Seja narrando as aventuras de um menino que veio da lua ou sobre a vida de uma garota que trabalha na lavoura, mas que sonha em ser bailarina, os escritores mineiros levam um pouco da cultura local à Bienal do Livro de São Paulo, que acontece de hoje a 19 de março, no Anhembi.
A primeira dessas histórias pertence a Ziraldo, que aproveita a ocasião para lançar o livro "O Menino da Lua" (Ed. Melhoramentos). "Faz cinco anos que ele está enguiçado. Sabe como é, né" Às vezes um livro enguiça", comenta o autor de seis dezenas de obras infantis.
Para ele, a literatura infantil é totalmente diferente da adulta. "É mais idéia do que história", aponta. "A ilustração também ajuda muito. No caso desse lançamento, eu acho que é o livro graficamente mais bonito que já fiz em minha vida", observa.
O segredo para escrever para um público que se renova a todo instante, Ziraldo revela: "Minha vantagem é que fui menino e não esqueci como é que é". Depois de lançar a história do menino lunático, Ziraldo pretende embarcar na onda e trabalhar sobre os companheiros de aventura do garoto.
"Agora, quero fazer um livro por ano dedicado a cada um deles. Tem o menino de Saturno, de Marte, de Urano, e assim por diante. São dez meninos que brincam na pracinha que eles imaginam ser o sistema solar. Então, cada um representa um astro", explica.
Poesia lúdica
Mineiro de Bocaiúva, Léo Cunha recorre às cores para expor sua poesia lúdica. Em "Lápis Encantado" (Ed. FTD), ele apresenta 20 poemas, ilustrados por Graça Lima, que apontam para a presença das cores no imaginário infantil.
"São poemas que brincam com as sensações existentes nas cores. Chego a recorrer a ditados populares", comenta. Desta forma, surge a pergunta inevitável: "Que cor era o cavalo branco de Napoleão depois do tombo"".
Outro que recorre à poesia para falar às crianças é Elias José, de Santa Cruz da Prata, que apresenta "Poesia É Fruta Doce e Gostosa" (Ed. FTD). Na coletânea, há 24 poemas sobre frutas, suas cores, sabores, texturas, aromas e a sonoridade de seus nomes.
Não só de veteranos se faz uma Bienal. Entre as estréias no universo literário está a escritora- mirim Bruna Dias, 12, ganhadora do Prêmio UPF Hans Christian Andersen 2005, promovido pela Universidade de Passo Fundo (RS) em parceria com a embaixada da Dinamarca.
Como prêmio, ela viajou ao país escandinavo. Além disso, chamou atenção da editora FTD que se dispôs a publicar o texto premiado. Intitulado "A Bailarina Encantada", o livro faz referência a duas obras de Andersen.
"Tentei transpor a história de "A Pequena Sereia" e "A Pequena Vendedora de Fósforos" para os dias atuais. Para isso, observei as características do texto dele, como a presença de sonhos e o trabalho infantil", afirma Bruna.
Após a estréia, a pequena escritora pretende continuar no ofício: "Vou tentar escrever mais. É um sonho realizado", conta a aluna da rede pública.