A realidade de grupos e artistas que produzem de forma independente no Brasil sabidamente nunca foi fácil, mas a possibilidade de intercâmbio com outros países aberta pela internet eumcrescente interesse do exterior pela cena indie tupiniquim se configuram como alternativa para quem, mesmo estando à margem do mercado, quer alçar vôos mais altos. Não são poucos os músicos e bandas que têm conseguido emplacar turnês européias e/ou fazer com que seus trabalhos circulem mundo afora.
A participação recorde de artistas brasileiros na programação do South by Southwest - maior festival do mundo dedicado a novas bandas, realizado em Austin, no Texas - é apenas uma das evidências da receptividade que hoje existe no exterior para grupos da cena indie brasileira. Outro indício é o lançamento, na Bélgica e na França, de uma coletânea, intitulada "Le Nouveau Rock Brésilien", fruto de uma parceria entre o site Senhor F, dirigido por Fernando Rosa, e a revista "Brazuca", que, publicada e vendida naqueles dois países, tem tiragem de 30 mil exemplares.
TURNÊ. Tanto no festival texano quanto na coletânea, figuram bandas como MQN, de Goiânia, Pata de Elefante, de Porto Alegre, Vanguart, de Cuiabá, e a brasiliense Lucy and the Popsonics, que, aliás, está, desde o último dia 3, em turnê pelos Estados Unidos e Europa, realizandoumtotal de 17 shows. Fernanda Popsonic, que integra o grupo ao lado de Pil Popsonic, diz que foi depois de um show que fizeramem Portugal, no ano passado, que ficou clara a possibilidade de armar uma turnê.
"Corri atrás disso sozinha e conseguimos marcar esses 17 shows. Fui pesquisando, pela internet, casas noturnas onde a gente pudesse se apresentar. Foi na raça mesmo, fomos armando tudo pensando na logística e sabendo que existe um mercado no exterior interessado em coisas novas." Ela ressalva, contudo, que falta apoio para potencializar esse fluxo. Fernando Rosa concorda. "Os grupos da cena independente ainda estão cavando seu espaço, mesmo aqui no Brasil. Tem o caso do Cansei de Ser Sexy, que estourou internacionalmente, mas é uma exceção. No geral, o pessoal ainda pena com a falta de apoio", observa.
Gabriel Thomaz, vocalista e guitarrista do Autoramas, que também desfruta de considerável prestígio empalcos estrangeiros, chama a atenção para o circuito latino-americano, que também é cada vez mais receptivo para os indies brasileiros. "Lima, Buenos Aires, Montevidéu, onde a gente tocou para 4.000 pessoas, são cidades abertas para quem, no Brasil, atua na cena independente", aponta.
MOMENTO. Fernando Rosa observa que o momento é propício para o êxodo musical da cena independente brasilera, mas que os caminhos precisam ser abertos. "A absorção da nova música brasileira pelo público estrangeiro se dá numa velocidade cada vez maior, então acho que a gente tem que começar a buscar caminhos para dar vazão. Há produtores, como o Paulo André, do Abril Pro Rock, e o pessoal da Monstro Discos que já têm um circuito fixo lá fora para bandas daqui. É uma via de mão dupla, porque também é mais fácil trazer atraçoes de fora", diz.
Fabrício Nobre, um dos diretores da Monstro Discos, vocalista do grupo MQN e presidente da Associação Brasileira de Festivais Independentes (Abrafin), faz coro com Rosa no que diz respeito a cavar espaços para dar vazão ao rock independente feito no Brasil.
"Uma das coisas que a gente faz é justamente tentar encontrar parceiros em outros países para fazer com que os discos que a gente lança cheguem até lá. O outro caminho é via internet, o que serve tanto para divulgar os artistas do selo quanto para trocar idéias com produtores de fora", afirma.
Fabrício Nobre aponta que, hoje, é possível para uma banda indie tentar cavar seu espaço no mercado brasileiro e, ao mesmo tempo, projetar shows em palcos estrangeiros. "Exige muita dedicação e empenho, mas é algo perfeitamente possível de se executar", afirma ele.
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Bandas nacionais, desconhecidas por aqui, fazem sucesso lá fora
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