Música e literatura

Chico Buarque ganha fotobiografia

Organizada por Augusto Lins Soares, livro mostra a trajetória do artistalland

Por André di Bernardi
Publicado em 20 de março de 2019 | 03:00
 
 
 
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Francisco Buarque de Hollanda tornou-se um ícone, um patrimônio cultural do Brasil. Chico Buarque, o homem, o dono da banda. Ele acaba de ganhar um precioso presente. A editora Bem-Te-Vi lançou “Revela-Te, Chico”, uma luxuosa fotobiografia, que mostra a trajetória deste que é um dos mais importantes intelectuais e um dos mais talentosos músicos brasileiros. O livro traz 210 imagens selecionadas pelo designer e jornalista Augusto Lins Soares, garimpadas em acervos de fotógrafos, revistas, jornais, sites, blogs e órgãos públicos e privados. Soares encarou um périplo, fez uma vasta pesquisa iconográfica para revelar o perfil de uma figura emblemática, de uma das personalidades mais controversas e inteligentes do país.

Se Chico é o personagem principal, as imagens, no caso, são as protagonistas da festa. A obra reúne a nata da fotografia: Adhemar Veneziano, Adriana Pittigliani, Alécio de Andrade, Arlete Soares, Bob Wolfenson, Bispo, Bruno Veiga, Carlos Horcades, Cristiano Mascaro, Cristina Granato, Dadá Cardoso, Daryan Dornelles, David Drew Zingg, Fernando Seixas, João Farkas, João Wainer, Leo Aversa, Madalena Schwartz, Marisa Alvarez Lima, Maureen Bisilliat, entre outros. Soares também convidou vários artistas plásticos, que produziram obras especialmente para o livro, como Adriano Melhem, Alex Fleming, Bel Magalhães, Bel Moura, Camila Soato, Ingrid Bittar, Gunga Guerr, Mariana Riera e Nino Cais, eentre outros. 

Soares percorreu uma verdadeira maratona até a conclusão do projeto. “A ideia surgiu no final de 2016. Já tinha começado a pesquisa, mas precisava do aval do artista. Recebi o ok do Chico em 2017. Foi um longo, profundo e delicioso trabalho de pesquisa, que demorou dois anos para ficar pronto. Revirei acervos, instituições, arquivos pessoais etc. Montei uma linha do tempo para nortear o projeto, que nada mais é que uma narrativa visual da história dele. Tive a sorte de encontrar raridades, fotos que nunca foram publicadas. Foi um processo de garimpagem. A ideia era fazer algo atual, contemporâneo, sem deixar de lado a memória, a história do poeta. Pesquisei em torno de 20 mil imagens, para chegarmos às 210 do livro. Apesar dos percalços, minha proposta inicial foi cumprida”, avalia.

A obra traz também histórias dos bastidores de cada registro e cada situação. A convite do curador, o escritor e jornalista Joaquim Ferreira dos Santos criou legendas biográficas que contextualizam as imagens e trazem informações saborosas sobre os momentos impressos. “Eu procurei ser o mais objetivo possível. Não é um livro de autor, em que é preciso sublinhar estilo e outras performances literárias. Quis ser o mais claro e humilde possível na tarefa de ajudar o leitor a entender o que se passa nas fotos. São legendas profundas, mas legendas. Todas as situações nas fotos me eram reconhecíveis. Para legendar algumas eu nem precisei de maiores pesquisas. Em outras, me amparei numa bibliografia ampla que tenho sobre música brasileira e sobre o Chico especificamente. A grande sacada do livro é que o leitor pode acompanhar a carreira do Chico de um jeito inédito. Levei seis meses fazendo as 70 legendas. Juntas, elas dariam um pequeno livro. No momento em que o Brasil passa por uma mudança tão grande, com a atividade intelectual tão subestimada, a razão abafada por impulsos emocionais, um livro desses serve de contraponto fundamental”, diz Santos. 

Quem assina a capa é o fotógrafo Daryan Dornelles. “Quando eu era pequeno, as pessoas conheciam os Beatles, eu conhecia o Chico. Meu pai sempre comentava sobre suas músicas e suas letras. Chico representa o que há de melhor na cultura brasileira e atravessa fronteiras. Se Dylan ganhou o Nobel, Chico deveria ganhar também”, pontua Dornelles. Outro que participou foi Leo Aversa. “Eu acompanhei todo o processo de gravação do último álbum do Chico, ‘Caravanas’, além de clicar a capa e as fotos de divulgação. Foi a partir desse trabalho que o Augusto me chamou para participar. Chico Buarque é um ídolo desde a minha infância, cresci ouvindo as músicas dele. Está no Olimpo da cultura nacional”, finaliza o fotógrafo.

 

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