Audiência

Canais infantis perdem a liderança do ranking dos mais vistos da TV paga

Pela primeira vez em dez anos, os canais para crianças deixam o topo da lista anual da TV por assinatura; SporTV e Viva assumem o posto

Por Folhapress
Publicado em 13 de janeiro de 2020 | 03:00
 
 
 
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Com uma perda média de 166 mil assinantes de televisão por mês em 2019, se dão por felizes os canais que oscilaram 0,01 ponto na audiência nos últimos dois anos no ranking dos dez mais bem posicionados na TV paga.

São os casos do SporTV e da GloboNews – esta manteve a mesma posição de 2018 para 2019, caindo de 0,18 para 0,17 ponto, média igual a 2017. A pequena alta de 2018 na GloboNews é atribuída pela Globo ao calendário de eleições, quando os noticiários tiveram maior audiência.

Pela primeira vez em mais de dez anos, o primeiro lugar da TV paga não é um canal infantil. O topo está com o Viva e com o SporTV. Mas, se há dois anos Discovery Kids e Cartoon Network lideravam esse ranking com 0,41 ponto, os novos ocupantes têm audiência menor: 0,29 cada um.

Os dados se referem às médias dos canais obtidas nas 24 horas de cada dia do ano, segundo o Painel Nacional de Televisão (PNT), do Kantar Ibope, que mede as 15 regiões metropolitanas de maior consumo do país.

Presidente do Instituto Locomotiva, especializado em comportamento e consumo, Renato Meirelles avalia que os conteúdos ao vivo são o maior trunfo da TV, o que explica que o nicho das notícias ainda seja um dos pontos mais relevantes para quem mantém a assinatura.

“Tudo que for ao vivo vai bem. Ter TV por assinatura para ver série, filme ou infantis já não é tão atrativo e não é só pela Netflix. Há um movimento forte com a Amazon, a Globoplay e uma ampliação de plataformas sob demanda”, explica Meirelles, que cita ainda a questão comportamental. “A TV funcionava na centralidade da sala, e ver TV na sala com a família reunida é cada vez mais raro.”

Muitos degraus abaixo da GloboNews, mal localizada no lineup das operadoras, a BandNews caiu de 38º para 40º lugar na lista, mas também oscilou 0,01 ponto de 2017 para cá, com vantagem em 2018, ano eleitoral.

“O segmento de ‘hard news’ ainda tem uma força muito grande, mesmo em um cenário em que as pessoas infelizmente começam a duvidar do jornalismo”, diz Meirelles.

A grande zebra desse diagnóstico do maior apelo das atrações ao vivo – noticiários e esportes – é o canal Viva, sustentado por produções antigas da Globo. O canal caiu de 0,28 ponto em 2017 para 0,18 em 2018, ressurgindo como o maior crescimento do setor em 2019, a ponto de fechar 2019 com 0,29 ponto. Ironicamente, seu maior concorrente passou a ser a própria Globoplay, que oferece dezenas de novelas antigas.

De modo geral, a TV paga perdeu 10% de audiência de 2018 para 2019. No bolo das TVs abertas, a fatia que cabe aos canais pagos no universo de TVs ligadas caiu de 18,3% para 16,5% na média das 24 horas de cada dia do ano do PNT. O total de TV ligadas se manteve em 37%, o que endossa a força da TV aberta, segmento que vem envelhecendo.

Estudo recente do Instituto Locomotiva aponta o público acima dos 50 anos (que corresponde a cerca de 54 milhões de pessoas) como o maior consumidor do país e o mais fiel à TV, especialmente a paga. 

A TV paga fechou novembro de 2019 com 15,92 milhões de assinantes, segundo os dados mais recentes da Anatel.

Confira o ranking:

1. SporTV e Viva: Os dois canais da Globosat empatam em 0,29 ponto de audiência.

2. Discovery Kids: Há dez anos no topo do ranking, canal infantil cai e fecha 2019 com 0,28 ponto.

3. Cartoon Network: Canal que chegou a dividir a primeira posição com o Discovery Kids, alcança 0,27 ponto.

4. AXN: Canal do grupo Sony, que traz atrações dubladas dos gêneros ação e investigação, fecha o ano com 0,2 ponto.

5. Megapix: O canal dublado de filmes da Globosat alcançou 0,19 ponto. 

6. Discovery Channel, GloboNews e TNT: Os três canais marcaram 0,17 ponto cada um. 

7. Discovery Home & Health, Fox, Gloob e Universal: Canais empatam com 0,15 ponto

*DADOS DO PNT DO KANTAR IBOPE COM AS 15 PRINCIPAIS REGIÕES METROPOLITANAS DO BRASIL NA MÉDIA DAS 24 HORAS DE CADA DIA DO ANO. CADA PONTO EQUIVALIA, EM 2019, A 711.081 INDIVÍDUOS
 

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