O Instituto Inhotim anunciou nesta terça-feira que, a partir de janeiro de 2022, terá uma nova diretoria executiva e artística. Assim, Lucas Pessôa assume a função de diretor-presidente, enquanto Paula Azevedo será a diretora vice-presidente e Julieta González estará à frente da direção artística do museu. De acordo com o comunicado, o objetivo principal da nova diretoria é a ampliação do contato da instituição com a sociedade civil, "tornando o Instituto mais aberto e permeável, e também a inclusão de outras formas de conhecimento e saberes em sua programação". "A perspectiva ecológica na sua dimensão mais ampla ocupará um lugar central no programa artístico e educativo, que terá como objetivo fomentar a singularização da experiência e o pensamento crítico a partir do espaço da arte", prosseguiu o texto.

Ainda de acordo com o material enviado à imprensa, Antonio Grassi ocupa o cargo de diretor-presidente até dezembro deste ano, e, a partir de janeiro de 2022, ficará baseado em Lisboa, passando a atuar como consultor internacional para o Instituto. O comunicado ressalta que, em sua passagem pelo Inhotim, Grassi "ampliou a programação cultural, trazendo grandes nomes da música, do teatro e da dança para dialogarem com arte, botânica e arquitetura". O exemplo citado foi do Inhotim em Cena, projeto idealizado por ele com objetivo de fomentar a produção artística brasileira.

Direção executiva

O fortalecimento das bases institucionais, a ampliação do programa e a implementação de uma governança alinhada às melhores práticas de instituições museológicas globais, devem conduzir a gestão de Lucas Pessôa, que conta em sua trajetória profissional com passagens no corpo diretivo de instituições como MASP e Oficina Brennand.  "Inhotim é uma instituição muito prestigiosa e possui uma das coleções de arte contemporânea mais importantes do mundo, inserida num contexto muito singular de integração com a natureza. Esse conjunto único faz de Inhotim uma caixa de ressonância extraordinária, tudo que é pensado e produzido na instituição reverbera enormemente, e devemos tomar proveito desse alcance para participar ativamente das discussões contemporâneas, fomentar o pensamento crítico e fortalecer as bases institucionais para que o museu assegure sua atuação no futuro em plena potência, explica Pessôa.

Com larga experiência na direção de instituições como MAM-SP, IAC e Instituto Tomie Ohtake, Paula Azevedo, nova diretora vice-presidente do Inhotim atuará principalmente nos processos de modernização da gestão, formação de um novo Conselho, no fortalecimento das relações institucionais, captação de recursos e implementação de um novo programa de patronato e amigos do Inhotim, ampliando assim o contato com o público e com os parceiros da instituição. 
"Formar um Conselho plural e participativo e aproximar a sociedade civil do Instituto está entre as metas dessa nova gestão. Também desejo me debruçar em pautas ambientais a partir de uma visão integrada entre arte, cultura, ecossistema e sustentabilidade. Além de ser um museu de arte contemporânea, o Inhotim é também um Jardim Botânico, composto de mais de 4,5 mil espécies vindas de todos os continentes. Isso nos dá inúmeras possibilidades!", conta ela.

Direção artística

Com mais de 25 anos de experiência na curadoria de instituições como Tate Modern, Museo Tamayo, MASP, Bronx Museum entre outras, a curadora e pesquisadora Julieta González deseja - para o futuro do Instituto - o desenvolvimento de um projeto curatorial que aproxime o Inhotim de artistas e instituições do Sul Global. "Minha proposta inclui a ampliação do olhar do programa artístico, atento às mudanças discursivas do mundo contemporâneo", conta Gonzáles. Suas ideias visam, também, a dinamização da exibição do acervo do Instituto por meio de parcerias com instituições nacionais e internacionais, projetos curatoriais que aproximem o diálogo de Inhotim com uma pluralidade de pensamentos culturais e artísticos, e uma maior interface com a sociedade civil por meio de programas públicos.

Sobre o novo corpo diretivo

Lucas Pessôa 

Formado em direito pela PUC-SP com especialização em economia pela Universidade de Copenhague, Lucas Pessôa foi diretor geral da Oficina Brennand (2019 - 2021), responsável pela direção do museu e de sua programação cultural. Antes disso, Lucas foi diretor financeiro e de operações do MASP - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (2014 - 2018), onde participou ativamente de um amplo processo de reorganização da instituição, e teve passagens pelo mercado financeiro, em empresas como Pátria Investimentos (2008-2013), Endurance Capital (2006-2008), entre outras.

Paula Azevedo 

Com larga experiência em gestão de coleções privadas e atuação em instituições, Paula foi diretora de relações institucionais e governança no Instituto Tomie Ohtake (2021) e agora migra para o conselho do museu. Antes disso, foi coordenadora do Núcleo Contemporâneo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, passando a integrar a diretoria da instituição até 2019, foi diretora do Instituto de Arte Contemporânea - IAC (2018 - 2021), onde segue como conselheira administrativa. Ainda foi embaixadora da Armory Fair, em Nova York, e é socia do projeto O Pequeno Colecionador, ao lado de Artur Lescher e Mariane Klettenhofer.

Julieta González 

Curadora e pesquisadora, a Julieta González é uma figura central no aprofundamento internacional de conhecimento em torno da arte latino-americana e trabalha nas intersecções da Arte, Antropologia, Cibernética e Arquitetura, com especial ênfase nos últimos anos, nas estéticas decoloniais na arte de América Latina. Foi curadora de instituições como Tate Modern (Londres), MASP (São Paulo), Museo Tamayo (Cidade do México), Bronx Museum (Nova York), Jumex (Cidade do México) dentre outras. Organizou mais de sessenta exposições, incluindo a histórica Memorias del subdesarollo (Museum of Contemporary Art San Diego), para a iniciativa do Getty Pacific Standard Time, Latin America in LA. No seu último cargo, na Fundação Jumex (2015-2019), sua gestão buscou dar estrutura institucional, e concebeu e supervisionou o programa artístico geral do museu da fundação para criar um programa visando a produção do pensamento crítico a partir da arte contemporânea.

González estudou Arquitetura na Universidade Simón Bolívar, de Caracas, e na École d'Architecture Paris-Villemin, em Paris, tem mestrado em Estudos Culturais e Teoria Crítica pela Goldsmiths, Universidade de Londres, e foi Helena Rubinstein Fellow no Programa de Estudos Independentes do Whitney Museum.