Música

Frejat apresenta nova turnê intimista no palco do Palácio das Artes

Ao lado do filho Rafael Frejat e do guitarrista Maurício Almeida, cantor e compositor mostra em BH o show 'Frejat Trio', que acontece nesta quinta (1), a partir das 21h

Por O Tempo Diversão
Publicado em 28 de novembro de 2022 | 15:38
 
 
 
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Um dos principais nomes do rock Brasil de todos os tempos, o cantor e compositor Frejat chega à capital mineira com seu mais novo projeto musical, "Frejat Trio", que desembarca nesta quinta-feira (1º de dezembro), às 21h, no palco do Grande Teatro do Palácio das Artes, no centro da cidade.

Em formato intimista, o repertório do show – que traz o músico ao lado do filho Rafael Frejat e do guitarrista Maurício Almeida –, passeia por grandes sucessos da carreira de Frejat com o Barão Vermelho, como "Bete Balanço", "Por Você" e "Puro Êxtase", assim como canções de sua carreira solo, todos com um arranjo único e inédito.

Em entrevista ao Jornal O TEMPO, o guitarrista falou um pouco sobre sua rica trajetória na música, da alegria de estar de voltar à estrada e da dor de ter perdido o ídolo e grande amigo, Erasmo Carlos.

Confira abaixo o bate-papo na íntegra.

Você está chegando a BH com o “Frejat Trio” , seu novo projeto musical. Como é poder estar de volta à estrada?

Estou muito contente de poder chegar em Belo Horizonte com essa turnê, que a gente está só começando a mostrar Brasil afora. Já fizemos shows em algumas cidades e foi muito bacana. Dessa vez somos só três pessoas no palco, em um modelo mais intimista, com algumas coisas mais acústicas, outras mais elétricas, mas basicamente fazendo uma visão ampla do meu repertório a partir de novos arranjos.

Como surgiu a ideia desse show?

Antes da pandemia eu vinha fazendo apresentações sozinho só com voz e violão que eram meio que um complemento dos shows que apresento com a minha banda, que é cheio de sucessos, bem para cima, com músicas para dançar e que funciona em qualquer lugar, quer seja numa praça pública ou numa casa de espetáculos.

Então eu decidi que era a hora de trazer um show só na voz e violão, bem delicado, intimista – para abrir mais um espaço para o meu trabalho de compositor.

Tudo tomou forma com as lives que fiz durante o isolamento social. Eu estava preso em casa com o meu filho, que é um músico de primeira, e convidei-o para tocar comigo nas lives. Tocar com ele foi muito prazeroso e eu adorei poder tê-lo comigo criando arranjos para as minhas músicas. Foi algo muito bacana perceber como ele amadureceu como músico profissional.

Ent!ao, quando as coisas se normalizaram depois da pandemia, eu pensei em chamar ele e outro músico para montarmos um show com um repertório forte, não só com sucessos, mas fazendo uma revisão da minha obra em cima de arranjos novos, mas também tocando coisas mais recentes que eu nunca gravei. Fiquei muito contente com o resultado e decidi apostar nessa fórmula surpreendente.

Nesse trio você está acompanhado de músicos mais jovens. Como é a sua relação com a nova geração que é fã do seu trabalho?

Sou um artista que tem esse privilégio de ter atravessado gerações. Tenho essa sorte de ter um público de várias idades e, curiosamente, essa rapaziada mais jovem que aparece, chegou até mim através dos pais, dos avós, ou por estarem interessados em diferentes aspectos da música brasileira. É uma alegria ver essa galera jovem se inteirando da história da música brasileira, que é fortíssima, e da qual eu faço parte já há 40 anos.

Como foi montar o repertório desse show? O que ele traz de novo sobre o seu trabalho?

Acho que o  grande passo à frente dessa formação com três músicos é que ele permite arranjos mais elaborados das canções. Isso me dá condições de criar introduções e até mesmo algumas texturas que são muito mais ricas do que eu seria capaz de fazer sozinho no palco somente com violão e voz.

No show, por exemplo, eu toco violão e guitarra, o meu filho toca violão de seis e doze cordas além de piano, e o Maurício toca guitarra, violão e baixo. Assim, a gente acaba tendo uma variação de instrumentação muito grande que enriquece a apresentação, e também nos permite abordar um repertório bastante extenso, que vai desde coisas do primeiro disco do Barão Vermelho de 1982, como 'Bilhetinho Azul' e 'Todo Amor Que Houver Nessa Vida', até coisas mais recentes do meu último álbum, 'Ao Redor do Precipício', que eu lancei exatamente na semana em que a pandemia estava começando.

Tem ainda grandes sucessos do Barão, como 'Bete Balanço', 'Por Você', 'Puro Êxtase', além de algumas parcerias minhas com o Cazuza, como 'Malandragem', que foi gravada pela Cássia Eller. Então, esse show me dá possibilidades de conseguir explorar vários lugares musicais diferentes. Isso é muito legal.

O título do seu último disco, "Ao Redor do Precipício", é bem oportuno para o que vivemos atualmente. Isso foi proposital?

Bem profético, né? Risos. E o pior que eu fui profético exatamente na semana em que a pandemia começou. Na verdade, o título, se refere ao fato de que todo dia quando eu acordava e lia o jornal, eu me via numa linha entre dois abismos: um, que era diretamente ligado à essa barbárie que vivemos hoje em dia, cheia de gente agressiva, com ódio no coração e capazes de coisas horríveis. Já o outro lado, era essa coisa tão maravilhosa que a humanidade tem de criar, construir, inventar, transmitir e realizar quando se empenha com boa vontade.

Então acho que o título estava ligado a tudo isso, a essa sensação de estarmos sempre vivendo entre essas duas coisas radicais: a beleza e o inferno que nós mesmos criamos de tudo ao nosso redor.

Como está sendo esse reencontro com o público após dois anos longe do palco? Que tipo de recepção tem recebido dos fãs?

Acho que as pessoas estavam muito carentes desse contato com a música. Isso é uma prova clara de como a arte preenche nossas vidas de uma forma que nem imaginamos. Por tudo isso, o mundo inteiro estava com saudade dos livros, dos filmes, dos shows, do encontro com os amigos para celebrar esses momentos. Essa euforia de estar de volta nas ruas, curtindo e aproveitando a vida juntos fez muita falta.

Nós artistas, no geral, estávamos sentindo muita falta disso. Eu, particularmente, gosto muito do palco, de tocar ao vivo, e estava estava precisando voltar para a estrada. Para mim, o público é o que faz a grande diferença entre uma noite e outra. Sou uma pessoa muito constante na maneira como faço meus espetáculos e dependo muito da reação da plateia para me alimentar e estimular.

Recentemente perdemos o Erasmo Carlos, um dos grandes nomes da música brasileira. Você era muito amigo dele. Que memórias especiais guarda dos tempos com ele?

O Erasmo era alguém muito especial para mim porque, além de toda representatividade que teve da música brasileira – seja na colaboração com o Roberto Carlos ou na importância dele dentro do rock nacional –, eu fui parceiro do Erasmo e a gente tinha uma relação de amizade que era extremamente carinhosa. Ele era alguém muito especial. Um cara muito generoso, carinhoso, bem humorado, inteligentíssimo, e dono de uma simplicidade única. A morte dele foi um choque para mim, uma cacetada, uma porrada muito grande.

Acho que o que a gente pode fazer para aliviar essa dor de ter perdido o Erasmo é seguir homenageando a vida e a obra dele – essa figura querida, especial e leve que merece melhores e maiores celebrações.

Voltando ao show em BH, o que podemos esperar deste espetáculo?

Estou muito feliz de voltar aqui porque acho o Palácio das Artes o lugar perfeito para esse esse show, que é justamente feito para teatro, para que as pessoas possam ouvir, curtir, cantar e se emocionar.

Vamos trazer canções bem representativas do meu repertório e mostrá-las com um tratamento musical diferente e interessante. Tudo é resultado do trabalho do Rafael Frejat e do Maurício Almeida, que foram fundamentais na elaboração do espetáculo. Minha participação no show é somente como cantor, instrumentista e compositor, mas a direção musical é muito dos dois. Sou muito grato a eles pelo carinho e dedicação que tiveram para montar o repertório. Tenho certeza de que quem for assistir vai curtir muito.

Além do Frejat Trio, em quais outros você está envolvido no momento?

Eu também estou fazendo shows com minha banda e vamos voltar em breve a promover o álbum 'Ao Redor do Precipício'.  Eu também tenho um projeto de blues brasileiro que está praticamente formatado e só aguardando financiamento para se realizar. É um show que está na minha cabeça pronto, com repertório e até com a banda pensada. Agora só resta viabilizá-lo logística e economicamente para que se torne realidade. Espero que ele aconteça muito em breve.

Serviço

O quê: Show "Frejat Trio"

Quando: Nesta quinta (1º de dezembro)

Onde: No Grande Teatro do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1537 – centro)

Quanto: Ingressos custam entre R$ 60 e R$ 240 e podem ser adquiridos pela plataforma Eventim ou diretamente nas bilheterias do Palácio das Artes

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