Cinema nacional

Dona Lurdes, da novela ‘Amor de Mãe’, ganha filme e pode virar série

Regina Casé volta a interpretar a personagem em comédia que estreia nesta quinta-feira (28)

Por Renato Lombardi
Publicado em 28 de março de 2024 | 07:00
 
 
 
normal

Vestido, óculos, a bolsa com uma sombrinha e uma toalha pequena sempre a tiracolo. Com esse figurino, e a brilhante atuação de Regina Casé, Dona Lurdes – uma das protagonistas da novela “Amor de Mãe” (2019), da Globo – se tornou uma das personagens mais marcantes da TV brasileira e da carreira da atriz. Passados quase três anos desde a exibição do último capítulo do folhetim, Regina volta dar vida a essa mãezona, que não poupa esforços para proteger os filhos, só que agora no cinema, com menos drama e mais humor, em “Dona Lurdes, o Filme”, que estreia nesta quinta-feira (28). 

“Ter a chance de ter reencontrado a Lurdes é uma maravilha, uma coisa que eu acho que é o sonho de todos os atores, principalmente quando o público também quer, quando o elenco também ama seu personagem e está com saudade dele; e também da autora, que não aguentou, escreveu um livro e depois o filme”, comemora Regina Casé. “O filme também vai mostrar outro aspecto da Dona Lurdes. Por mais que na novela você dê nuances, você vai ali numa canaleta. Agora, a gente vê outra Dona Lurdes, que muita gente jamais imaginou ver daquele jeito”, afirma a atriz, que frisa que a comédia dá o tom nesse novo projeto. 

Escrito por Manuela Dias, mesma autora da novela “Amor de Mãe” e de séries como “Justiça” 1 e 2, “Dona Lurdes, o Filme” traz a personagem que dá título à obra reassumindo o protagonismo de sua vida ao encarar a “síndrome do ninho vazio” – quando todos os filhos deixam de morar com ela. A partir daí, ela entra numa em uma jornada de redescoberta, principalmente do amor-próprio. “Quando acabou a novela, eu fiquei pensando em como Dona Lurdes teria ficado depois de ter encontrado o Domênico (filho da personagem que foi vendido pelo marido). Eu acabei escrevendo um livro, ‘O Diário da Dona Lurdes’. Depois veio o filme, que é um pouco do livro e também já supera o livro. Foi um reencontro superfeliz”, revela a autora. 

Para Manuela, o amor de mãe segue presente no longa-metragem. “Só que em um novo estágio de desafio, que é libertar os filhos e a mãe conseguir se amar de novo, amar aquela mulher e essa nova vida que vem”, explica. “Ser mãe consome muito, e, quando esses filhos vão embora, a mulher tem que se reinventar. Não à toa tem essa ‘síndrome do ninho vazio’, que é uma coisa com que as mulheres sofrem muito. Aparentemente é mais um desafio da maternidade liberar os filhos”, completa.  

Regina Casé concorda com a autora e cita que, em “Dona Lurdes, o Filme”, a personagem vivencia três tipos de amor que não foram explorados na novela. “Um é esse amor-próprio. Ela estava muito ocupada não em cuidar, mas em salvar a vida de todos os filhos; eram coisas tão épicas e trágicas: um dia uma tomava tiro, o outro era preso… Então a vida dela era em função dos filhos”, conta. “Outra coisa que ela não teve e que fez falta foi uma amiga de verdade. Ela acreditou muito na amizade da Thelma (Adriana Esteves) na novela, e vamos combinar que a Thelma não foi muito legal com ela, né?”, relembra a atriz, referindo-se à chegada, no filme, da nova vizinha, Zuleide (Arlete Salles) – uma mulher que vende brinquedos eróticos e que, depois de criar os filhos, só quer aproveitar a vida.  

O terceiro tipo de amor, de acordo com Regina, é o romântico, que acontece, também, com a entrada de um novo personagem na história: Mário Sérgio, vivido por Evandro Mesquita, por quem Dona Lurdes se apaixona. “Ao mesmo tempo, eles se ‘agarravam’, tinha tesão, o que é ótimo na batalha contra o etarismo, que acha que uma mulher da idade da Lurdes não pode ter tesão, não pode ter um namorado”, pontua a atriz.  

 

“Eu voltei com mais admiração ainda, com mais amor e mais fã da Dona Lurdes por ter criado todos esses filhos”, elogia Nanda Costa, que interpreta Érica, uma das filhas de Dona Lurdes. “É uma alegria vê-la retomando as rédeas da vida, se apaixonando, se divertindo, saindo”, conta a atriz, que também celebra o reencontro em cena com Chay Suede, Juliano Cazarré, Thiago Martins e Jéssica Ellen, que interpretam os outros filhos de Dona Lurdes na história.   

‘Dona Lurdes é um personagem de vida independente’ 

Manuela Dias afirma que, junto com a ideia de levar a história de Dona Lurdes para o cinema, veio uma preocupação: “Fazer um filme que, de alguma forma, matasse a saudade de quem viu a novela, de toda a família e, ao mesmo tempo, fosse um filme que sobrevivesse para quem não viu a novela, para poder assisti-lo também como uma obra fechada”. Segundo a autora de “Dona Lurdes, o Filme”, o longa não deve ser encarado como uma despedida definitiva da personagem que “nasceu” em “Amor de Mãe”. 

“Quando a novela acabou, eu e Regina conversamos muito, e parecia muito natural que a Dona Lurdes virasse quase uma ‘A Grande Família da Dona Lurdes’, um seriado. Só que isso aconteceu quando a gente estava em plena pandemia”, comenta Manuela, que relembra o fato de Dona Lurdes ter feito até uma campanha publicitária. “Para mim, o filme é muito mais o piloto de uma série do que um exorcismo”, comenta ela, referindo-se ao fato de a novela ter sido interrompida e reduzida por causa da pandemia de Covid-19, em 2020.  

“Eu acho que a Dona Lurdes é um personagem de vida independente; ela ganhou vida própria. Dona Lurdes pode virar o que ela quiser: pode virar outro filme, pode virar um seriado… ela pode virar um podcast. Já imaginou a Dona Lurdes como conselheira podcaster?”, sinaliza a autora, levantando muitas possibilidades, mas sem dar pistas de quais serão os próximos passos de Dona Lurdes.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!