Evinha, 65, é uma cantora singular dentro da música brasileira, embora muita gente possa confundir sua origem. Talvez isso ocorra pela ternura da voz. Mas a intérprete que reside em Paris desde a década de 70 apareceu para o país no início dos anos 1960, como integrante do Trio Esperança, ao lado dos irmãos Mário e Regina. A época – que também surgiu o Trio Ternura, com Jussara, Robson e Jurema – era profícua no estilo.
“Uma Voz, Um Piano” é apenas o sétimo álbum da carreira solo de Evinha. Pontual como os demais, preza também pela sofisticação e o minimalismo contidos no formato que ela estreia em disco ao lado do marido, o pianista francês Gerard Gambus – motivo pelo qual ela trocou o Rio de Janeiro por Paris. As duas cidades, inclusive, são tema de uma música inédita composta por Gambus em parceria com Carlos Colla. “O instigador de tudo foi o pesquisador musical Thiago Marques Luiz, que assistiu a um show nosso nesse formato e, ao perceber a nossa cumplicidade com a plateia, nos deu a sugestão. Gostamos muito da ideia e também do resultado”, confidencia Evinha.
Repertório. “Ponte Entre Rio e Paris” não é a única novidade do repertório. Além dela, três canções foram especialmente compostas para a voz de Evinha. Há, também, “Aprender com o Mar”, de Ivan Lins e Abel Silva; “Meu Canto”, de Antonio Adolfo e Tibério Gaspar; e “Lição de Amor”, última letra escrita por Fernando Brant (1946-2015), com melodia de Dalto. “No início a intenção era regravar alguns sucessos da minha carreira, até que pensei em pedir uma inédita para o meu grande amigo Ivan Lins, que atendeu de pronto com uma canção que cabe direitinho pra mim. Então, resolvemos fazer essa mescla”, conta a intérprete.
A mistura, de fato, acontece. Grandes êxitos da trajetória de Evinha constam nesse trabalho feito com delicadeza e cuidado, e, acima de tudo, transparecem a leveza e a ausência de pressa características ao canto de esperança, pois é no tempo que reside sua diferença para o desespero. “Gravamos na França e mixamos no Brasil. Nosso trabalho sempre tem uma mistura do que acontece na música e na vida entre Gerard e eu”, revela.
Maturidade. “Uma Voz, Um Piano” é o primeiro disco lançado por Evinha desde 1999, quando colocou no mercado “Reencontro” e “Nosso Mundo”, com a nova formação do Trio Esperança, ao lado de Regina e Marisa. Para ela, a empreitada representa sua “maturidade musical”. “Comecei a cantar aos oito anos, a música é, e sempre será a minha vida, até o fim vou cantar e ser feliz dessa maneira”, declara a cantora brasileira.