A capacidade da sala era de apenas 140 lugares, e estava lotada. Do lado de fora, outras 140 – ou mais – se apertavam para ver o bate-papo entre dois ídolos brasileiros atuais: o escritor, ator e humorista Gregório Duvivier e a cantora Adriana Calcanhotto. Eles vieram a Belo Horizonte para participar da IV Bienal do Livro de Minas, que está sendo realizada até dia 23 no Expominas, na região Oeste da cidade.
Os autores falaram sobre poesia na programação oficial do evento. A procura do público não foi exatamente uma surpresa para Duvivier, mas ele confessou ter ficado satisfeito. “Nada me deixa mais feliz do que ver a poesia sendo popularizada, divulgada, consumida pelas multidões. Acho que poema tem que habitar aqui, na cabeça e no ouvido das pessoas, tem que habitar a gente”, disse ele à reportagem de O TEMPO.
Duvivier, autor do livro “Ligue os Pontos – Poemas de Amor e Big Bang” e de roteiros de vídeos do canal de humor “Porta dos Fundos”, no Youtube, é contrário à ideia de que o brasileiro está lendo menos. “Os dias de hoje são muito propícios à leitura. A cultura da internet é toda de leitura, de compartilhamento”, constata.
Uma prova de que a leitura não está caindo em desuso estava na própria Bienal. Em outro auditório, acontecia um encontro de fãs com a autora Paula Pimenta, colunista do jornal O TEMPO, que escreve para o público infanto-juvenil. O evento reuniu algumas centenas de crianças e adolescentes.
A estudante Sofia Rocha, 11, veio de Belém, no Pará, especialmente para a Bienal. “Eu já tinha visto nas redes sociais dela (Paula Pimenta)que ela viria para Belo Horizonte participar. Fui uma das últimas, mas graças a Deus, consegui o autógrafo”, diz a menina, animada.
Também estudante, Mariana Silva Peixoto, 10, enfrentou cerca de três horas de fila para conseguir um autógrafo da autora. “Fiquei emocionada. Falei para ela que já li quase todos os livros dela e que o meu preferido é ‘Fazendo Meu Filme 4’. Ela me disse que é o preferido dela também”, gaba-se.
Júlia Prados Correa, 10, foi outra sortuda que conseguiu pegar um autógrafo. Depois de muito choro por não ter conseguido uma senha, a mãe de outra criança cedeu o lugar para ela poder assistir ao bate-papo. “Falei para ela (Paula) que já li todos os livros. Chorei muito”, confessa. Quem também chorou foi a estudante Maria Clara Bastos da Silva, 10, mas essas lágrimas foram de decepção. “Eu estava desde outubro para ver a Paula Pimenta. Mas não consegui entrar e chorei muito”, contou. Mas não desistiu: sexta-feira a autora estará na Bienal novamente, e ela garante que estará lá. “Vou ser a primeira da fila”.
O público infanto-juvenil é o foco da programação desta Bienal. “Pelas redes sociais, perguntamos informalmente aos jovens quem eles gostariam de ver aqui e, felizmente, conseguimos trazer todos que eles pediram. Hoje, o adolescente está lendo cada vez mais, e nossa programação é um reflexo disso”, afirma Tatiana Zaccaro, diretora de negócios da empresa organizadora da Bienal.
Acervo à venda
Além da programação com autores, outro atrativo da Bienal do Livro de Minas são os estandes de editoras e livrarias de todo o país. Neles, o público encontra um enorme acervo de títulos disponíveis para a venda.
Apesar dos descontos anunciados pelas lojas, contudo, é preciso fazer uma pesquisa antes de comprar os livros. Algumas pessoas que estiveram no evento este fim de semana reclamaram que os preços estavam mais altos do que nas lojas virtuais.
“Escolhemos vários livros sem ver os preços. Antes de pagar, resolvi fazer uma consulta na internet para comparar os preços e ver se eles estavam valendo mesmo a pena. Olhando apenas em uma loja virtual, descobri que aqui todos os livros estavam entre R$ 15 e R$ 20 mais caros. Estou até indo embora da Bienal por causa disso”, reclama a socióloga Ana Carolina Corrieri, 32.