Música

Manu Gavassi recria clássico de Rita Lee em nova edição do Acústico MTV

Cantora reinterpreta canções do icônico LP 'Fruto Proibido' em especial que será lançado nesta quinta (2), pelos canais MTV e Paramount+

Por Alex Ferreira | @alexnycman
Publicado em 02 de fevereiro de 2023 | 05:30
 
 
 
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A celebração de um dos maiores momentos do rock nacional. Foi com essa intenção em mente que Manu Gavassi decidiu regravar "Fruto Proibido", LP lançado em 1975 por Rita Lee e que serviu para consolidar de vez sua carreira como artista solo.

O clássico ganha agora releitura no projeto "Acústico MTV: Manu Gavassi canta Fruto Proibido", nova versão do antológico programa musical que terá estreia dupla nesta quinta-feira (2), às 20h20, na MTV, e a partir da meia-noite no serviço de streaming Paramount+.

“Eu escolhi esse álbum porque ele faz muito sentido na fase que eu estou vivendo. Depois que eu fiz as contas, eu descobri que a Rita tinha mais ou menos a minha idade quando gravou esse trabalho. Então não é nenhuma coincidência, pois são as mesmas dúvidas e o mesmo agridoce de ser uma jovem mulher na nossa sociedade. Estou muito feliz por ter tido a coragem de levar essa ideia adiante", revela Manu Gavassi, 30, em entrevista coletiva realizada por videoconferência.

Ela conta que sua paixão pela obra de Rita Lee começou bem cedo, ainda na infância.

“Eu cresci ouvindo a Rita. Meus pais eram grandes fãs. Lembro muito do Acústico MTV dela, que era uma coisa que eu escutei muito no carro dos meus pais indo para a escola. Depois eu redescobri ela um pouco mais velha quando li sua autobiografia. Na época eu falei para mim mesma: ‘Eu amo essa mulher mais que tudo na minha vida. Agora eu entendi tudo'”, recapitula a cantora.

No entanto, Manu admite que não foi nada fácil tomar a decisão de revistar um disco tão importante.

"Foi muito louco porque eu queria homenagear a Rita de alguma maneira, mas tinha muita vergonha no início. Eu pensava: 'Ai, nada a ver, deixa a obra dela lá. Não vamos mexer nisso'. Até chegou a passar pela minha cabeça: 'Que audácia, né? Regravar um álbum clássico'. Ao mesmo tempo eu dizia: ‘Não, que incrível! Pensar que esse álbum foi gravado há quase cinquenta anos e está sendo redescoberto”, recorda.

Mas a ideia da homenagem foi ganhando forma aos poucos.

"Eu comecei a achar que fazia sentido pela minha fase de vida, por eu entender que esse álbum específico da Rita é muito uma emancipação dela pós-Mutantes. Ele foi o grande sucesso, a grande transição de sua carreira", analisa Manu.

Ainda assim, a certeza só se materializou mesmo depois que a própria Rita Lee deu aval ao projeto.

“Eu só tive coragem quando já tínhamos tido trocas a distância o suficiente para ela entender que eu genuinamente a amava e respeitava. Sou paranoica de deixar a impressão para aqueles que admiro que minha aproximação é oportunista. Eu tive a preocupação de deixá-la saber o quanto eu amava sua obra e o que significava para mim ousar fazer essa homenagem”, confidencia a intérprete.

Segundo ela, toda a construção criativa do acústico acabou se provando muito espinhosa.

"Eu achei esse álbum inteiro muito desafiador. Eu coloquei minha voz em lugares que antes me davam medo. Eu fiz questão, por exemplo, de manter os tons originais que a Rita cantava – que são muito rock'n'roll e cheios agudos e gritos.  eu sempre fui muito tímida em soltar a minha voz, mas fiz questão de me desafiar nesse projeto", confessa a paulistana. 

Era uma questão de superação artística, comenta ela. "Eu estava muito na minha zona de conforto há muitos anos, então fiz muita aula de canto para isso, para tomar coragem. Hoje eu vejo esse Acústico como uma libertação da minha voz", completa.

Participações especiais

Manu gravou o programa em novembro de 2022, em São Paulo, acompanhada por uma banda formada somente por mulheres: Monica Agena (violão), Juliana Vieira (violino), Ana Karina Sebastio (contrabaixo), Alana Ananias (bateria), Mari Jacintho (teclados), Michelle Abu (percussão), além dos vocais de Luana Jones e Paola Evangelista Lucio.

"Acho que a gente nem cogitou outra coisa a não ser uma banda totalmente feminina. Eu senti uma energia completamente diferente com elas, uma coisa de irmandade, de olhar, uma outra energia mesmo. Essa sem dúvida foi a banda mais legal que eu já fiz parte", admite.

Manu diz que a escolha acabou representando bem a atmosfera do disco.

"A gente idealizou esse projeto em cima do 'Fruto Proibido', que é um disco sobre liberdade feminina. Ele foi escrito por uma mulher nos anos 1970, o que era raro, pois as mulheres costumavam ser intérpretes de músicas escritas por homens na época", explica a cantora.

Por tudo isso, o álbum colocava Rita Lee em outra classe. "Eu acho isso extremamente poderoso – essa coisa dela ser a dona de sua própria narrativa. E isso por si só já é incrível", defende ela.

No palco, ela também recebe como convidados especiais nomes de peso da nova safra musical brasileira, como Lucas Silveira – que assina a direção musical do projeto – Liniker, com quem Manu faz dueto em "Ovelha Negra; e Tim Bernardes, que canta com ela a faixa "Gracinha".

No fim das contas, Manu Gavassi afirma que o projeto foi a realização de um sonho.

“A Rita Lee lançou esse álbum há 47 anos e eu me identifico com absolutamente todas as letras e sonoridades dele. Esse trabalho me permitiu trazer orgulho e honra para a minha criança interior. Hoje eu sou aquilo que queria ser quando eu era mais nova", brinca Manu antes de finalizar: "Acho que esse é o lance básico da música. Ela transcende tudo”.

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