Apresentação

Elba Ramalho volta aos palcos em BH trazendo na mala bastante saudade

A cantora, que completou 70 anos, dos quais 40 em cima dos palcos, 'volta para casa' após a quarentena; leia a entrevista concedida a O TEMPO

Por Lucas Negrisoli
Publicado em 22 de setembro de 2021 | 16:55
 
 
 
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Após meses longe dos palcos devido à pandemia de Covid-19, Elba Ramalho está voltando para “casa”. Com uma série de shows, a cantora, compositora e instrumentista, símbolo da música popular brasileira, comemora 40 anos de carreira e 70 de vida. Em Belo Horizonte, a apresentação, em formato híbrido, ocorrerá nesta sexta-feira (24), na “Mostra Cine Brasil de Teatro e Música”, e terá público reduzido e transmissão simultânea ao vivo.

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A expectativa, conta Elba, é a melhor possível. “Estou saindo de uma casa para voltar para outra. O palco é o espaço mais democrático, onde posso exercer minha liberdade, cantar, me expressar. Me sinto muito confortável. Acontece de uma forma muito bonita. Passei a minha vida toda nele (no palco), e tem algumas cidades com que a gente se afina musicalmente por ter amigos, e tenho isso com Minas Gerais, Belo Horizonte”, diz.

O repertório preparado será uma viagem aos 40 anos de carreira, com “o que as pessoas querem ouvir” dos sucessos da cantora, além de novidades gravadas durante a quarentena.

“Gostoso Demais”, “Aconchego”, “Dia Branco”, “Chão de Giz”, “Bate Coração”, “Sabiá”, “Banho de Cheiro”, “Frevo” e “Mulher”, diz a assessoria de imprensa da artista, não faltarão.

“Vamos fazer o melhor que a gente pode, que é semear alegria nos corações. A música é uma mola propulsora para que isso aconteça”, acrescenta. 

“(A apresentação) vai ser uma cura. A música tem esse poder divino, de transcender as dimensões. Em Belo Horizonte, vai ser isso – cura d’alma, cura do corpo, depois de um período tão difícil”, conclui Elba, que bateu um papo com o O TEMPO

Como é voltar aos palcos com 70 anos, dos quais 40 de carreira, após o afastamento? 

A maior parte do meu tempo de vida foi no palco. Minha história de vida é uma história relacionada à arte. Desde cedo, desde criança. Não saberia fazer outra coisa. Não tenho nenhuma habilidade que não seja música. Minha postura de vida não mudou, continua alegre, serena, de construir coisas edificantes.

Aprendi as lições que esta pandemia nos ofereceu. Se umas portas se fecharam, outras se abriram. Minha neta nasceu, pude conviver com minhas filhas, meus filhos, em casa. Me aproximar de forma mais presente, coisa que não tinha conseguido fazer em 40 anos de carreira. Crescemos nesse momento.

Você fala do palco como se estivesse voltando para casa, não saindo. É essa sua relação com ele?

Estou saindo de uma casa para voltar para a outra. O palco é o espaço mais democrático, onde posso exercer minha liberdade, cantar, me expressar. Me sinto muito confortável. Acontece de uma forma muito bonita. Passei a minha vida toda nele.  

Sobre política, você sempre se posicionou como alguém que não gosta do assunto, mas... (corta) 

Não gosto. E, se perguntar alguma coisa, vou ficar sem lhe responder. É um assunto que não me traz conforto. Não é a política da minha infância, da minha adolescência. Há uma polarização grande, qualquer opinião pode te jogar num caldeirão fervendo, e não quero participar disso.

Prefiro me envolver com a arte, com a família, com o social, olhar para essa sociedade com a caridade que sempre faço, fazendo minhas obras. Minha forma de fazer política é essa.

Criações e entendimentos, e tentar explicar de um lado, outro lado, terceiro lado, quarto lado, não. Por enquanto, fico no mundo olhando o que está acontecendo, na política do amor. 

Em relação à internet, seu nome apareceu durante alguns momentos recentemente, quando pessoas que alugaram uma casa sua em Trancoso fizeram uma festa irregular, com posicionamentos sobre a pandemia. Como se relaciona com isso? 

Tudo pode estar por um segundo para muitas pessoas. Hoje, no mundo virtual, é muito urgente. Tudo acontece em um dia, dois. Não sabia da festa, não tive responsabilidade nenhuma. A violação foi deles, eles assumiram. Mesmo assim, fiquei na roda de foco. Existe uma coisa chamada “hater” hoje, os robozinhos do mal. É um mundo virtual que não conheço tanto quanto as novas gerações, e não espero muitas coisas dele.

Mas não quero mais passar por esse tipo de situação. Você sendo culpado ou inocente, é muito constrangedor. Quando você entra no olho do furacão, até sair, tem que passar por muitos tormentos. E as pessoas ficam te olhando, te investigando. Esperando você dizer alguma coisa. Se você diz “sim”, é julgado. Diz “não”, é julgado. Então, é melhor ficar omisso mesmo. Por mim, sairia de tudo.

Como você entende os 70 anos recém-completados e os 40 de carreira? 

Olhando para minha infância na Paraíba, para a vida que eu tinha, acho que eu sou muito guerreira. Empreendi uma luta muito particular. Fui buscar meus sonhos. Olho para esse passado, para aquela Elba, e vejo que existia muita imaturidade, mas existia muita coragem. Muita verdade. E isso sobreviveu, até hoje.

O que eu vejo é que construí muitas coisas. O mais legal de tudo é a família, os filhos que tenho e de não ter feito nada nocivo para a humanidade. Poder olhar para o alto e receber essa luz que vem do alto. Eu sou uma pessoa humilde, apesar de ter tido momentos de glória, sucesso. Nem parece, mas são 70 anos de vida.  

Serviço 

Show de Elba Ramalho 

Sexta (24), às 21h, no Cine Theatro Brasil Vallourec (rua dos Carijós, 258, centro, BH).   

Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia) 

Transmissão online: Link de acesso será enviado por e-mail, após aquisição do ingresso 

Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia) 

Vendas: cinetheatrobrasil.com.br ou na bilheteria do teatro (av. Amazonas, 315, centro, BH) Informações: (31) 3201-5211

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