CINEMA

Comédia dramática dirigida por Murilo Benício estreia nesta quinta-feira

Baseada em peça de sucesso, Pérola tem Drica Moraes como uma matriarca sonhadora, exuberante e atrapalhada

Por Paulo Henrique Silva
Publicado em 27 de setembro de 2023 | 07:00
 
 
 
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Quando saiu do teatro após assistir uma sessão lotada de “Pérola”, a vontade de Murilo Benício foi de ligar imediatamente para a sua mãe. É justamente esse efeito que ele espera do público que for conferir, a partir de amanhã, a adaptação que ele dirigiu para o cinema. “Ela é feita apenas e simplesmente para chegar ao coração das pessoas”, avisa o realizador, em seu segundo filme atrás das câmeras.

Em entrevista ao jornal O TEMPO, Benício disse acreditar que o grande mérito do filme “Pérola” foi ter mantido a essência da aclamada peça escrita por Mauro Rasi. “Ela me impactou num lugar em que pude ver a minha história, por mais que não fosse contada da mesma maneira que foi a minha história. Mas me impactou porque tem muitos lugares nos quais a minha emoção se encontra com a emoção do Mauro”, assinala. 

Não é à toa que o filme, protagonizado por Drica Moraes, é dedicado à mãe, Berenice. Da mesma forma, com “O Beijo no Asfalto”, lançado em 2018, ele homenageou o pai, Mário Ribeiro. Os projetos são bastante diferentes entre si, a não ser pela origem teatral – o longa de estreia foi extraído da peça homônima de Nelson Rodrigues – e por remeterem de alguma maneira à relação com os pais.

Sobre a filiação teatral, ele diz que “foi uma coisa sem querer, não é um projeto meu adaptar teatro para cinema ou para qualquer outra coisa”. O que fez o ator se envolver com “O Beijo” foi, principalmente, a lembrança de um pai fã fervoroso de Rodrigues. “Ele não tinha muito a ver com teatro nem nada disso. Era um funcionário do Banco do Brasil, mas muito atento à arte e às pessoas criativas da época”, registra. 

“Ele sempre falava que o Nelson era um gênio, e isso ficou na minha cabeça. Depois, quando eu fui estudar, eu topei com Nelson Rodrigues e tive toda a lembrança do meu pai. Aquilo ocupou um certo lugar carinhoso no meu coração”, destaca. “Pérola” vem, primeiramente, de uma relação de amizade com o autor, Mauro Rasi, falecido há 20 anos, que escreveu uma comédia dramática que virou sucesso instantâneo.

“A primeira vez que vi ‘Pérola’ eu fiquei muito impactado com a história, com a (atriz) Vera Holtz, com o que causou dentro de mim. Me tocou muito. E eu disse isso para o Mauro, que daria um filme, pois atinge um lugar que é muito bonito para nós”, recorda. E coube a Benício fazer essa passagem para o cinema, como “uma declaração pessoal de amor” à sua mãe, mas acredita que “seja também para todas as mães”.

Uma parcela do êxito do filme está na interpretação de Drica Moraes, que desde sempre foi a Pérola que o diretor gostaria de ver na telona, uma mulher sonhadora, exuberante e um pouco atrapalhada. “Há muito tempo eu sou apaixonado pelo talento dela. Eu nunca tive muita intimidade com a Drica, para falar a verdade. Eu era um fã, desde a época em que ela fazia parte da Companhia dos Atores, que era uma turma que eu reverenciava demais”, elogia.

Os dois contracenaram pouquíssimas vezes, como na novela “Chocolate com Pimenta”, mas foram suficientes para Benício perceber um elemento que seria imprescindível para o filme. “A Pérola às vezes parece ser um personagem alegre, mas é muito complexo, porque é leve, engraçada e, ao mesmo tempo, profunda. Eu tinha que ter tudo aquilo, e a Drica é muito inteligente, rápida, engraçada e profunda”.

Outro nome do elenco é o ator mineiro Rodolfo Vaz, ex-Galpão, na pele do marido de Pérola. “Eu o conheci há alguns anos e sou apaixonado por ele, pela pessoa e ator que ele é e por tudo que fez no teatro. Eu tenho a preocupação, ao montar o elenco, de ter um equilíbrio, de chamar a grande estrela e depois ir encaixando pessoas que têm uma carreira linda, mas que não conseguiram um personagem desse no cinema”.

Leonardo Fernandes, que vive o próprio Rasi na história, também é de raiz mineira. Ele foi escolhido a partir de testes. Primeiramente estava se candidatando ao papel do namorado do autor, Emílio, mas acabou chamando a atenção de Murilo Benício. “Quando eu o vi, falei ‘não, não, não, esse aí é o Mauro. Eu quero ele para fazer o Mauro’. E aí foi até confuso na cabeça dele, porque ele não estava preparado para fazer tanta coisa”, diverte-se.

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