Há atores que, quando constroem uma carreira sólida no humor, têm dificuldades para alcançar um espaço nas novelas. Esse, no entanto, não é o caso de Marcos Veras. Em “Verão 90”, atual trama das sete da Globo, o ator vive Álamo, dono da grife de camisetas Top Wave. Casado com Madá (Fabiana Karla), o empreendedor começará a ter uma relação difícil com a mulher após o sucesso dela como a vidente Freda Mercúrio, na emissora PopTV. É que ele se tornará mais ambicioso e colocará o casamento em risco.
“Álamo é de uma família rica que perdeu tudo. Então, passou a ter uma vida simples. A confecção vira um império da moda e aí, como todo ser humano com poder e dinheiro, ele pode se transformar. O casal começa a ter uma relação mais difícil, porque ela quer continuar na vida simples e ele quer crescer cada vez mais”, conta o ator.
Nos próximos capítulos, o sucesso de Madá como vidente em seu programa na PopTV influenciará na trajetória de seu marido. Como a personagem de Fabiana já havia previsto anteriormente na história, a relação dos dois tomará outro rumo: Álamo chegará a usar a mulher em benefício próprio.
“Quando a Madá começa a fazer sucesso na PopTV, ele passa a depender disso. O Álamo a usa também para ganhar dinheiro. Ele fala para ela continuar na emissora porque são eles que estão contratando a confecção, mas, em determinado momento, ela não vai querer mais participar disso”, adianta.
De grão em grão
“Verão 90” é a quarta novela de Marcos Veras. A primeira foi “Amor e Intrigas”, na Record TV, em 2007. Na Globo, integrou o elenco do “Zorra Total” e trabalhou no “Encontro com Fátima Bernardes” entre 2012 e 2015, quando foi escalado para “Babilônia”. A terceira experiência nos folhetins veio em 2017, com “Pega Pega”.
Veras assume que adora participar de projetos longos de teledramaturgia. E acredita ser surpreendente para o público vê-lo em trabalhos diferentes. Para ele, isso enriquece sua pluralidade e dá mais uma prova de que pode fazer comédia e também drama.
“Planejar talvez não seja a palavra, mas, quando eu recebi o convite para fazer ‘Babilônia’, falei: ‘Quero’. Acho que está tudo ligado: televisão, cinema, teatro, enfim, é atuação. Faltava fazer novela de uma forma mais presente e, de 2015 pra cá, vem dando certo”, afirma.
Para ele, é difícil conciliar televisão e teatro. Por isso, desta vez, optou focar apenas na TV. No entanto, Veras aponta que, se tivesse de escolher apenas um espaço para trabalhar, ficaria com o palco. Mesmo assim, entrega que é justamente a versatilidade da profissão o que mais lhe agrada. Assim, pode transitar entre as várias possibilidades.
“Tenho o maior orgulho de ser reconhecido como comediante, acho humor muito difícil de fazer. Nem todo ator consegue e vários já assumiram que não sabem. Mas venho tendo a oportunidade de fazer personagens que não são exatamente de humor, como em ‘Pega Pega’, em que interpretava um policial apaixonado. Já o filme ‘O Filho Eterno’, foi um drama pesado”, declara.
Mudança no amor
Assim como a sociedade, o humor também tem passado por transformações nos últimos anos e há uma cobrança do público pelo politicamente correto. Mesmo assim, Marcos Veras crê que não falta matéria-prima para que se criem novas piadas, capazes de não ofender o próximo.
“Acho que o humor acompanha as mudanças sociais, então piadas que a gente fazia há 20 anos não podem ser feitas hoje. É importante reconhecer que temos de variar o tipo de humor, como o ‘Tá no Ar’ e vários comediantes na internet vêm fazendo”, finaliza.