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Carlos Saldanha reverencia o Rio de Janeiro em série protagonizada por Seu Jorge

Diretor lança How to be a Carioca, com estreia nesta quarta-feira na plataforma Star+

Por Paulo Henrique Silva
Publicado em 18 de outubro de 2023 | 07:00
 
 
 
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Quando Carlos Saldanha foi apresentado ao mundo, como diretor da animação “A Era do Gelo 2”, em 2006, ele era um brasileiro residente nos Estados Unidos, à frente da produtora Blue Sky. Desde o filme “Rio”, ele vemfazendo o “caminho de volta”, enveredando pelo Brasil e pela cidade natal. Á série “How to be a Carioca”, que estreia hoje na plataforma de streaming Star+, põe novamente Saldanha orgulhoso de ser carioca, numa viagem no tempo em que, aos 14 anos, quando morava na Barra, fazia questão de ajudar os turistas estrangeiros com informações da Cidade Maravilha.

“Eu meio que fazia o papel desse anjo da guarda, vivido por Seu Jorge na série. Eu sentia que os turistas não conseguiriam aproveitar o Rio totalmente porque não falavam a língua. Ficava desesperado em querer ajudar e fazer com que apreciassem, vendo tudo o que via. É uma coisa muito carioca, ao doar o seu tempo para ajudar as pessoas”, registra o realizador, que, ao se basear no livro homônimo de Priscilla Ann Goslin, busca um retrato distante do Rio de Janeiro marcado pela violência, prevalecendo o bom-humor e a paixão dos estrangeiros, com Seu Jorge fazendo o papel de bom anfitrião.

“Quis uma proposta leve como o livro, com um olha rirônico e matuto sobre a situação do Rio de Janeiro, em que você consegue trazer as duas coisas: a comédia e a emoção. A comédia só existe quando há um drama junto. Eu queria falar de elementos cariocas que não são tão positivos, mas que fazem parte da nossa cultura. Nesse contraste, você tem um aprendizado, um arco dramático que lhe ajuda a contar histórias sem ficar pesado. Não preciso mostrar ninguém morto. A pessoa vai se sentir emocionada sem ver nada. Queria fazer uma série para que todo mundo pudesse ver”, destaca Saldanha.

A ideia surgiu há oito anos, quando ele adquiriu os direitos da publicação. A proposta inicial era fazer um longa-metragem. “Mas como eram tantas temáticas, com muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo, não ficou tão elaborado, quase estereotipado. Acontecia tão rápido que parecia só uma piada, sem ir a fundo. Quando mudamos para série, aí abrimos muito mais. No lugar de ser um apenas, cada episódio teria um gringo de um país diferente”, detalha o produtor da série, que,  antes de escolher o país e o “gringo”, preocupou com as temáticas de cada episódio. 

“As histórias só funcionam se elas tiverem um coração narrativo. Foi quando começamos a listar todas as temáticas possíveis do Rio deJaneiro e o livro nos inspirou muito, abordando a fé, o morro, o racismo, o amor, a música.... Pegamos essas palavras que definem elementos muito típicos dos cariocas e desenvolvemos a história”, salienta Saldanha, que é bem franco sobre a participação de Seu Jorge em “How to be a Carioca”: “Não teria série se não fosse Seu Jorge. Ele era o único nome que estava na minha cabeça”, frisa o diretor, que se revela um grande fã do cantor e ator.

“Quando começamos a pensar no elenco, num carioca que reunia música, carisma, presença e voz, não tínhamos dúvida: era Seu Jorge. Fomos lá conversar com ele e dissemos: ‘Não sairemos daqui até a hora de você dizer sim’.Se ele dissesse não, eu iria sofrer tanto que teria que ver outra maneira de contar essa história. Quando você vê o trailer, acha que é uma história sobre o (personagem de) Seu Jorge. É e não é. Ele aparece em todos os episódios, mas como um oráculo, surgindo para ajudar um gringo. Ele é a cola e representa a gente”,define Carlos Saldanha.

A música é outra atração à parte, com Maria Gadú assinando a produção. “Apesar de fazer uma música incrível, Gadú se doou ao projeto usando artistas que ela ama. Ela trouxe a verdadeira música sem o ego, sem a vontade de aparecer. Trouxe as músicas que tocaram o coração dela, entrando no ritmo da gente. Vai de uma música escrita e cantada junto com a protagonista do episódio de Israel até pegar um samba dos anos 50 que traz aquele calor de querer estar lá. Além, é claro, de Seu Jorge, que interpreta grande parte das músicas. A playlist da série é uma coisa impressionante”, entusiasma.

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