CINEOP

Depoimentos emocionantes marcam documentário sobre compositor Lô Borges

Exibição de 'Toda Essa Água' foi um dos pontos altos da programação da Mostra de Ouro de Cinema Preto

Por Paulo Henrique Silva
Publicado em 26 de junho de 2023 | 07:00
 
 
 
normal

“Toda Essa Água” é o título do documentário sobre Lô Borges, apresentado pela primeira vez ao público na noite de sábado (24), na Mostra de Cinema de Ouro Preto, na praça Tiradentes. É o nome de uma música do cantor e compositor mineiro e também busca expressar, na proposta do filme, o trabalho incessante do artista, que, aos 71 anos, não passa um dia sem criar um novo acorde.

Essa água caudalosa presente no documentário dirigido por Rodrigo de Oliveira jorra como uma cachoeira, brindando o espectador com um belíssimo cenário sobre um dos mais importantes movimentos musicais de Minas Gerais e do Brasil, com a criação do Clube da Esquina, no início da década de 1970. Nessa geografia particular, o filme se enriquece com seus “afluentes”.

São depoimentos emocionantes e únicos, que dão mais força à trajetória desse rio fílmico. Milton Nascimento surge cristalino, como nunca jamais esteve, não escondendo o seu sentimento de gratidão pelo amigo e companheiro de jornada. Eles lembram o primeiro encontro, nas escadarias do edifício Levy, no centro de Belo Horizonte, com a audição de uma música tocada por Bituca atraindo o pequeno Lô.

“Toda Essa Água” se multiplica nesses encontros, nessas esquinas, com toda a carga simbólica do cruzamento entre as ruas Paraisópolis e Divinópolis, no bairro de Santa Tereza, “sede” do Clube da Esquina. A não ser por uma placa, colocada anos mais tarde, não há nada lá a não ser uma esquina, mas que é preenchida no filme por sentimentos ricos de fraternidade, como numa grande história familiar.

Não é à toa que, numa das primeiras cenas do filme, aparece todo o clã Borges reunido numa sala, tocando e cantando juntos. Uma harmonia muito bem captada pela câmera de Oliveira, sempre muito amorosa, sem receio de soar muito melosa quando o protagonista exibe todo o seu afeto pelo filho Luca. Mais do que falar propriamente de música, “Toda Essa Água” refaz uma trajetória de emoções.

Esse fator explica as ausências de diversos integrantes do Clube, principalmente após Lô Borges dizer que não tem se encontrado mais com vários de seus parceiros. No lugar de entrevistas protocolares, que só serviriam a uma narrativa histórica, Oliveira deseja o presente, na força das ondas que irão bater nos pés de pessoas como o cantor, que revisita o passado para lhe dar força para encontrar o novo. 

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!