Encontro Minas na MPB chega à 16ª edição prestigiando a diversidade

Dona Jandira mandou na lata: “Zé Teixeira, porque você nunca me convidou pra participar do seu projeto?”. O idealizador do Encontro Minas na MPB, que chega à sua 16ª edição, relembra o caso aos risos. Na ocasião, ele respondeu que o foco eram os compositores, o que não sossegou a cantora alagoana, que, referência da música mineira há décadas, colocou a mão no queixo, explicitando seu descontentamento com a justificativa pouco convincente do interlocutor. 

Mais tarde, refletindo melhor sobre o assunto, Zé Teixeira consentiu e passou a oferecer “uma janela para os intérpretes”, que, neste ano, será representada pela Orquestra Escola Criarte e por Adriano Fernandes, nesta quarta (24) e quinta (25), quando dez compositores também encaram o público, sendo eles Victor Biglione, Juliano Rosa, banda Conecto, Clara Radicchi, Amon Siqueira, Lucinho Cruz, Quincas da Viola, Duo Dama Triz, Marinho San e 2 Degraus. 

Embora privilegie a produção local, o festival tornou-se um caldeirão de diversidade, pelo qual passaram artistas iniciantes e consagrados, como Toninho Horta, Fernando Brant, Saulo Laranjeira, Paulinho Pedra Azul, Patrícia Ahmaral, Geraldo Vianna, Waldir Silva, Selmma Carvalho, Célio Balona, Pereira da Viola, Chico Lobo, e mais uma infinidade. “A seleção para o primeiro festival foi meio aleatória, mas, depois, adotamos critérios que nos acompanham até hoje”, admite Zé Teixeira, que destaca a presença da moda de viola e da valorização da produção feminina como premissas irrevogáveis.

Mosaico musical vai do samba ao instrumental 

Assim, samba, pop rock, música instrumental, choro, reggae, MPB, e outros gêneros, convivem harmoniosamente, construindo um mosaico de experiências que privilegia o público de ouvidos abertos tanto para o novo quanto para o durável. Outra regra é não repetir ninguém que já tenha participado de edições anteriores, abrindo continuamente as portas para convidados diferentes. “Nossa produção musical é muito dinâmica, viva, tem gente talentosa surgindo o tempo todo”, exalta Zé Teixeira. 

Tanto é verdade que cantoras hoje reconhecidas como Cecília Barreto, Carla Gomes – que atualmente atende pela alcunha de Carla Muzag – e Amanda Prates estrearam como compositoras no festival. “Essas pessoas conseguiram gravar discos e dar prosseguimento às suas trajetórias na música”, orgulha-se Zé Teixeira, ele mesmo um compositor, que, desiludido com o formato dos festivais, decidiu criar um para chamar de seu e o oferecer ao entorno. “Salvo exceções, o tratamento que a gente recebia nos festivais não era o adequado, faltava ajuda de custo para deslocamento, alimentação, hospedagem, entre outras questões. Senti na pele essa dificuldade”, conta.

Determinado a proporcionar “condições dignas e de igualdade”, Zé Teixeira aprovou sua ideia em uma lei estadual de incentivo à cultura e colocou de pé esse “sonho que se sonha junto”, feito, sobretudo, para ser compartilhado com a comunidade, como explicita o slogan “Cultura e Solidariedade: Um Encontro Perfeito”. “Conseguimos estimular talentos que vão de BH ao Vale do Jequitinhonha nessa caminhada, e, o mais importante, nos conectar com instituições que prestam serviços de suma importância para a sociedade, como redes hospitalares especializadas em doenças raras. É muito gratificante”, conclui Zé Teixeira. 

Serviço. 

O quê. 16ª edição do Encontro Minas na MPB

Quando. Nesta quarta (24) e quinta (25), às 20h

Onde. Teatro Sesiminas (rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia)

Quanto. Gratuito, mediante retirada de ingresso pelo www.sympla.com.br e doação de 1 kg de alimento não perecível