Dos teclados que tocou integrando a formação dos Mutantes durante um certo período até as orquestrações que assinou para Milton Nascimento, Túlio Mourão já transitou, ao longo de sua carreira, por vários ambientes distintos. Um deles, de importância, capital, é o cinema. Autor de trilhas para diversas produções nacionais, é com esse recorte de sua verve autoral que ele se apresenta hoje no projeto Ofício da Música, com um show intitulado "Cine Popular". Túlio adianta que vai executar temas incluídos nas trilhas de filmes como "Jorge, um Brasileiro", de Paulo Thiago, e "O Viajante", de Paulo Cesar Sarraceni. Também constam no roteiro citações a autores consagrados de trilhas do cinema internacional, como Henry Mancini e Charles Chaplin.

"A maior parte do repertório é composta por trilhas que compus para filmes brasileiros e que ganharam prêmios importantes, nos festivais de Gramado, de Brasília e também pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA)", diz. Ele destaca que, além dos números musicais, também pretende conversar com o público sobre cinema, como forma de contextualizar suas criações. "Falo de atrizes, de filmes, de diretores, que é uma forma de mostrar como e a partir de onde surgiram as músicas que compus", diz, acrescentando que se sentiu muito à vontade quando destacado para a missão de criar trilhas.

"A questão de compor para cinema é muito estimulante, primeiro porque ali você está longe dos formatos limitadores da indústria do disco, do rádio e da TV. Além disso, você tem as sugestões que vêm da cena, dos personagens, da trama, do relevo psicológico que o filme propõe. E tudo com essa liberdade de formato, que tanto permite temas de 20 ou 30 segundos quanto peças orquestrais épicas, de mais de 20 minutos", diz.

Sem se limitar ao cinema, Túlio adianta que também vai mostrar trechos da trilha que fez para o espetáculo "Mandinga", da Cia. Aérea de Dança, e algumas músicas registradas em seus discos solo.

Ele destaca que o show de hoje foi concebido com a intenção de ser uma panorâmica sobre sua produção para cinema, o que decorre de ser esparso e nem sempre ao alcance do público. Trilhas para cinema tem uma vida útil que normalmente tem a duração em torno da vida útil do filme. Túlio, a propósito, diz que está começando a recolher esse material para relançá-lo de alguma forma. Ele aponta que o primeiro passo já foi dado. "Peguei os originais da trilha do ‘Jorge, um Brasileiro’, na Eldorado. Quando foi lançado, à época do filme, saiu apenas em vinil. Agora, com o master em mãos, vou passar novamente pelo estúdio, para masterizar, e lançar uma tiragem em CD", diz.

Outro projeto que estreita sua relação com o cinema é um disco para a gravadora Paullus. Apesar de ser intitulado com o mesmo nome que o show que Túlio apresenta hoje no Ofício da Música, o álbum tem outro direcionamento: trata-se de um conjunto de releituras pessoais para temas de outros autores.

AGENDA o que: Show de Túlio Mourão quando: Hoje, às 19h30 onde: Museu de Artes e Ofícios (praça da Estação, s/nº, centro) quando: Entrada franca (capacidade: 200 pessoas)