Teatro

Com Odilon Wagner e Claudio Fontana, ‘Última Sessão de Freud’ retorna a BH

Espetáculo que promove encontro entre Freud e C.S. Lewis fica em cartaz nesta sexta, sábado e domingo no Centro Cultural Unimed-BH Minas

Por Jéssica Malta
Publicado em 26 de maio de 2023 | 07:00
 
 
 
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Não há quem nunca tenha questionado, pelo menos uma vez, a crença ou não em Deus. E é justamente essa questão universal que dá o tom do espetáculo “A Última Sessão de Freud”, que retorna a Belo Horizonte, depois de duas apresentações em abril de 2022, para sessões nesta sexta, sábado e  domingo, no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas. 

Com elenco composto por Odilon Wagner e Claudio Fontana, a peça promove o encontro fictício entre o pai da psicanálise, Sigmund Freud, e o escritor, poeta e crítico literário C.S. Lewis. Crítico ferrenho da crença religiosa, o médico busca entender como alguém como Lewis pôde abandonar o ateísmo e se converter ao cristianismo, tornando-se um grande defensor da fé baseada na razão. “É uma conversa muito gostosa, porque é um diálogo entre dois homens inteligentes, irônicos, bem-humorados e afiados em suas colocações”, explica o ator Odilon Wagner. 

Dando vida a Freud, o ator ressalta que por mais que o debate seja conduzido por duas mentes intelectuais tão brilhantes, a peça não é direcionada a bolhas, e possui uma narrativa capaz de alcançar um público amplo - não por acaso, “A Última Sessão de Freud” já foi vista por mais de 45 mil pessoas, desde sua estreia, no ano passado. “Diria que o sucesso do espetáculo vem, em primeiro lugar, porque ele trata de temas que são importantes e comuns a todo mundo, como a existência ou não de Deus, o sentido da vida e a sexualidade. Mas isso tudo é feito de uma maneira acessível, não é um papo cabeça, intelectualizado. São dois homens conversando, ninguém está dando aula de nada a ninguém, não precisa conhecer a obra de Freud nem a de Lewis para ir ao teatro e entender o que está acontecendo, porque a dramaturgia é voltada para o grande público”, ressalta. 

Outra potência da montagem destacada pelo ator é a mensagem deixada pelo tom da conversa entre os personagens.Embora tenham opiniões extremamente opostas, há respeito e, principalmente, escuta. “É uma questão fundamental do texto. Primeiramente, porque é muito difícil estabelecer quem tem a razão, porque são as visões de mundo de cada um. Não há vencedores nessa história, assim como não há na vida. E isso é o mais interessante. Há um diálogo de opiniões completamente diferentes, mas que conseguem conviver juntas”, diz Odilon Wagner.

Trabalho significativo

Para o ator, há ainda outro ingrediente especial em “A Última Sessão de Freud” e esse tem relação direta com o personagem interpretado por ele. “[A peça] chegou para mim como uma oportunidade abençoada nesse momento da minha vida. Eu tenho 53 anos de carreira e receber um papel tão carismático e tão potente como o Freud é uma maravilha. O ator vive atrás de grandes personagens, então este foi um dos momentos mais felizes da minha trajetória profissional”. 

Mas, mesmo que o papel tenha sido uma realização para Odilon Wagner, viver Freud também teve desafios. “Ele é um personagem que já está no consciente coletivo do mundo e que se perpetua com uma força impressionante. Então, para não cair na armadilha de interpretá-lo de uma forma quase caricata, no sentido de perder a humanidade, contamos com o trabalho do diretor Elias Andreato. Ele trabalhou muito com a gente essa coisa da verdade, da humanidade. Com a ajuda dele, todos nós entramos nesse universo de buscar a profundidade de cada personagem. Para o Freud, por exemplo, não ser apenas um traço, aquela barba, aquela fisionomia”, explica o ator. “Existe um trabalho de caracterização, mas na interpretação o desafio é fazer ele humano para que todo mundo enxergue o que há dentro desse homem, porque que ele pensava assim, o que levou ele a ter esse questionamento em relação a Deus”. Desafio esse que ele acredita ter conseguido superar, tanto pela resposta positiva do público quanto da crítica - pela atuação em “A Última Sessão de Freud”, Odilon recebeu indicações aos Prêmios Shell e APCA, os mais importantes do teatro brasileiro. 

Serviço

O quê: A Última Sessão de Freud, de Mark St. Germain
Quando: sexta e sábado, às 20h, e domingo às 19h30 
Onde: Centro Cultural Unimed-BH Minas (rua da Bahia, 2.244, Lourdes)
Quanto: R$ 120 (inteira)
Vendas na bilheteria ou através do site https://www.freud.art.br/

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