Poemas e ilustrações

Mãe e filha, Constança Guimarães e Sofia Nabuco lançam 'Aleatórias'

As duas participam nesta quarta-feira do projeto 'Sempre um Papo', no qual falavam sobre seus métodos de trabalho e, claro, sobre a obra

Por Patrícia Cassese
Publicado em 07 de dezembro de 2022 | 10:21
 
 
 
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Mais que o chamariz de reunir mãe e filha numa mesma empreitada, "Aleatórias", livro que será lançado nessa quarta-feira, mostra a somatória de dois talentos: o de Constança Guimarães nos poemas e o de Sofia Nabuco nos traços. O livro pode ser lido como um poema longo ou um composto de poemas, com cenas independentes, mas relacionadas.  Nossa ideia é que as ilustrações, bem como os poemas, não ocupem a experiência, não tomem o lugar da experiência do leitor,  mas que somem com essa essa experiência no contato com o livro, com as palavras e ilustrações", explica a escritora e jornalista Constança, confirmando que mais desdobramentos estão por vir. "A ideia é fazer mais, sim. Uma série de longos poemas ou vários poemas em um livro ilustrados por Sofia. Já estamos começando a pensar no próximo".

Mesmo porque, o trabalho conjunto correu fluido. "Trabalhar com a Sofia foi muito bacana e muito emocionante. Esse livro teve um processo muito feliz, tudo confluiu. Eu tinha a série de poemas, a Sofia trouxe paleta de cores e ideias e eu achei que tudo fazia muito sentido estar junto. Depois, ainda o projeto gráfico da Elza Silveira (da Impressões de Minas) parece que nasceu junto, de tanto que era natural estar ali", brinca Constança.

Sofia confirma. "trabalhar com minha mãe nesse processo foi muito bom e ele aconteceu de uma forma muita orgânica e rápida. A gente não teve nenhum problema, acho que nossas ideias, por muita coincidência, mas também  pelo conteúdo do livro, elas estavam muito alinhadas, então, tudo foi muito rápido e muito tranquilo. Eu já gostei dos textos de cara, fiz as ilustrações, mostrei para ela, ela já gostou de cara... Tudo foi muito rápido e deu muito certo".

Constança Guimarães, como muita gente que a acompanha sabe, é autora de “Como se a gente conseguisse medir o tamanho do escuro” (Urutau, 2020), “Ombros caídos olhando pro Inferno” (Urutau, 2017) e “A sereia da contorno e outras histórias” (Leme, 2017). Tem também poemas e contos em revistas como a Rascunho, Gueto (especiais Utopia/Distopia e Crianças em Guerra), Ruído Manifesto, Acrobata, Mirada, Germina e Laudelinas. Participa da antologia “Não há nada mais parecido a um fascista que um burguês assustado” (Hecatombe/2020).

Sofia Nabuco, 22, é ilustradora e estudante de artes visuais. Seu apreço pelo manuseio dos lápis veio cedo. "Então, na verdade, eu fui uma criança muito artística. Eu desenhava muito, pintava muito, mas, à medida que fui crescendo, isso foi sendo colocado em segundo plano. Eu continuava a desenhar, mas não era um desenho que eu estudava,  um desenho com intenção. Rabiscava muiito nos meus cadernos de escola, todos eles eram todos desenhados, rabiscados, mas nunca passou pela minha cabeça virar ilustradora. Já havia pessoas que estudavam comigo que desenhavam com intenção, mas os meus eram só rabiscos. Então, eu realmente não sentia essa identificação com essa possível vocação até que, quando eu tinha, acho, 16 anos, percebi que estava sentindo falta de alguma coisa, talvez um hobby, uma forma na qual eu pudesse me expressar, que fosse uma forma artística. Comecei a fazer umas ilustrações com lápis. Digo lápis, aquele normal de escola, eu molhava e fazia, nem eram lápis aquareláveis. E gostei dessas ilustraçõezinhas, tenho até hoje. Daí, falei: 'Ah, vou começar a estudar, tornar isso meu  hobby. E aí, com o passar do tempo, fui estudando muito, me dei conta que existia esse mercado e decidi que queria trabalhar com isso".

Ela conta, ainda, que sempre ganhou muitos livros de presente, tanto quando era criança até hoje. "Tenho muitos livros ilustrados que são lindos! Essa relação com o livro infantil e a ilustração de livro, ela sempre existiu na minha vida, e com certeza issa é uma característica que eu levo para meu trabalho, principalmente com aquarela. As ilustrações que faço para livros, elas normalmente em aquarela, embora eu também trabalhe com ilustração digital".

Sofia nasceu em São Paulo, mas mora na capital mineira há nove anos. Trabalha com ilustração freelancer e tem publicações em revistas como OuroCanibal e Laudelinas. Em seu Instagram, posta ilustrações diárias e divulga seu trabalho também no site www.sofianabuco.com

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