Quem pensa que a transformação digital é um destino está completamente enganado – ela é um caminho. “E a beleza é esta: você é desafiado sempre a se adaptar”, garante Carlos Giusti, sócio da PwC Brasil, empresa de auditoria e consultoria.
O caminho digital foi o que levou Júnior César a encerrar as atividades de sua empresa focada em assessoria de imprensa, em Belo Horizonte, e migrar para o gerenciamento de youtubers, em São Paulo, em 2016. “É um aprendizado diário”, sinaliza o fundador da Brasilera Digital, que hoje gerencia a carreira de gigantes do YouTube e auxilia influenciadores um pouco menores, mas que têm mais audiência do que muitas emissoras.
Tanto Júnior quanto Giusti, cada um em uma área de atuação, concordam que não dá para cravar o destino exato do caminho da transformação digital. No entanto, ambos possuem uma certeza: agora é a hora de os canais dialogarem ainda mais. “Quando você começa a integrar suas plataformas, a ser verdadeiramente multitela, passa a pensar sua empresa, sua estrutura organizacional, o teu modelo de produção e de gestão de conteúdo a partir da premissa de que vai alimentar diferentes telas: você pode ser visto, ouvido e lido”, afirma Carlos, citando, por exemplo, as rádios que, atualmente, são ouvidas mais em aplicativos.
“‘Transição’ é a palavra-chave. Se formos fazer uma avaliação, ela já alcançou diferentes setores, incluindo os veículos de comunicação e o mercado de entretenimento”, destaca Júnior. Para ele, a propósito, o movimento das lives é o melhor dos exemplos.
“Elas já eram uma realidade no universo digital tinham a própria audiência. Porém, ganharam uma proporção com a massa agora, diante de um cenário em que as pessoas se viram obrigadas a ficar em casa e a partir do momento em que artistas sertanejos embarcaram nas transmissões”, destaca.
Varias telas
Pensar nas inúmeras plataformas, tanto as que já estão aí quanto as que ainda serão lançadas, é tratar melhor o próprio conteúdo. Carlos Giusti, sócio da PwC Brasil, exemplifica a afirmação citando a produção televisiva. “A televisão é apenas um aparelho, pois o conteúdo da televisão pode estar em qualquer lugar – ele é vídeo. A produção de TV pode estar no YouTube, no Facebook, nas emissoras abertas e a cabo, no streaming”, diz ele.
No entanto, Carlos Giusti alerta que, para alimentar os diferentes canais, é necessário entender a audiência de cada um deles e respeitar as particularidades dos formatos.
Protagonista
Nos primórdios da comunicação de massa, o espectador recebia o produto que lhe era ofertado, e pronto. Essa estrutura ficou no passado. “As pessoas não querem mais apenas absorver, elas querem ter voz, conversar, contribuir, opinar”, defende Júnior César, da Brasileira Digital. “As plataformas online dão para essas pessoas um protagonismo como nunca houve”, completa.
Desafio
O problema atual para que o consumo de conteúdo online seja ainda maior é o acesso à internet. Carlos Giusti, da PwC, alerta que há uma projeção de melhoria na infraestrutura até 2023. Até lá, segundo ele, a alternativa é o “diálogo” entre os canais, como as lives exibidas pelas emissoras abertas.