Música

Lagum lança terceiro álbum que reúne gravações feitas com Tio Wilson

‘Memórias [De Onde Eu Nunca Fui]’ é o primeiro grande projeto da banda mineira desde a morte do baterista

Por Renato Lombardi
Publicado em 10 de dezembro de 2021 | 05:00
 
 
 
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Nova fase, novo projeto, novos planos. O Lagum lança, nesta sexta-feira (10), o terceiro álbum de estúdio, intitulado “Memórias [De Onde Eu Nunca Fui]”. O disco, muito aguardado, é a primeira grande empreitada da banda mineira, que ganhou o de grupo do ano no Prêmio Multishow 2021, desde a morte do baterista Breno Braga, mais conhecido como Tio Wilson, em setembro de 2020. O agora quarteto, formado por Pedro Calais (vocal), Otávio Cardoso (guitarra), Jorge (guitarra) e Chico Jardim (baixo), adianta que vem turnê em 2022 que vai passar, inclusive, pela Europa.

“Memórias [De Onde Eu Nunca Fui]” traz dez canções, sendo seis inéditas: “Festa Jovem”, “Playground”, “Não Vou Falar de Amor”, “Eu Te Amo”, “Veja Baby” e “Descobridor (parceria com o Emicida lançada em novembro). Aliás, foram dos versos desse último single que o Lagum retirou o nome do novo disco. “O nome do álbum é uma frase da música ‘Descobridor’, que em um dos trechos diz:  ‘Sempre me perco tentando ver/ memórias de onde eu nunca fui’. No contexto, a frase é meio que um lance ansioso, de tentar fazer o futuro ser agora. E aliando a isso tem o momento pandêmico que a gente está passando e também a partida do Tio”, cita Pedro Calais.

O vocalista explica a “influência” da pandemia no álbum, que inicialmente tinha previsão de ser lançado em 2020, mas foi adiado, em um primeiro momento, por causa da crise sanitária. “Ficamos presos em casa esse tempo todo, só pensando nessas memórias que a gente construiria quando acabasse (a pandemia): ver as pessoas que gostamos, dar os rolês que gostamos…”, pontua Calais. “E na hora de fazer a parte de imagem do álbum, começamos com pinturas dentro de molduras. Acho que as pinturas mostram isso, uma memória emoldurada ali. Seja fotografia ou pintura, é uma memória que você eterniza ali”, comenta o artista.

 

Segundo Calais, foi isso que eles também fizeram com Tio Wilson em “Memórias [De Onde Eu Nunca Fui]”. “Colocamos ele em um quadro em forma de pintura, eternizamos ele ali, honramos a memória do Tio. Na capa do nosso álbum estamos segurando um quadro com uma tela em branco, ou seja, essas memórias que eram para estar ali dentro não foram construídas, e é o que vem a partir de agora.E o que vem a partir de agora é o que a gente quer fazer”, completa o vocalista do Lagum. “Queremos que os nossos shows sejam momentos para ficar na memória das pessoas, que o impacto das nossas músicas nas pessoas sejam realmente para construir memórias”, frisa o cantor.

 

Trabalho com Tio Wilson

Além das seis canções inéditas, “Memórias [De Onde Eu Nunca Fui]” traz outras quatro canções que o Lagum havia lançado nos últimos meses: “Musa do Inverno”, “Eita Menina”, “Eu e Minhas Paranóias” e “Ninguém Me Ensinou”. Todas as dez faixas contam com a participação de Tio Wilson na bateria, revela Pedro Calais. Segundo ele, o baterista havia gravado a maior parte das músicas no estúdio. 

“Somente ‘Veja Baby’, ‘Eu e Minhas Paranoias’ e ‘Playground’ não estavam finalizadas. Mas como tínhamos ido para o estúdio com o Tio e ele fez guias de bateria, tínhamos um ensaio gravado. Então, quando fomos produzir essas músicas, usamos as baterias originais que ele ensaiou”, detalha o vocalista. “O Tio produziu o álbum com a gente, mas ao mesmo tempo não vai ver o álbum na estrada, não vai viajar para os lugares com a gente. Mas vamos sempre estar honrando a memória dele”, garante. “Colocar esse disco no mundo é uma grande libertação para nós, uma realização, porque nele está presente as ‘bateras’ do Tio”, afirma o baixista Chico Jardim. 

 

Fora da zona de conforto

Em “Memórias [De Onde Eu Nunca Fui]”, os integrantes do Lagum contam que fizeram muita coisa diferente. “A gente saiu bastante da nossa zona de conforto. A nossa ideia é sempre experimentar em métodos de produção, em processos criativos, em sonoridades, em propostas estéticas também. Neste álbum a gente pode fazer de tudo um pouco. E daqui pra frente é isso. A música é experimentação, e para gente, como artista, faz muito bem estar sempre se desafiando, sempre buscando não ficar no mesmo. Porque ficar no mesmo é chato, e se é chato pra gente imagina para quem acompanha a nossa carreira”, pontua Pedro Calais. 

“A banda Lagum alcançou um nível de maturidade, naturalmente pelo tempo e pelas nossas experiências de trabalho, muito maior. Neste álbum a gente pôde fazer essa variedade de sons, com vários produtores e participações diferentes”, pontua Chico Jardim. “Os fãs e todo mundo que curte o Lagum vai perceber que o Lagum progrediu, evoluiu muito, está muito mais madura e muito mais forte como ela nunca esteve antes”, ressalta o baixista. O guitarrista Jorge concorda e acrescenta: “Particularmente é o trabalho nosso que eu tenho mais orgulho, foi um projeto que a gente mais teve carinho e esteve mais próximo de todo mundo que trabalhou. Nós tivemos a oportunidade de conduzir esse álbum da maneira que acreditávamos e da maneira que gostaríamos que ele fosse”.

Jorge também destaca as parcerias musicais registradas no álbum “Memórias [De Onde Eu Nunca Fui]” - além de Emicida na faixa “Descobridor”, o disco conta com as participações especiais de Mart’nália e L7NNON em “Eita Menina” - e também a oportunidade de a banda voltar a se apresentar na Europa em 2022, além de participar de grandes festivais de música no Brasil. “São grandes feitos que eu acredito que nos enche de orgulho, e também enche nossos fãs, familiares e todo mundo que acreditou no nosso trabalho”, analisa o guitarrista.

“Ao mesmo tempo, quando olho para esses fatos e penso no tempo da banda (que começou em 2014),  eu enxergo que são muito mais consequências dos objetivos que a gente vem trabalhando nos últimos anos. É como uma árvore que você planta e demora quatro anos para poder colher o fruto dela. Isso reflete muito na nossa história”, comenta Jorge. “Eu tenho certeza  que nosso terceiro álbum vai render muitos frutos, alguns imediatos, e outros que a gente nem faz ideia que vai colher daqui cinco, sete,  dez anos”, afirma.

Nova turnê em 2022

Uma nova turnê do Lagum, para apresentar as canções do álbum “Memórias [De Onde Eu Nunca Fui]”, também vai sair do papel e rodar o país. Já em janeiro, a banda apresenta o novo show, em Belo Horizonte, no dia 29, no Festival de Verão, que será realizado no Mineirão. O quarteto também é presença confirmada no Lollapalooza Brasil 2022, em março, em São Paulo.

A agenda inclui apresentações no exterior. “A gente vai voltar para Portugal, vai passar também por Londres e, possivelmente, deve ir à Espanha", conta Pedro Calais, que garante que esses shows ainda não representam um investimento na carreira internacional, pelo menos não agora. “A ideia é sempre essa, de cada vez mais ir conquistando o nosso território e ter fãs em mais lugares. Mas eu tenho vontade, sim, de algum dia fazer alguma coisa focada para uma carreira no exterior, seria bom. Mas acho que o momento não é esse ainda”, frisa o vocalista.

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