Literatura

Fliaraxá começa nesta quarta (19) e segue com programação até domingo (23)

Em sua oitava edição, o Festival Literário de Araxá (Fliaraxá) reforça o foco na literatura de língua portuguesa, homenageando Machado de Assis e Valter Hugo Mãe

Por Carlos Andrei Siquara
Publicado em 19 de junho de 2019 | 11:17
 
 
 
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Em sua oitava edição, o Festival Literário de Araxá (Fliaraxá) reforça uma de suas marcas: ser um evento dedicado à literatura produzida em língua portuguesa e, mais especificamente, no Brasil. Com abertura nesta quarta-feira (19) e programação até este domingo (23), no Tauá Grande Hotel Termas de Araxá, o evento deixa clara essa vocação a partir de duas importantes homenagens.

A primeira será ao mestre Machado de Assis (1839-1908), em razão dos 180 anos de seu nascimento, a serem celebrados no dia 29 de setembro. O autor de “Dom Casmurro” será o patrono da Fliaraxá e terá uma mesa especial, nesta sexta-feira (21), centrada em sua obra com leituras de textos feitas pelo ator Thiago Lacerda.

Desse encontro, também vão participar os escritores Marco Lucchesi – que é o atual presidente da Academia Brasileira de Letras –, Antonio Carlos Secchin, Antônio Torres, Zuenir Ventura e Ignácio de Loyola Brandão. O outro nome destacado, neste ano, será o do português Valter Hugo Mãe, que, ao lado de Machado de Assis, também será reverenciado. 

No sábado (22), Mãe vai dialogar com o curador Afonso Borges e terá fragmentos de sua ficção também lidos por Lacerda. Borges pontua que a presença do autor português dá sequência à valorização das aproximações entre a literatura brasileira e a de outros países, cujos autores escrevem em língua portuguesa.

“No ano passado, por exemplo, nós homenageamos (o moçambicano) Mia Couto, então nós continuamos com essa perspectiva de criarmos alguns diálogos. O Valter Hugo Mãe se relaciona muito bem com o Brasil, tem um amor muito grande pelo país, mas em 2018 ele não tinha agenda para participar do evento, vindo apenas nas atividades da pré-Fliaraxá. Por isso, tivemos a ideia de o convidarmos novamente agora”, diz Borges.

Todos os encontros vão gravitar em torno do tema “Literatura, leitura e imaginação”, com recortes voltados tanto para o público adulto quanto para o infantojuvenil. Enquanto Luiz Ruffato, Conceição Evaristo e Marina Colasanti vão oferecer ao primeiro grupo oportunidades de debates ligados à escrita literária e ao mercado editorial, Pedro Bandeira, Leo Cunha e Ala Mitchell, que possui trabalhos em parceria com Mauricio de Sousa, vão se integrar ao eixo de ações destinadas às crianças. 

Uma mudança em relação ao formato do ano passado é que todos os debates agora vão acontecer no Cine Teatro Tiradentes, localizado no Grande Hotel, e a livraria antes instalada no espaço externo também será remontada no Salão Minas Gerais. 

“A livraria saiu da parte externa, que ficava junto à gastronomia, e foi para dentro do Grande Hotel. Isso tem um significado simbólico muito importante. Nós estamos dando um peso, um valor e um conceito, da maneira que, de fato, os debates e os livros merecem”, completa Borges.

Sob o signo de Machado

Ao escolher Machado de Assis como patrono da Fliaraxá neste ano, o curador sublinha que conseguiu com isso amarrar diversas perspectivas relacionadas à escrita, além de contemplar uma variedade de segmentos.

“A programação vai reunir discussões ligadas à poesia, ao romance, entre outros gêneros. Vale lembrar que Machado de Assis não só foi romancista, como também poeta, jornalista e cronista. Ele é um autor clássico, extremamente moderno, e acho que, se ele estivesse vivo hoje, certamente, estaria conectado às redes sociais e produzindo grandes reportagens”, comenta Borges.

Para Marco Lucchesi, o escritor homenageado é, sobretudo, uma referência intransponível da literatura brasileira e que permanece nutrindo a escrita de outros autores – grupo do qual ele mesmo faz parte.

“É como se a literatura brasileira, passando por gerações diferentes, compartilhassem um mesmo DNA, e esse DNA é Machado de Assis. Não são poucas as revisitações à obra dele. Eu mesmo escrevi ‘O Dom do Crime’ (2010), que é uma história que se passa durante o Brasil Império, no mesmo período em que viveu Machado de Assis. Meus personagens têm muito a ver com Bentinho e Capitu (de ‘Dom Casmurro’), e acho que esse é um exemplo particular, entre vários outros”, exemplifica Lucchesi. 

“Há muitas outras releituras, e isso não para de crescer, porque Machado é um autor que se projeta para o futuro”, conclui o presidente da ABL.

Saiba mais

A programação do evento é gratuita e pode ser conferida clicando neste site.

Além do bate-papo  com escritores, atrações como Aline Calixto e o Quarteto Tiago Martins, entre outros, são aguardados.

 

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