Música

Gilberto Gil e família encantam o público de BH com o show 'Nós, a gente'

Espetáculo emocionou o Parque Ecológico da Pampulha na abertura do Festival Sensacional nessa sexta-feira (23)

Por Alex Bessas
Publicado em 24 de junho de 2023 | 13:03
 
 
 
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Em um espetáculo repleto de homenagens – seja a Gilberto Gil, que completará 81 anos na próxima segunda-feira (26) e recebeu do público um sonoro "parabéns para você", ou a Preta Gil, que está enfrentando um tratamento para um tumor no intestino e uma separação, sendo ovacionada desde o momento em que subiu ao palco –, o show "Nós, a gente", que reuniu a talentosa família Gil na noite de abertura do Festival Sensacional!, nesta sexta-feira (23), reservou momentos especiais para prestar homenagens a outros grandes nomes da música brasileira.

Além de Gil, o espetáculo contou com a participação do filho Bem e do trio Francisco, João e José, que formam os Gilsons e empolgaram o público com a canção "Várias Queixas". Nos vocais, as filhas Nara e Preta e a neta Flor, acompanhadas da nora Mariá Pinkusfeld, formam um quarteto vocal – as três primeiras ainda se apresentam separadamente, em momentos de destaque, ao lado do patriarca da família. Bela Gil, também filha do músico, participa do espetáculo com uma performance de dança.

Nesse palco cheio, com a presença de 12 membros da família Gil, o espetáculo de tom celebrativo foi conduzido com primor e evidente afetividade. Não à toa, o show começa com as vibrantes músicas "Barato Total", "Serafim" e "Avisa Lá", esta última do Olodum. Em seguida, temos "Babá Alapalá" e "Garota de Ipanema", com a participação de Flor Gil.

Vale ressaltar ainda que, desde o início até o fim da apresentação, foram frequentes as demonstrações de carinho entre pai e filhos, avô e netos e entre irmãos. Tanta fruição de afetos resultou em homenagens dedicadas também a outros grandes nomes da música brasileira que tinham proximidade com a família Gil.

Gal Costa, que faleceu em novembro de 2022, por exemplo, foi lembrada com a interpretação de "Esotérico", música que faz parte do repertório dos Doces Bárbaros, grupo formado por ela, Gil, Caetano Veloso e Maria Bethânia nos anos 70. A música, que historicamente embala os carnavais de Belo Horizonte, foi entoada com entusiasmo pelos fãs presentes no Parque Ecológico da Pampulha, em uma noite fria que desafiou os instrumentos – como brincou Gil ao falar sobre o clima do local.

Já Rita Lee, que faleceu no mês passado, recebeu homenagens com "De Leve", uma versão de "Get Back", dos Beatles, que Gil e ela apresentaram juntos no show "Refestança" em 1977. "É uma música que ela gostava muito de cantar comigo", confidenciou o artista. Em seguida, foi a vez do clássico "Ovelha Negra", entoado principalmente pelas mulheres da banda – no momento da apresentação, Preta Gil não estava no palco, ficando os vocais a cargo do competente trio formado por Nara, Flor e Mariá Pinkusfeld. A composição, quase considerada um hino pelos fãs da rainha do rock nacional, foi cantada a plenos pulmões por um público cada vez mais envolvido com o espetáculo.

O icônico João Gilberto – que morreu em 2019, sendo reconhecido por ter revolucionado a música brasileira ao criar uma nova batida de violão para tocar samba, a "bossa nova" – também foi homenageado por Gil e Bento, seu neto, que fizeram uma versão de "O Pato", do disco "Chega de Saudade", de 1959.

Instantes depois, Preta Gil assumiu os vocais. Após cantar "Sinais de Fogo", gravada por ela em 2003, a cantora voltou a homenagear Gal. "Essa eu dedico à minha madrinha", anunciou orgulhosa antes de interpretar a música "Vá Se Benzer", que ela gravou com Gal em 2017, no álbum "Todas as Cores". 

Foi nesse momento, aproveitando o refrão "Eu sou eu, diz aí quem é você", que Preta fez um discurso poderoso, recebido com aplausos efusivos da plateia. "Eu sou preta, eu sou gorda, eu sou bissexual. Estou enfrentando um câncer. Estou solteira. E eu sou filha do imortal Gilberto Gil", declarou ela, convidando as pessoas que assistiam ao show a também se identificarem no microfone.

Ao retomar a palavra, Gilberto Gil estava visivelmente emocionado ao expressar o orgulho que sentia pela filha, que, por sua vez, também se emocionou com as palavras do pai e com os gritos de "Preta, eu te amo" vindos do público.

O show da turnê "Nós, a gente" foi encerrado às 22h, após quase duas horas ininterruptas de apresentação. Não porque o público não queria mais – aliás, Gil também parecia querer, pedindo desculpas por ter que finalizar o espetáculo em respeito aos vizinhos do Parque Ecológico da Pampulha. Ele então fechou a noite com "Toda Menina Baiana", sendo acompanhado pela própria família e por tantas outras famílias presentes, demonstrando que o artista, um verdadeiro ícone cultural, possui um legado que transcende gerações e fronteiras.

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