A produção nacional ocupa mais da metade das salas de cinema do país, com destaque para as cinebiografias “Mamonas Assassinas” e “Minha irmã e eu”. Embora celebrem tal feito, exibidores defendem que a cota de tela, em seu formato atual, não é suficiente para estimular o cinema nacional.
Quem for às salas de cinema nesta última semana de 2023 terá a chance de assistir a filmes brasileiros. Do total de produções em cartaz no país, 62% são nacionais. Entre os lançamentos mais esperados estão as cinebiografias “Mamonas Assassinas”, que conta a trajetória da banda que marcou os anos 90, e a comédia “Minha irmã e eu”, que narra a relação entre as irmãs Mirian e Mirelly, vividas por Ingrid Guimarães e Tatá Werneck, respectivamente.
Segundo Lucio Otoni, presidente da Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas (FENEEC), essa é uma oportunidade de mostrar o apoio do setor ao cinema nacional, sem a necessidade da cota de tela, que determina um número mínimo de sessões para filmes brasileiros. “Nosso maior interesse é que os filmes performem bem e sejam do agrado do público. O que precisamos é de filmes com apelo comercial, que possam competir com os estrangeiros”, afirma por meio de nota.
Vale dizer que o fim do ano é considerado um período favorável para as comédias brasileiras, que costumam atrair um grande público nessa época – caso da franquia “Minha Mãe é uma Peça”, estrelada por Paulo Gustavo, e da recente cinebiografia “Mussum: o filmis”, que retrata a vida do humorista e sambista Antônio Carlos Bernardes Gomes, interpretado na produção por Aílton Graça.
No entanto, apesar da presença expressiva dos filmes nacionais nas salas de cinema, o share nacional, que mede a participação de mercado, ainda é baixo. Em 2023, 13% de todas as sessões exibidas nos cinemas do Brasil foram de filmes nacionais. Já o share nacional está perto de 2%.
Para Marcos Barros, presidente da Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (ABRAPLEX), é preciso discutir formas de elevar o patamar do cinema nacional, envolvendo os três pilares da indústria: distribuidores, produtores e exibidores.
“A grande participação dos filmes brasileiros nesta semana é prova de que podemos, sim, alavancar a produção nacional. Porém, não há qualquer evidência de que a Cota de Tela, da forma que foi aprovada, será eficaz para isso. Para ser um verdadeiro estímulo ao cinema nacional, a Cota deveria estar acompanhada de uma política mais ampla e que envolvesse mecanismos de fomento e incentivo a todos os participantes da indústria e não ser, como nos 20 anos em que ficou em vigor, apenas uma contribuição compulsória do exibidor”, argumenta em um documento enviado à imprensa.