Cartunista

Live e projeto de exposição e centro cultural celebram a memória de Henfil

Criador da Graúna e dos Fradim possui acervo com mais de 15 mil originais que aguarda lugar adequado para ser armazenado

Por Raphael Vidigal Aroeira
Publicado em 05 de fevereiro de 2024 | 06:30
 
 
 
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Em tributo à magnitude do legado de Henfil (1944-1988), nascido há 80 anos, uma live com a participação de seu filho Ivan, do músico Wagner Tiso, que produziu a trilha-sonora do longa-metragem “Tanga: (Deu no New York Times?)”, dirigido por Henfil em 1987, de Chico Caruso e da jornalista Rose Nogueira, responsável por oferecer ao cartunista a oportunidade de desbravar a Rede Globo com o quadro “TV Homem”, filmado propositadamente em preto e branco dentro da coloridíssima “TV Mulher”, acontece nesta segunda (5), às 21h15, nos canais oficiais do artista na internet.  

Ivan pretende, em breve, tirar do papel o projeto para a criação de uma exposição e de um espaço cultural destinado a guardar, adequadamente, o rico acervo produzido frenética e intensamente por Henfil, que contabiliza mais de quinze mil originais. Ivan lamenta a “falta de reconhecimento, inclusive dos governos de esquerda, a ponto de eu ter que ficar correndo atrás de patrocínio”. Ainda sem apoio oficial, ele dispõe do terreno para a empreitada, próximo à sua casa, no Rio de Janeiro. 

Para completar, deve colocar na praça a coleção do “Sapo Ivan”, que teve dez volumes lançados em 2011, e que ainda possui três inéditos. Os desenhos foram feitos por Henfil para o filho. “Não era um trabalho com aspiração profissional, e é o único dele que não passa uma mensagem política”, salienta Ivan. Todo ano, ele visita Belo Horizonte, onde sua mãe e parte da família moram, e, no bairro Serrano, região da Pampulha, existe a avenida Henfil. 

Presente

Gregório Duvivier afirma que Henfil “tem muitos filhos na arte por aí, especialmente a Laerte, com suas tiras que nos causam perplexidade”. Para Aroeira, “um cartunista com essa visão crítica e feroz do Henfil faz falta em qualquer momento, época e situação política, em qualquer lugar do mundo”. Segundo ele, Henfil, que chegou a escrever um livro a respeito, “explicitava a necessidade do humor como ferramenta fundamental para a transformação social”. 

“Hoje, estamos perdendo um pouco isso, porque somos prisioneiros dos algoritmos e das redes sociais, que pertencem a quatro ou cinco pessoas, e são justamente aquelas que o humor acaba criticando, afinal de contas, essa meia dúzia de bilionários e futuros trilionários é responsável pela destruição do planeta, da democracia, da civilização, pelo aumento da desigualdade. O esdrúxulo é que falamos mal daqueles que são os donos do local onde falamos mal, é uma situação tensa o tempo todo”, finaliza Aroeira.

No final da década de 1960, já colaborando com “O Pasquim”, Henfil criou a revista “Fradim”, que lhe abriu, definitivamente, as portas do sucesso

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