Tom Jobim já havia alcançado sucesso e respeito entre público e crítica no Brasil e nos Estados Unidos quando lançou “Wave” (1967) e “Tide” (1970), quarto e sexto álbuns, respectivamente, do maestro brasileiro. Foi na ensolarada Bahia da década de 70 que Fernanda Takai, ainda muito criança, por influência do pai, teve o primeiro e definitivo encontro com a bossa nova de Jobim escutando as fitas cassete dos dois discos. “Depois fui percebendo que ele era o compositor de muita coisa que outras pessoas cantavam. Até descobrir a imensidão do seu legado”, ela conta.

Alguns bons anos se passaram, Takai fez sucesso com o Pato Fu, levou brinquedos para sua música, cantou em japonês para lembrar suas raízes, mas nunca deixou a bossa de lado – tanto que, em 2007, no seu primeiro trabalho solo, lançou um CD dedicado ao repertório de Nara Leão, uma das porta-vozes do gênero.

Outro dia mesmo, mais precisamente em junho de 2018, a musicista, compositora e cronista – sim, ela também enveredou pela literatura – gravou “O Tom da Takai”, em que interpreta canções menos conhecidas de um dos maiores estandartes da cultura brasileira, como “Bonita”, “Só Saudade”, “Brigas Nunca Mais” e “Samba Torto”.

É com esse repertório de Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim que ela se apresenta com a Orquestra Ouro Preto nesta sexta-feira, em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte. Não será a primeira vez que a tabelinha acontecerá nos palcos, porém a novidade e o frescor estão no fato de Takai e a orquestra terem tido a oportunidade de ensaiar com arranjos escritos especialmente para o espetáculo, que ainda vai percorrer outras cidades.

“No show, terei uma orquestra incrível tocando comigo, coisa que no álbum de estúdio não foi possível. E estaremos representando muito bem Tom Jobim, já que ele conseguia unir o erudito ao popular de maneira singular”, acredita a amapaense que chegou a Belo Horizonte ainda aos 9 anos e, na capital mineira, se formou artista.

Tom Jobim é mundialmente festejado por canções como “Garota de Ipanema”, “Águas de Março”, “Insensatez” e “Samba do Avião” e outras que são verdadeiros hinos ao Rio de Janeiro de uma época que não existe mais.

Lado b

As 14 faixas que estão em “O Tom da Takai”, e que também estarão no show de sexta, não são os clássicos absolutos do músico, o que traz também um novo olhar para a obra de Jobim: “É interessante não tocar as canções mais conhecidas, porque daí temos ideia da qualidade do repertório do Tom, independentemente da popularidade”.

Para além de uma apresentação musical, quem for à praça Bernardino de Lima verá uma declaração de amor à obra de Tom Jobim e à própria bossa nova. “Acredito que ele seja o compositor brasileiro mais importante de todos os tempos. E, apesar de muitos álbuns terem sido feitos em seu nome, a oportunidade de rever a obra dele com a ajuda de artistas que viveram aquela época também é muito significativa”, afirma.

Ela se refere a Roberto Menescal e Marcos Valle, dois gigantes da bossa nova, que assinam a produção e os arranjos de “O Tom da Takai”. Do estúdio para o concerto, a cantora contou com duas valiosas colaborações: os arranjos de cordas escritos por Arthur de Faria e a abertura do espetáculo com a marca de Nelson Ayres.

“Fico muito à vontade cantando esse repertório. A bossa nova vive e passa muito bem no mundo inteiro. Nunca deixou de ser ouvida”, afirma Takai, que divide com dezenas de músicas o protagonismo de uma noite para Tom Jobim.

Mais três shows

A parceira entre Fernanda Takai e a Orquestra Ouro Preto vai render outros concertos em Minas. Nos próximos meses, o show “O Tom da Takai” já tem apresentações confirmadas em Sabará (27/7), Caeté (18/8) e Santa Bárbara (14/9). 

Agenda

O quê

Orquestra Ouro Preto e Fernanda Takai apresentam “O Tom da Takai”.

Quando

Nesta sexta-feira (28), às 20h30.

Onde

Praça Bernardino de Lima, em Nova Lima.

Quanto

Entrada franca.