Luto

Jornalista José Maria Rabelo, fundador do 'Binômio', morre aos 93 anos

Vítima de falência múltipla dos órgãos, ele será velado nesta quarta (29), na Casa do Jornalista, em Belo Horizonte

Por O TEMPO
Publicado em 29 de dezembro de 2021 | 09:19
 
 
 
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Faleceu, na madrugada desta quarta-feira (29), o jornalista, escritor e editor mineiro José Maria Rabelo. Vítima de falência múltipla dos órgãos, ele tinha 93 anos e será velado na Casa do Jornalista, em Belo Horizonte, das 14h às 20h. Fundador do semanário “Binômio”, considerado um dos precursores da imprensa alternativa no Brasil, José Maria nasceu em Campos Gerais, no Sul de Minas. Viúvo, ele deixa seis filhos. 

Ele também é autor dos livros "Binômio – O Jornal Que Virou Minas de Cabeça Para Baixo", "Diáspora – Os Longos Caminhos do Exílio", "Residência Provisória (poemas)", "Belo Horizonte – Do Arraial à Metrópole – 300 anos de história" e "Cores e Luzes de Belo Horizonte".

Antes do surgimento do “Binômio”, José Maria Rabelo para uma publicação chamada “Cultura Magazine”, do ex-diretor da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Washington Albino, responsável por levar José Maria para sua primeira experiência em uma redação de jornal. Ele trabalhou como repórter no “Informador Comercial”, publicação do jornalista José Costa que, em meados do século passado, iria transformar-se no “Diário do Comércio”.

Marco da imprensa mineira e brasileira, o “Binômio”, fundado por José Maria e pelo também jornalista Euro Arantes, circulou semanalmente entre 1952 e 1964, ano do golpe militar que instaurou a ditadura no Brasil. Publicação de esquerda, o jornal tinha a ironia, o sarcasmo e o humor como principais características. Por perseguições ao “Binômio”, José Maria foi obrigado a fugir de Belo Horizonte, em 1961, vestido de padre, para Poços de Caldas e, posteriormente, para São Paulo. Com a posse de João Goulart, em setembro daquele ano, ele voltou à capital mineira. Em 2014, as 801 edições do “Binômio” foram digitalizadas pela biblioteca da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e estão disponíveis para consulta.

Exílio e PDT

Com a repressão promovida pela ditadura, José Maria Rabelo, pai de sete filhos, se exilou no Chile, onde criou uma rede de oito livrarias especializadas em ciências sociais, e na França, onde também se tornou livreiro. Com a Anista, em 1979, ele voltou ao Brasil e participou da reorganização do antigo PTB com Leonel Brizola. Em Minas Gerais, presidiu o Partido Democrático Trabalhista (PDT) durante 18 anos e, no Rio, foi vice-presidente do Banco do Estado do Rio de Janeiro, nos dois mandatos de Brizola (1983 a 1987 e 1991 a 1994).

Repercussão

Pelas redes sociais, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais lamentou a morte de José Maria Rabelo: “Vá em paz, Zé Maria. Obrigada por toda coragem, lucidez, esperança e amor ao jornalismo. Um abraço especial dos jornalistas de Minas nos familiares e amigos. Força. Zé Maria Rabelo, presente!”

Filho de José Maria, o fotógrafo Fernando Rabelo comunicou a morte do pai e também o homenageou: “Obrigado pelos seus ensinamentos, que guiarão a minha vida. Te amaremos para sempre”.

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