Um dos expoentes do cenário do choro em Minas Gerais, o grupo Corta Jaca, apresenta, hoje, na sala Sérgio Magnani da Fundação de Educação Artística (FEA), o show de lançamento de seu CD de estréia.
O álbum, gravado de forma independente com recursos da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, reúne composições dos próprios integrantes, de outros autores que orbitam o trabalho do Corta Jaca e também clássicos do gênero, de nomes como Zequinha de Abreu e Chiquinha Gonzaga.
Uma característica marcante do disco, conforme destaca o flautista e arranjador Marcelo Chiaretti, é a presença de composições que, sendo representativas de um gênero tradicional por excelência, são recentes e inéditas.
Músicas como "Maxixando" e "Os Matutos", de Eduardo Macedo, "Amandinha" e "Bailei na Curva", de Agostinho Paolucci (ambos integrantes do Corta Jaca, responsáveis por cavaquinho e violão de sete cordas, respectivamente), "Santa Olímpia", de Rui Kleiner, "Camargo", de Gustavo Monteiro, "Água com Gás" e "16 de Janeiro de 2005", ambas de Maurício Carrilho, que assina a produção do CD, mostram que o ritmo continua mais vivo e pulsante do que nunca.
"Tivemos a preocupação de mostrar serviço. Temos que tocar as peças que fazem parte do repertório tradicional, dos nomes consagrados, mas também mostrar que o choro continua vivo, forte e que aqui mesmo, em Belo Horizonte, continua se produzindo muito nessa área", diz Chiaretti.
Tanto é assim que o cenário do choro na cidade cresce a cada dia, no que diz respeito aos grupos e artistas, aos espaços que abrigam shows e ao público. O flautista destaca que a nova geração não apenas se inter-relaciona como também tem estabelecido amplos canais de diálogo com a velhaguarda da cidade.
"Existem, hoje, vários grupos e artistas amigos entre si: o Siricotico, o Gustavo Monteiro e o Warley Henrique, que estão com um trabalho muito bacana, o Gabriel Guedes, enfim. Ao mesmo tempo, tem muita gente nova que está aprendendo com os mais antigos", diz.
Raridades
Quando refere-se aos mais antigos, ele cita nomes como Alzier Vinícius, Silvinho e Geraldinho Carneiro.
"Somos novos, então devemos muito do nosso aprendizado a eles. Aquela pessoa que gosta de choro e que toca é aquela que vai atrás, que procura saber sobre a origem, procura saber dos compositores, da discografia e também das coisas novas, que são da nossa época", ressalta.
No campo da reverência à tradição, o CD do Corta Jaca guarda uma verdadeira pérola: a música "Primeiros Nós" " samba composto por Pixinguinha na época dos Oito Batutas que permanecia inédito. Outro destaque é a música "Batuque Triste", da pianista e professora do Conservatório da UFMG Carmem Silvya de Vasconcellos, que tem no registro do Corta Jaca sua primeira gravação no Brasil.
"A Carmem foi uma compositora muito importante, mas pouco conhecida. Descobrimos o "Batuque Triste" na biblioteca da Escola de Música da UFMG e só conhecemos uma gravação dela, da Hungria, com arranjo para dois pianos", diz.
Além do choro, o trabalho do Corta Jaca abarca também o maxixe, a polca e o baião em leituras instrumentais cuja sonoridade casa o popular dos regionais de choro com o erudito das formações camerísticas.
AGENDA " Show de lançamento do CD do grupo Corta Jaca, hoje, às 20h30, na sala Sérgio Magnani da Fundação de Educação Artística (rua Gonçalves Dias, 320, Funcionários, 3226 6866). Ingressos a R$ 5 (meia-entrada extensiva a todas as categorias). O CD estará sendo vendido no local a R$ 20.