Artes cênicas

Marisa Orth traz a BH a montagem ‘Bárbara', seu primeiro espetáculo solo

A atriz sobe ao palco do Teatro Sesiminas para mostrar a adaptação do livro A Saideira, de Bárbara Gancia, que trata do alcoolismo

Por Patrícia Cassese
Publicado em 19 de agosto de 2022 | 03:00
 
 
 
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Depois de ler “A Saideira - Uma dose de esperança depois de anos lutando contra a dependência” (editora Planeta), livro no qual a jornalista  paulistana Bárbara Gancia, 64, relata a sua dura batalha contra o alcoolismo, a atriz Marisa Orth teve uma certeza: “Deveria ser a obra campeã de vendas dos amigo ocultos”. Ela não fala de brincadeira. “É um livro bem importante, todo mundo deveria ler. A Bárbara, que escreve muito bem, que tem essa prosa jornalística, revela uma barra super pesada de uma forma leve. E não tem ninguém que não tenha conhecido alguém assim (afetado pelo alcoolismo), seja na família, seja um namorado, um amigo. (A dependência) É uma realidade muito próxima, e o texto mostra a doença, a luta contra ela e como a sociedade às vezes é conivente”, constata ela, que foi instigada pelo diretor Bruno Guida a protagonizar a adaptação do livro para os palcos.

O resultado pode ser conferido a partir desta sexta-feira pelo belo-horizontino, quando, às 21h, Marisa adentra o Teatro Sesiminas (rua Padre Marinho, 60) para a restreeia oficial de “Bárbara”, que tem sessões também neste sábado, às 20h, e no domingo, às 19h. A peça estreou em Campinas em outubro de 2021 e corresponde à primeira vez que a atriz sobe ao palco sozinha. O retorno, diz, tem sido mais que estimulante. “Sabe aquele trabalho que você de fa-to (acentua o tom de voz) faz despretensiosamente, no afã mesmo de fazer teatro, de se emocionar e ver que pode ajudar pessoas? Mas falando assim parece que é chato pra caramba, e não é, tem momentos muito engraçados”, ressalva.

No ensaio

Marisa Orth conta que o início do projeto se deu de forma online, devido à pandemia. Depois veio a etapa presencial. “E o dia mais difícil foi quando? Quando ela (Bárbara) foi ver o ensaio. Meu Deus! Eu ali, de moleton, sem luz, trilha, nada, e ela ali”, ri.

Após esse dia, afiança, tudo ficou mais tranquilo. “Porque ela gostou! Na verdade, o texto (Michelle Ferreira) é muito engenhoso. Sem querer, faço um pouco ela: mas não é ela, pois faço o livro. É que esse tem a embocadura da Bárbara, então, como conheço ela, o jeito dela, acabo incorporando um pouco”.  Bárbara Gancia, rememora Marisa, corrigiu apenas alguns pontos. "Termos, expressões que não são mais usadas. Por exemplo, não é vício, e dependência. Vício tem uma conotação de maldade, mau hábito, ruindade, e é diferente. Fez um monte de reparos, mas ela adorou! E aí, foi ver várias vezes. E ela fica toda impressionada, o que me envaidece muito. Tem gente que conhece ela de criança - porque tem uma hora que a gente faz ela criança - e diz que está igual. Digo 'a gente' porque não quero assinar sozinha, tem o diretor e o preparador corporal por trás. Então, é muito legal".

Público mineiro.  Marisa Orth conta que todo trabalho no qual está envolvida suscita a vontade de trazê-lo a BH. "Acho que já levei quase tudo, só musical, encenações grandiosas, que não, pois não depende de mim, não consigo. Mas é uma tremenda praça, né, amiga? Todo mundo fala isso, e é porque é mesmo. É um monólogo, num teatro grande, mas não se preocupem, vai ser muito chique. Até o iluminardor, vai estar viajando com a gente. Porque é uma reestreia, né? Reestreia nacional, estou super ensaiando, nervosa. Mas a gente sabe que a plateia de BH gosta de arte, curte espetáculos. E, modéstia à parte, acho que gostam de mim. Acho que já levei algumas coisas legais aí, então, estou nervosa", confessa, simpática.

Vale dizer que a montagem também coincide com um marco redondo: os 40 anos de carreira da atriz. Mas não, ela não se prende tanto assim a essas balizas. "Não, eu não ligo muito, foi o que a gente percebeu no meio dos ensaios. Tinha até um gancho na peça que dava para falar isso, mas aí vira um marco. Não coloco tanto em foco, mas não é só pela idade. É que não comemorei nem 10, nem 15, nem 20, nem 25 anos de carreira, nada, porque não acho que conta. Assim, os Beatles tiveram seis anos de carreira, tá bom pra você? (gargalha) Sabe? Tem gente que tem sete mil anos de carreira, e a gente não curte nada, não sabe nada. Mas sim, fico feliz de estar resistindo, de estar na arte, de ter público, é legal, bonito. Não estou negando, entende? Só não penso que deve ser o grande motivo da celebração".

Confira, a seguir, outros trechos da entrevista concecida ao MAGAZINE

Como é, desta vez, estar sozinha no palco?

É um desafio, está sendo muito bacana, fico feliz de estar vivendo essa experiência mais epxeriente. Neste caso, isso é bom, ter muito tempo de carreira, isso me segura, porque é mais difícil mesmo, monóloco é difícil. Sou muito do grupo, gosto muito de turma, de elenco, é mais fácil viajar com alguém. Você está viajando, a pessoa também texto, e a bola, e o texto... Quando comcei a ensaiar, disse: 'Agora vou grifar o texto' (as falas dela). E caí em mim. Que palhaçada, porque vou grafar o texto inteiro, então? Ridícula. (risos) Mas só percebi isso na segunda paágna, então, você não conta pra ninguém (risos), Entendeu? Tanto faz, pode grifar, faz o que quiser, é todo seu (mais risos). Mas está bom, tá beleza, não está tão difícil, é um prazer. É um espetáculo curto, uma hora e dez, mais conciso, tá muito legal. Ah, sim. Não fala que é contra a bebida, não, porque o mineiro pode não gostar (gargalha). Por favor, não me faz a propaganda contrária! Bebendo moderamente, tudo certo. Estou falando da doença alcoolismo. É beber pouco para beber sempre, tá? Pelamordedeus!

Como estão seus projetos para este ano? Alguma novidade no horizonte?

Acabei de entregar dois trabalhos alucinantes, que foi a novela ("Além da Ilusão", onde viveu a Margô), no Rio, e (o musical) 'Familia Addams', em SP, que esticou até agosto. Dei uma pausa, para estrear 'Bárbara' em BH, que era uma data prévia, já marcada. Daqui volto para SP para terminar a última semana de Addams. E fiz a novela, então, agora, estou no osso, para esse ano, me parece que eu não consigo estrear algo novo, vou para outras praças com 'Bárbara' e faço SP até o final do ano. 

Gostaria de acrescentar algo que não perguntei?

Hummmmm A trilha do (André) Abujamra, talvez? A luz de Guilherme Bonfanti, Gringo Cardia na direção de arte. A  cenografia da Ana Turra, que fez os cenários da Elza Soares e tem um trabalho muito bacana. O figurino é simplérrimo, mas é Fause Haten, que  tem uma sacada muito interessante, É tudo muito bem cuidado.

 

Serviço:  Teatro em Movimento apresenta “Bárbara”

Dias/horários: 10 a 21 de agosto, sexta, às 21h e sábado, às 20h, e domingo às 19h

Local: Teatro Sesiminas (rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia)

Ingressos: R$100 (inteira) e R$50 (meia) plateia 1 e 2 / R$50 (inteira) e R$25 (meia)

Venda pelo link: https://bileto.sympla.com.br/event/75560/d/152365

ou bilheteria do teatro 

Meia entrada válida conforme a lei.

Informações: (31) 3241-7181

Duração: 70 minutos

Classificação:16 anos 

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