Entrevista

Henrique Portugal lança single e comenta fim do Skank: 'Novas perspectivas'

Músico explora lado cantor e letrista em carreira solo e fala, com orgulho, sobre a turnê de despedida da banda

Por Bruno Mateus
Publicado em 12 de novembro de 2021 | 00:48
 
 
 

Em novembro de 2019, o Skank anunciou a separação da banda e uma turnê de despedida no ano seguinte. Os integrantes foram em busca de novos projetos pessoais. Naquela ocasião, em uma nota do grupo encaminhada à imprensa, o tecladista Henrique Portugal disse: “Pode ser extremamente saudável nos reinventarmos, tentarmos coisas diferentes, ter esse espaço para liberdade criativa”. Dois anos se passaram e muita coisa aconteceu, inclusive uma pandemia, que deixou – e ainda deixa – o setor da cultura imobilizado, embora a retomada esteja ocorrendo gradativamente em muitas cidades.  

Porém, foi justamente no período de isolamento, quarentena e incertezas quanto ao futuro que Henrique Portugal colocou suas ideias em ordem. O resultado dessa nova fase começa a vir a público agora, com o lançamento do single “Impossível”, composição com o parceiro de longa data Gustavo Drummond, que integrou as bandas Diesel e Udora e atualmente está à frente da Oceania. Com levada de balada pop e um tom orquestral no refrão, a faixa, que chegou ao YouTube também em lyric video, traduz as perspectivas do músico com relação ao que virá.

Henrique cita os versos “E quando o sol aparecer/ O que é impossível/ Deixa de ser” como símbolos de um otimismo que o acompanha desde sempre: “Sempre enxerguei o copo meio cheio e vou continuar assim. Se a gente colocar mais peso nas coisas, a vida fica muito difícil e, no fundo, eu acho a vida muito boa”.  

“Impossível” vai ganhar, nas próximas semanas, versão piano e voz e videoclipe e é uma das faixas que formarão o EP, ainda sem nome, que Henrique Portugal lança pela BMG provavelmente em dezembro de 2022. Até lá, outras canções serão apresentadas paulatinamente e trarão parcerias com Zélia Duncan – a quem Henrique agora só chama de “prima”, pois descobriram, em conversas por telefone, que de fato são primos distantes –, Mauro Santa Cecília e Leoni, com quem o tecladista lançou, em março, “Razão Pra Te Amar”. Ao todo, nove faixas, todas compostas durante a pandemia, devem aparecer no álbum, marcado pelo pop e por misturas brasileiras.

Embora Henrique já tivesse colocado voz no single com Leoni, em “Impossível” é a primeira vez que ele assume sozinho os vocais, desafio que causa satisfação pela mudança e por permitir a ele atuar em novas frentes e linguagens artísticas. “O instrumento te protege, mas quando você é a voz principal o instrumento é seu corpo, e ele tem que estar bem. Muda a preparação, o jeito de pensar a música. Enxergar a música de uma forma diferente, sob novas perspectivas, é muito legal”, comenta.

Além do Henrique cantor, o álbum também vai dar protagonismo ao piano do mineiro, cuja inspiração vai de Elton John e Stevie Wonder a César Camargo Mariano, Guilherme Arantes, Ivan Lins e João Donato. Para o músico, outro nome ocupa lugar fundamental nessa seleção: “Quando eu falo de brasilidade é trazer essa história do suingue brasileiro no piano, e o Sérgio Mendes tem essa assinatura”.

Com a dissolução do Skank, Henrique Portugal pôde, enfim, dar vazão à produção que se desenhava em sua cabeça. Leveza é palavra de ordem – e liberdade para poder criar. Na semana passada, por exemplo, Henrique compôs com Marcelo Tofani, ex-Rosa Neon e nome da novíssima geração do pop brasileiro. 

Tudo começou com um almoço no Bolão, no emblemático bairro de Santa Tereza, em BH. “Sentamos na praça, o Marcelo estava com o violão. Conversamos sobre uma ideia, e metade da música saiu ali mesmo. É esse tipo de coisa que eu quero fazer. Tenho que devolver para a música uma parte do que ela já me deu”, conta o músico.  

Em trabalhos como produtor e tecladista, Henrique Portugal, em paralelo ao Skank, já havia trabalhado com Gilberto Gil, Herbert Vianna, Frejat, Erasmo Carlos, Lenine, Zeca Baleiro e Sepultura. Agora, o lance é diferente, e ele está inteiramente concentrado em experimentar seu lado cantor e letrista. Parcerias, claro, são sempre bem-vindas, inclusive com artistas independentes, com os quais Henrique sempre se envolveu por ter comandado o “Frente”, programa que foi transmitido pelas rádios UOL, Oi e Globo.

“Vou fazer música com pessoas que sempre gostei e admirei, artistas de diferentes gerações. A agenda do Skank não me permitia isso. Estou realizando sonhos que eram difíceis estando dentro de uma banda que demandava muito tempo”, diz, para completar em seguida: “A vida é uma sequência de sonhos. Você cresce, vira adulto, se relaciona, monta sua banda, aí vem o primeiro sucesso no rádio, outros momentos especiais”.  

Ao lado do Skank, Henrique sobe ao palco neste domingo (14), em Vitória (ES). A turnê de despedida de uma das bandas brasileiras mais populares, relevantes e bem-sucedidas nas últimas três décadas termina em dezembro do ano que vem e irá passar por todas as regiões do país. 

“Vamos comemorar o ciclo vitorioso do Skank, uma história de 30 anos da qual eu tenho um orgulho imenso, e vou fazendo minhas coisas em paralelo. Estou vivendo um momento muito gostoso, já realizei muito mais do que eu imaginava quando comecei a tocar. Abri mão de tudo para viver de música e vou continuar fazendo isso”, pontua o pianista.   

Big band: novo projeto já tem shows marcados

Influenciado e apaixonado pela música de Nova Orleans, no Sul dos Estados Unidos, Henrique Portugal montou a sua Solar Big Band, que fará shows em janeiro, fevereiro e março em Belo Horizonte. O ator e cantor Alexandre Nero será o convidado da apresentação de abertura, no Mercado do Cruzeiro. As músicas já estão arranjadas e vão trazer releituras de Skank, Caetano Veloso, Rita Lee, faixas autorais dessa nova leva e outras do cancioneiro internacional. “A maioria do repertório será de músicas nacionais”, adianta Henrique.

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