandão e trazem uma personagem central, a Ferinha, e seus amigos. Para o cantor, os vídeos animados são mais uma forma de brincar com as crianças. “Era essa a ideia para o disco chegar ainda mais do jeitinho que elas gostam. São ideias muito sintéticas, minimalistas, mas tudo muito bem feito”, ressalta Dudu.

Tudo em “Bloco do Fera Neném” converge para a valorização da identidade brasileira, seja pela música, seja pela dança, seja pela tradição dos primeiros povos que aqui chegaram. O compositor diz que o disco pode ser um momento de aprendizado para os pequenos e um momento de alegria. “De forma natural, pela música, queremos cravar essa carga de energia no suor das crianças”, ele afirma. 

Lançamento e show online

O disco “Bloco Fera Neném” e todas as animações que acompanham o projeto, chegam nesta quinta (17) às plataformas digitais. Já no sábado (19) - sábado pré-carnaval, dia em que o grupo tradicionalmente colore as ruas com seu desfile -, às 11h, o bloco faz o show de lançamento do álbum em seu canal no YouTube.

Dudu Nicácio (guitarra) será acompanhado pelos músicos da banda Fera Neném: Fernando Feijão (bateria), Aloízio Horta (baixo) e Marcelo Chiaretti (flauta). O quarteto vai tocar todas as faixas do disco e alguns pot-pourris de maneira mais enxuta que no desfile de rua. “A gente sempre termina os desfiles com ‘Samba do Fera’, que é um samba de roda, e mistura com ‘Madalena’, ‘Marinheiro Só’ e outras canções”, explica Dudu.