Toninho Horta, 70, chorava enquanto na vitrola tocava uma música clássica do compositor francês Claude Debussy (1862-1918). Ele tinha apenas 3 anos, e a mãe viu na emoção do garoto o prenúncio de uma carreira musical, que agora completa meio século. “Ela se espantou com a minha sensibilidade e logo pensou que eu tinha ouvido absoluto”, rememora Horta. 

Para comemorar essa trajetória, o músico se apresenta neste fim de semana em dose dupla na capital mineira. Em comum, o acesso gratuito ao público e a realização em espaços abertos. “São eventos que têm uma característica mais popular, o que, para mim, é muito bom, porque ajuda a formar uma plateia que normalmente não iria me ver em teatro”, aponta.

Neste sábado (6), ele se apresenta como a principal atração do Cold Hot 4ª Edição: Jazz e Blues na Filarmônica. No domingo (7), é a vez de dar o ar da graça com a sua guitarra no Tambor na Praça, sob a regência de Maurício Tizumba, em que promete improvisar com os grooves dos tambores dos jovens instrumentistas. “É um projeto muito bacana, alto-astral, que tem um viés educativo”, celebra.

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Horta se sente em casa quando um festival é dedicado ao jazz e ao blues, caso do Cold Hot. “Venho fazendo uma música brasileira influenciada pela americana há muito tempo”, diz. O clima hospitaleiro tornou a ocasião ainda mais propícia para que ele apresente aos fãs seu mais novo trabalho, o disco duplo “Belo Horizonte”. 

“Há dez anos o meu filho me deu essa ideia, disse: ‘Pai, o Milton (Nascimento) fez um disco chamado ‘Minas’ e outro ‘Geraes’, por que você não faz um chamado ‘Belo’ e outro com o nome de ‘Horizonte’?”, revela. Horta comprou a sugestão no ato, mas o parto demorou mais do que ele esperava.

Depois de ter tido um projeto aprovado na Lei Municipal de Incentivo à Cultura, em 2011, o músico juntou sua Orquestra Fantasma e colocou mãos à obra, mas logo percebeu que a verba mínima não seria suficiente para garantir a qualidade pretendida pelo trabalho.

O projeto só foi retomado em 2015, quando Horta colocou dinheiro do próprio bolso. O álbum duplo ficou luxuoso e, além de faixas inéditas, trouxe encartado um livro de 120 páginas com histórias e fotografias sobre os caminhos percorridos por Horta em países como Japão, Rússia e Portugal, sem esquecer sua formação no Clube da Esquina. 

“Viajei o mundo inteiro, mas Belo Horizonte é o meu lar, aqui estão os meus amigos e familiares”, declara. O primeiro disco do projeto, “Belo”, traz as vozes de Joyce e João Bosco. O segundo, “Horizonte”, destaca a veia instrumental do compositor.

Serviço

Festival Cold Hot, com Toninho Horta, neste sábado (6), das 12h às 22h, na praça de eventos da Filarmônica (rua Tenente Brito Melo, 1.090, Barro Preto). Gratuito. Tambor na Praça, com Horta, neste domingo (7), às 16h, na praça Floriano Peixoto, Santa Efigênia. Gratuito.

Ouça um clássico de Toninho Horta: