Sem dúvida, no mercado editorial, 2012 foi o ano dos e-books e e-readers, da transição dos livros para um formato digital. Os lançamentos de novos dispositivos a preços mais módicos e o investimento das editoras em versões digitais resultaram em números expressivos nas vendas de fim de ano, num setor que tem visto o fechamento de livrarias de tijolo.
Na contramão dessa tendência estão aqueles que acreditam no livro de papel e que defendem que ele resistirá, caso invista num aspecto tátil e visual, seja na beleza das páginas, nas texturas do papel, seja num projeto editorial de encher os olhos. A estratégia é fazer do livro um objeto de desejo, ou um livro-objeto, que chame a atenção e possa até se tornar fetiche. Dentre esses apostantes na resistência do papel está a editora espanhola Mínimas, que assume como missão a de "defender as edições limitadas, feitas sem tanta pressa e com muito amor" e que lança hoje, em Belo Horizonte, o livro "Bonecas", na livraria Quixote, a partir das 10h, dentro da programação do Verão Arte Contemporânea (VAC).
"Pode reparar, as publicações especiais estão pipocando a cada esquina, para sorte de quem gosta. Em Berlim, as livrarias são abarrotadas de pequenas produções. Barcelona também tem um festival enorme dedicado a livros de artista. E aqui, no Brasil, a gente já tem eventos muito bons, como a Feira Tijuana, da Galeria Vermelho, em São Paulo, os encontros na fábrica Bhering, no Rio, e o Kamelô Gráfico, de BH", explica Maria Lutterbach, braço brasileiro da editora.
Primeira empreitada da Mínimas no país, "Bonecas" marca a estreia do jornalista Duda Fonseca como autor e de Maria como editora. Todo ilustrado por Ana Vilar, o livro brinca, entre palavras e imagens, com possíveis histórias para bonecas de papel contemporâneas. "Bonecas que trocam de humor como trocam de roupa", essas pequenas figuras, que foram brinquedos de baixo custo nos últimos dois séculos, ganham novas narrativas e vestimentas - dramáticas, trágicas, cômicas - através do olhar de Duda e Ana. Nessa nova vida, as bonecas perdem a inocência e ganham versões ácidas, irônicas ou dignas de pena. Trata-se, sem dúvida, de um livro visual, leve e divertido.
Segundo Duda, a inspiração para seus poemas veio tanto da coleção de bonecas da sua irmã
quanto de um texto de Walter Benjamin, em que o filósofo se refere ao universo infantil. "O texto me abriu uma outra perspectiva, me fazendo ver que aquele brinquedo que parecia ingênuo, na verdade, guardava alguns mistérios. A partir daí, a relação entre as bonecas e a vida das mulheres reais me pareceu semelhante", explica o autor.
"A boneca alegre, por exemplo, foi inspirada numa garota que não tinha um braço e estava se divertindo numa pista de dança, lembrando aquelas bonecas que estão todas despedaçadas, mas que, mesmo assim, são usadas na brincadeira pelas crianças", conta.
Além dos poemas de Duda, o livro traz, na contracapa, uma fina boneca magrela e 12 figurinos de recortar e montar. Resultado do desejo de criar um objeto único, "Bonecas" é lançado em tiragem limitada (500 exemplares) e com edições numeradas.
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