O espetáculo “Klássico com K”, do Mayombe Teatro, já valeria por sua estrutura fragmentada, que não recorre a uma narrativa linear para versar sobre clássicos do teatro universal. Com direção da chilena radicada em Belo Horizonte Sara Rojo, a peça traz personagens clássicos: Ulisses, Medeia, Fausto e Antígona, que são revisitados em uma encenação que privilegia a potencialidade de cada ator e que busca se renovar a cada nova temporada.
Para além disso, uma atriz faz o papel de provocadora, quase um árbitro de futebol, que interfere nas tentativas e erros dos atores em levar adiante a narrativa. Outro destaque é a atriz Marina Viana que se inspira em outras atuações clássicas de sua personagem, Medeia, como material para construção narrativa de sua figura.
Para as duas apresentações que o Mayombe fará no festival, algumas adaptações são necessárias por conta do Galpão Três, da Funarte. “Perdemos algumas coisas e ganhamos outras. No nosso espaço (Esquyna, que divide com o Teatro Invertido), temos uma relação de planos mais interessante – com um mezanino –, mas lá na Funarte é possível, para o espectador, ter uma visão mais total do que acontece em cena”, garante Sara.
Como a estreia foi ontem, hoje é única oportunidade para o público conferir “Klássico K”. (Ver programação na página 10). A diretora espera que o FIT abra novos caminhos para a peça. “Todo festival é uma porta que se abre. Nós de Belo Horizonte temos muita dificuldade de sair e circular com nossos espetáculos. Espero que a gente consiga atrair um público diferente”, revela.
Sara, no entanto, expressa um certo temor que esse público não apareça em grande número. “Até hoje não temos a programação impressa do FIT. Isso dificulta”, finaliza. (GR)