Os dias de juventude eram como qualquer outro. Já havia projetado meu futuro em termos bem diferentes do que ocorreu. Sentia-me realizado como evangélico e plenamente convicto de minhas crenças.

Esse contexto religioso nunca impediu a convivência com espíritos amigos, que, de tempo em tempo, se faziam presentes e perceptíveis à minha visão espiritual. Naturalmente, naquela época, não sabia qual a intenção desses espíritos, aos quais eu chamava de demônios.

Mesmo assim eu cresci acreditando em outras coisas, pois não havia ninguém para me explicar o sentido de tudo o que me ocorria. Sempre acreditei em Nosso Senhor Jesus Cristo, segundo a minha fé. Mas, mesmo na igreja, entre os salmos e hinos de louvor e adoração, espíritos sempre apareciam para mim.

Minhas lembranças me remetem ao ano de 1979, na cidade de Governador Valadares, região leste de Minas Gerais. Era uma tarde de sábado. Deveria realizar uma pregação na igreja da qual participava, quando Zarthú, um amigo espiritual, resolve aparecer.

Eu queria, com todas as forças de minha alma, ser um ministro de Deus. Aquele era o dia do teste, da pregação da palavra. Zarthú se dirigiu a mim. Pela primeira vez nesta existência eu ouvi a sua voz: "Termina aqui, hoje, seu estágio nesta religião".

Foram palavras difíceis de ser interpretadas, se é que tinha jeito de ser interpretadas, já que ele, Zarthú, deixava transparecer tal firmeza que não havia como contestar. Depois, viria o conselho sábio, do qual até hoje não me esqueço: "Aconselho-te que estudes os livros de (um estranho para mim) Allan Kardec".

Zarthú não deixava margem para dúvidas. Era uma sentença da qual eu não tinha como fugir. Sem que eu soubesse, ele definia ali, na igreja, toda a minha vida.

A mediunidade, presente desde a infância, desabrochou: psicografia, psicofonia, clarividência e o desdobramento lúcido. Mais tarde veio a pintura mediúnica. Apenas esporadicamente experimentei outras formas de manifestação da mediunidade.