Livro revela bastidores e desafios da imprensa na cobertura da pandemia

Desde que a pandemia da Covid-19 estourou em março de 2020, jornalistas de todo o país não tiveram descanso. Noticiar o período caótico na história da humanidade não era uma opção, era, de fato, o exercício pleno da profissão. Se parte da classe jornalística pôde continuar sua rotina no formato home office, outros não saíram das ruas, dos hospitais, das estradas, do front da reportagem.

Contar os bastidores e os desafios da maior operação de cobertura da imprensa brasileira em toda sua história é o norte de “Nós Também Estivemos na Linha de Frente” (Comunicação de Fato Editora), livro que o jornalista Marcelo Freitas lança nesta quarta-feira (17), na sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, em Belo Horizonte (detalhes sobre o evento no fim da matéria). 

Freitas começou a pensar a obra, que traz o subtítulo “As Histórias do Jornalismo na Pandemia”, no início deste ano: “Tenho noção e consciência de que o jornalista noticia tudo, coisas boas e ruins, mas raramente fala de si próprio. Então me veio um insight de que se essas histórias não forem contadas, vão ficar perdidas. Foi aí que comecei a fazer as entrevistas”.

Marcelo Freitas conversou com editores e repórteres de alguns dos principais veículos de comunicação (rádio, TVs, jornais impressos e portais de notícias) do país, assessores de comunicação de instituições que tiveram muita atuação durante a pandemia, entre as quais o Instituto Butantan e a UFMG, e o primeiro assessor de comunicação do Ministério da Saúde, cujo período cobriu as passagens de Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich - este também entrevistado para o livro - e uma parte do mandato de Eduardo Pazuello. De O TEMPO, colaboraram o editor executivo Juvercy Júnior, o repórter Gabriel Rodrigues e o fotógrafo Flávio Tavares.

“E um terceiro grupo de entrevistados foram cientistas e jornalistas que tinham uma atuação mais focada na ciência. Com isso, construí uma história que segue, mais ou menos, uma linha cronológica e termina com a volta das redações ao formato presencial”, acrescenta o autor.

Também foram entrevistados por Marcelo Freitas diretores de instituições que representam jornalistas e empresas na área de comunicação, como a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), sindicatos dos jornalistas de Minas, São Paulo, Distrito Federal e Rio Grande do Sul, e a Associação Nacional de Jornais (ANJ).

O livro descreve como foi a migração do jornalismo presencial para o home office, como as redações se organizaram, da noite para o dia, para cobrir um acontecimento de tamanha repercussão, os desafios enfrentados para realizar a cobertura da pandemia no novo modelo, a formação do Consórcio de Veículos de Imprensa, as agressões e tentativas de intimidação que os profissionais da imprensa sofreram durante a Covid-19, a parceria do jornalismo com os cientistas e a volta para o sistema presencial nas redações, a partir do final de 2022.

“Nós Também Estivemos na Linha de Frente” descreve ainda o medo dos jornalistas que iam para as entrevistas coletivas ou para a cobertura nos hospitais. Bem como as histórias dos profissionais que, nas ruas, enquanto trabalhavam, foram agredidos porque defendiam o isolamento social.

Segundo Marcelo Freitas, a pandemia alargou os limites do jornalismo ao mostrar que se podia, na emergência, produzir a notícia à distância, em um novo modelo fora das grandes redações. Para o autor, o livro também ressalta o papel fundamental do bom jornalismo, que, durante a pandemia, cumpriu seu papel social e sua verdadeira função: “O jornalismo fez uma parceria com o lado certo da história, o lado da ciência. O outro lado defendia fake news, não vacinação, não isolamento social”.

Programe-se

O livro “Nós Também Estivemos na Linha de Frente”, do jornalista Marcelo Freitas, será lançado nesta quarta-feira (17), às 19h, na sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (av. Álvares Cabral, 400 - Centro). O exemplar será vendido a R$ 55 no evento, mas também pode ser adquirido no site da editora Comunicação de Fato.