CINEMA

Letícia Colin protagoniza filme sobre relacionamentos e desejo feminino

Com direção de Julia Rezende, 'A Porta ao Lado' estreia nesta quinta-feira nos cinemas

Por Paulo Henrique Silva
Publicado em 09 de março de 2023 | 07:00
 
 
 
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Letícia Colin não tem dúvida sobre o papel de “A Porta ao Lado”, uma das principais estreias de hoje nos cinemas. Ao abordar o olhar feminino sobre as relações, o filme se torna “uma forma de luta, para que a gente continue viva”, na avaliação da atriz. “Esse filme aponta para um lugar onde as mulheres consigam construir cada vez mais as suas vidas, um lugar mais seguro em que elas possam perceber o tamanho de sua potência e ir para a vida com mais autonomia, liberdade, segurança e prazer”, ressalta. 

Ela lembra que o Brasil é um dos líderes em número de feminicídio no mundo, mas sublinha que a violência contra a mulher tem nuances mais amplas do que um levantamento sobre vidas perdidas. “Viver frustrada é sofrer uma violência também. A gente não merece. A gente quer ser feliz, ter prazer, viajar, realizar nossos sonhos”, pondera. Segundo Letícia, há ainda muita romantização em relação ao casamento e à maternidade, com as mulheres sendo julgadas por não quererem ter filhos. 

Todos esses elementos transparecem de uma forma ou de outra no longa dirigido por Julia Rezende, que foca a sua trama em dois casais – formados por Letícia Colin e Dan Ferreira e Barbara Paz e Tulio Starling – que são vizinhos de andar e acabam se interagindo intensamente. “O filme lança perguntas como, ‘puxa, é possível viver de outro jeito e experimentar o amor e as relações de outra forma?’ Ele não vem para fazer um julgamento de valor, mas nos provocar e nos fazer olhar para as nossas próprias histórias”, registra Julia. 

Presente também no elenco da série “Todas as Flores”, da Globoplay, cuja segunda temporada será lançada em 5 de abril, Letícia assinala que não interessaria à equipe fazer “um filme que reproduzisse um formato antigo de relação feminina, especialmente de competição”. “Queremos ver na tela um mundo que a gente acredita e vive, em que as mulheres estão brilhando no poder. Elas têm ocupações que não são ficar competindo com outras mulheres. Nós temos nossos projetos, nossas famílias, nossos sonhos, nossos desejos, nosso tesão...” 

Para Dan Ferreira, que interpreta o marido da personagem de Leticia, é importante que os homens também assistam “A Porta ao Lado”. Ele defende a ideia de que, por mais que estejamos atentos a várias questões que hoje estão em voga, não se pode deixar de continuar “se investigando para não reproduzir estigmas e normais de estão fadadas ao fracasso”. Ferreira afirma que a coisa mais bonita na vida é um ser humano vivendo em comunhão total com o que foi estabelecido com a companheira. 

O filme conta com várias cenas de sexo, mas Julia Rezende observa que todas elas trazem uma perspectiva feminina, mais baseada em sentimentos do que corpos desnudos. “A gente não está querendo provocar desejos em quem assiste, mas sim mostrar e revelar como é uma mulher sentindo prazer”, destaca. A cineasta (filha de Sergio Rezende, diretor de “Doida Demais” e “Lamarca”) pondera que o cinema atual tem filmado o sexo ora de uma maneira explícita demais ora de uma forma muito temerosa. 

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