CINEMA

Comédia romântica com Manu Gavassi adiciona elementos de ação à fórmula

Protagonizado por Rafael Infante, 'Não Tem Volta' acompanha um homem que encomenda à própria morte

Por Paulo Henrique Silva
Publicado em 30 de novembro de 2023 | 07:00
 
 
 
normal

As comédias românticas brasileiras sempre caminham numa chave entre humor e drama, exibindo os altos e baixos de uma relação amorosa. É mais difícil encontrar uma produção que adicione outros elementos. Podemos citar "O Homem do Futuro" (2011) e "Um Homem Só" (2016), que flertam com eficiência com a ficção científica.

Em cartaz nos cinemas, "Não Tem Volta" traz outro ingrediente: aventura. Essa combinação é mais rara no cinema nacional e muito frequente em Hollywood, como "Sr. e Sra. Smith" (2005) e "Guerra é Guerra!" (2012), ambos, curiosamente, colocando os seus personagens numa trama de espionagem. É para onde "Não Tem Volta" se dirige também.

Como por aqui não temos a tradição em dar ênfase às divisões policiais de elite - começando a mudar um pouco agora, motivada por séries para streaming - como nos Estados Unidos, o filme segue outras organizações mais, digamos, estruturadas, como as que envolvem a criminalidade. Mas nada muito pesado. Muito pelo contrário.

Uma das melhores cenas do filme de César Rodrigues (o mesmo de "Minha Mãe é uma Peça 2" e os três longas derivados da série "Vai que Cola") é quando o protagonista Henrique - vivido por Rafael Infante - é recebido por um dos chefes dessa organização, apresentando-lhe um pedido pouco usual: ele encomenda a própria morte.

Rodrigues brinca com a expectativa de um local perigoso e de um bandido com jeito de metaleiro, na pele de Roberto Bontempo, que, na verdade, se revela uma pessoa compreensiva, escutando pacientemente as razões de Henrique para dar fim à vida. Deixa para um flashback em que ele revela a perda da mulher de sua vida (Manu Gavassi).

Uma das chaves para o sucesso de filmes assim é a química do casal central. E, justamente nessa sequência, que não deve levar mais do que dez minutos, a narrativa consegue tornar crível não só o amor que foi nutrido por eles no tempo que passaram juntos como também o pedido, bem a propósito de um personagem com alguns parafusos a menos.

Infante sempre entregou, por mais exagerado que fosse, esse tipo com algum sucesso - falastrão, espalhafatoso, carente, obsessivo e de fácil identificação. Para usar uma expressão americana, Henrique é um loser (adorável azarado). E, como não poderia deixar de ser, nesse momento capital de sua trajetória, a sorte sopra no momento mais errado.

Com o contrato de morte feito e irreversível (o "não tem volta" do título), acontece o pior (ou melhor, dependendo do ponto de  vista), quando a garota volta. As gags que ilustram a tentativa de cancelamento do contrato são funcionais, garantindo boas risadas pelo uso de mistério (Henrique não sabe quem o matará) e do absurdo (desfazer a própria morte).

O filme tem uma edição ágil, inserindo novos elementos (como a ação policial, que entra de vez na segunda metade) sem perder de vista o mote principal, não devendo nada aos congêneres importados em matéria de protagonistas que, após o acúmulo de tanta coisa errada, conseguem ainda exibir um ar tão frágil que é impossível não torcer por eles

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!