Humor para ajudar

Marco Luque usa personagem para ‘pedir gorjeta’ para motoboys

Humorista afirma que usa a comédia para ajudar classe trabalhadora

Por Aline Torres / Grupo Observatório
Publicado em 05 de abril de 2023 | 15:05
 
 
 
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Sempre presente nos teatros de todo o país, Marco Luque já é figurinha carimbada do humor brasileiro. Em cartaz com novo espetáculo, o humorista falou em entrevista para Zeca Camargo, no programa Splash do UOL,  contou que usa personagem para ajudar a classe dos motoboys.

 

O também ator afirma que interpreta Jackson Five para fazer um humor que também tenta ajudar os trabalhadores que usam moto: "Ao todo tenho uns 15 personagens, mas o Jackson Faive é muito forte. Tem uma receptividade muito boa", começou.

 

"Quando eu faço um personagem, quero defender aquela galera [que ele representa]. Não estou me apropriando [da classe] para fazer humor apenas, estou dando voz a uma classe - são 5 milhões de motoboys pelo Brasil inteiro", explicou o comediante.

 

"Se você ver meu texto, eu falo: pô, jhow, tem que dar gorjeta, não é para dar só estrelinha no aplicativo, nós não estamos no Mario Kart, mano. Então a galera curte. As pessoas começaram a ver os motoboys de um jeito diferente", disse ainda.

 

Marco Luque ainda lembrou de quando ganhou notoriedade nacional ao ser um dos integrantes do extinto CQC da Band: "Para mim, o CQC foi o meu projeto mais importante na TV. Foi ali que adentrei [pela primeira vez] a um projeto realmente significativo, onde pudemos ser uma opção para a população brasileira sobre como receber [informações] sobre política", afirmou.

 

Sobre as mudanças que o humor está enfrentando pelas problematizações de pautas sociais, Luque afirma que busca se adequar às novas realidades brasileiras: "Acho que o humor evolui. Eu já tirei piadas dos meus textos por perceber que hoje em dia não encaixam mais. Tive uma criação machista, mas agora estamos constantemente prestando atenção em nos ressignificar e melhorar”, analisou.

 

"Hoje em dia não combina mais você fazer uma piada imitando um viadinho - você lê na plateia a reação [negativa]”, relatou. O humorista admitiu que aposentou um de seus personagens: "Eu botei um personagem na prateleira sim, que é o Esquerdinha, um preto velho, ex-jogador de futebol... Pelo fato de eu pintar minha pele [recurso artístico de iniciativa duvidosa, conhecido como blackface], achei melhor segurar", desabafou.

 

"Não sou cabeça dura, 'piada acima de tudo'. Acho que a gente tem que jogar conforme o movimento, conforme a dança. A minha arte é de uma transformar em outra pessoa. De nenhuma força faria isso para ridicularizar uma classe", completou o comediante.

 

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