O desenhista e escritor Ziraldo, criador de personagens como os de “O Menino Maluquinho” e “Turma do Pererê”, morreu aos 91 anos. A informação foi confirmada pela família do desenhista na tarde deste sábado (6).
Ziraldo morreu dormindo, quando estava em casa, em um apartamento no bairro da Lagoa, na Zona Sul do Rio, por volta das 15h. Relembre as principais criações e personagens inesquecíveis do mestre do humor e da arte gráfica.
Em 1960, Ziraldo lança a pioneira revista em quadrinhos “Pererê”. Por quatro anos seguidos, a publicação alcançou tiragens mensais de 120 mil exemplares, com temáticas socioambientais até hoje atuais e relevantes. A partir dos anos 1970, quadrinhos foram relançados como “A Turma do Pererê”, em várias mídias diferentes.
Dona Clotildes é a heroína criada por Ziraldo. Com seu vestido azul e capa vermelha, ela tem super poderes e faz o impossível para proteger o filho Carlinhos. Em 2019, a ilustre personagem completou 50 anos e, para comemorar a data, foi lançado um almanaque com as histórias publicadas em tirinhas entre 1968 e 1984.
A maior criação de Ziraldo. Desde 1980, o livro já foi traduzido para diversos idiomas, chegando a quatro milhões de exemplares só no Brasil. A obra foi adaptada para teatro, cinema, ópera, série de televisão e desenho animado. “Era uma vez um menino que tinha o olho maior que a barriga, fogo no rabo e vento nos pés.”
Ziraldo criou o personagem, que habitou primeiramente as páginas do “Jornal do Brasil”, em 1965. Quando anos depois, em plena ditadura militar, o livro foi lançado. Jeremias, o Bom, é um homem atencioso e elegante, com terno de corte impecável e sempre disposto a ajudar os outros. Ele usava o humor para fazer uma crítica ao comportamento e aos costumes da época. Uma edição completa de “Jeremias, O Bom” foi lançada em 2010.
O livro reúne tiras que saíam em jornais e revistas nos anos 1960. Ziraldo faz uma paródia e coloca super-heróis norte-americanos, como Superman, Batman e Robin, Homem-Aranha, Homem de Ferro e Mandrake, em situações cômicas. Esse era o pano de fundo para o artista falar sobre política, guerra, sociedade e comportamento.
Ao lado de Tarso de Castro, Jaguar e Sérgio Cabral, Ziraldo foi um dos fundadores da publicação alternativa, que fincou pé na oposição à ditadura militar (1964-1985) com muito humor e inteligência. O tabloide foi editado de 1969 a 1991 e abrigou grandes nomes do jornalismo brasileiro e das artes.
Primeiro livro infantil de Ziraldo. Lançado pela primeira vez em 1969, tornou-se um marco da literatura infantil no Brasil. A história gira em torno da Flicts (representado por um tom de bege), uma cor estranha que não consegue se encaixar no arco-íris nem em lugar algum da Terra. A obra inspirou disco e peça de teatro.
Editado pela primeira vez em 1979, o livro conta a história de um bichinho que vive em um planeta lilás e sai em uma espaçonave para explorar o universo. “E o espaço que era preto de repente ficou todo colorido em seu painel. E o bichinho exclamava: Eu sabia! Eu sabia que outras cores haveria, além do roxo e do violeta do meu planeta lilás!”.