É tudo mentira, tudo inventado, esclarece o autor Raphael Vidigal. “Como digo em determinada passagem, é um ‘livro da mentira, do enfeite’”, acrescenta o jornalista, referindo-se a “O Sol Áspero” (Gentil Editora, R$ 30), que ele lança nesta quinta-feira (8), na Asa de Papel Café & Arte. Trata-se de sua segunda incursão no mercado editorial: em 2014, lançou “Amor de Morte Entre Duas Vidas”, de poemas.
A empreitada de agora insere-se num formato de “romance experimental”, segundo o autor, letrista e repórter de O TEMPO, para acrescentar, na sequência: “Um pouco na linha do que Paulo Leminski propôs com o ‘Catatau’ (1975), ao chamá-lo de ‘romance ideia’”.
“O Sol Áspero”, na verdade, deriva de um projeto para o qual Vidigal foi convidado em 2012. À época trabalhando em uma empresa de consultoria ambiental, foi contratado para narrar, de forma livre, a experiência advinda da visita a 16 cidades do interior de Minas, a maioria com média menor que 10 mil habitantes, como Tumiritinga, Ferros, Açucena, Itanhomi ou Engenheiro Caldas, para citar algumas.
O projeto – “mais objetivo” – foi concluído com sucesso, e o livro, entregue. Mas veio a vontade de dar um desdobramento. “Comecei a trabalhar sobre os escritos e a intensificar o caráter literário que havia naquelas letras. O trabalho foi o de ocultar ao máximo aquela história mais aparente e reduzi-la ao essencial, para chegar ao resultado que eu almejava: o de um romance simbólico, experimental, pautado por sensações e ilusões”.
Daí a frase que abre esta matéria, dita por Vidigal. Mesmo porque, ele assume: “Não acredito que exista uma ‘verdade’, essa senhora deslumbrada. É tudo uma questão de olhar. Paisagens, pessoas e acontecimentos passaram pela minha frente, e eu as inventei da maneira que quis, foi assim que aconteceu”.
Na narrativa, a personagem que conduz a trama vai mudando de forma: Ágata é onça, cigana e cidade. “No prefácio, a professora de cinema e artista plástica Clara Albinati a define como ‘uma obsessão ou como aquilo que se perdeu e que se impregna em tudo o que se vê’”, diz o autor. “O principal elemento desse romance é o nada, a inexpressão, o vazio e o desamparo”, conclui.
Agenda
O quê
Lançamento do livro “O Sol Áspero”, de Raphael Vidigal
Quando
Quinta (8), às 18h
Onde
Asa de Papel Café & Arte (r. Piauí, 631, Santa Efigênia)
Quanto
Gratuito