Televisão

Isabel Teixeira engata 3ª novela na carreira e celebra: ‘Encantada pelo gênero’

Após Maria Bruaca de ‘Pantanal’, atriz vive a vilã Helena em ‘Elas por Elas’ e exalta influência de Aracy Balabanian

Por Renato Lombardi
Publicado em 29 de dezembro de 2023 | 06:00
 
 
 
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Interpretar a personagem Maria Bruaca no remake da novela “Pantanal” (2022) é, sem dúvida, um marco na carreira da experiente Isabel Teixeira, 50. A personagem, que sofre nas mãos do marido Tenório (Murilo Benício), ganhou o Brasil, se tornou queridinha dos telespectadores, revelou e consagrou para a grande massa o talento da atriz, dramaturga e diretora, que veio do teatro e tem 40 anos de carreira. Esse caminho levou Isabel para mais um trabalho na TV, como a vilã Helena, uma das protagonistas do remake de “Elas por Elas”, atualmente no ar na Globo. Uma trajetória de descoberta que tem despertado brilho e encanto na atriz, filha da também atriz Alexandra Corrêa (1949-2006) e do cantor e compositor Renato Teixeira.

“Eu estou muito apaixonada, encantada pelo gênero (teledramaturgia); eu estou no começo do namoro e muito empolgada em fazer parte”, afirma a atriz, que está em sua terceira novela com papel de destaque – antes de “Pantanal”, ela participou de “Amor de Mãe” (2019) como a médica Jane, assassinada por Thelma (Adriana Esteves) após descobrir os segredos da amiga. “Duas dessas novelas (‘Pantanal’ e ‘Elas por Elas’) são remakes. Eu acho isso maravilhoso, porque estou desenvolvendo uma ‘linguagem remake’. Então, a primeira coisa que eu fiz (ao ser convidada para fazer a Helena) foi rever a novela inteira, de cabo a rabo”, diz ela, que revela ter visto a primeira versão da trama escrita por Cassiano Gabus Mendes, quando tinha entre 8 e 9 anos.

Isabel conta que, ao ser chamada para interpretar Maria Bruaca, também quis rever a primeira versão de “Pantanal”. “Revi e olhei muito para Ângela Leal (que viveu a personagem em 1990) como pessoa, como atriz”, observa. Com “Elas por Elas”, a atriz voltou o olhar para outro talento da teledramaturgia brasileira: Aracy Balabanian, que deu vida a Helena na versão original da trama e que morreu neste ano, aos 83 anos.

Segundo a atriz, as duas não chegaram a se conhecer pessoalmente, mas trocavam mensagens frequentemente pelo Instagram. “Ela começou a falar comigo na época de ‘Pantanal’. Aracy ficava curtindo as minhas coisas, e, como o perfil dela não era verificado, eu falei: ‘Você é a Aracy mesmo?’. Ela ria”, lembra. “Quando eu soube que ia fazer ‘Elas por Elas’, comecei a ver a novela e mandava prints para Aracy falando ‘tô te vendo’, e ela adorava, falava que tinha gostado muito ter feito esse trabalho”, completa Isabel, que lamenta não ter tido a oportunidade de ter se encontrado com a veterana atriz. “Eu queria muito conhecê-la. Quando ela se foi desse plano, eu fiquei muito triste. Mas de alguma maneira Aracy está aqui, a energia dela está aqui. Ela fez história na teledramaturgia, e acho que eu estou honrando isso de alguma maneira”, garante.

Da inocência à vilania

Isabel Teixeira concorda que sair da doçura e da inocência da Maria Bruaca de “Pantanal” para a vilania de Helena em “Elas por Elas” foi uma virada de chave muito grande. Porém, ela pondera: “Mas é mais um trabalho. Para mim, antes de qualquer coisa, tem o trabalho. Eu pego um personagem, pego outro e dou o melhor de mim para os dois. Meu trabalho está sendo feito com toda a dedicação, com todo o coração, e tudo para mim é um desafio. Tanto que eu costumo dizer que eu nunca neguei um personagem. Eu posso negar um trabalho, a condição de um trabalho. Eu tenho 40 anos de carreira, nunca neguei um personagem porque todo mundo tem alguma coisa de interessante e que a gente pode se apaixonar; todo mundo tem, todo personagem de ficção também. Pode ser um personagem minúsculo e ele pode ser o que eu mais amei na vida”.

Segundo a atriz, Helena “não sabe que é vilã”. “Ela não fala ‘vou machucar você, vou interferir na sua vida’. Ela acha que está na coerência dela e que o que está fazendo é certo; é quase ingênuo isso. É delicadamente triste”, analisa. “Isso estava muito no trabalho da Aracy Balabanian em ‘Elas por Elas’. Aracy fez uma Helena que era aberta, que acha que está certa, que está protegendo, que está fazendo o bem”, pontua.

Além de buscar inspiração na primeira versão de Helena, Isabel revela que foi olhar outras vilãs de novela. “Fernanda Montenegro em ‘Belíssima’; Susana Vieira em ‘Por Amor’ eu vi bastante; a própria Aracy em ‘A Próxima Vítima’, ótima vilã inclusive, classuda, totalmente diferente do que ela faz. Então eu abri um pouco leque”, cita.

A atriz frisa a importância da teledramaturgia brasileira, assim como a produção de novas versões de tramas, como “Elas por Elas”. “Acho que a releitura é necessária”, afirma. “A novela só tem 70 anos, imagina daqui a 300 anos? As novelas que a gente viu vão ser documentos históricos, de época. A gente já tá vendo isso acontecendo no Globoplay”, observa ela, referindo-se às produções antigas que estão disponíveis no catálogo da plataforma de streaming da Globo. “Eu tenho brincado: ‘O que seria de Shakespeare se não fossem os remakes’? Ele não teria chegado até nós. É um jeito de a gente se ver enquanto sociedade e como a gente mudou”, destaca Isabel Teixeira.

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