Em BH

Mostra reúne fotografias feitas por profissionais do sexo da região central

Imagens serão expostas a partir de amanhã no Centro de Referência da Juventude; entrada é gratuita e classificação etária é de 18 anos

Por Rafael Rocha
Publicado em 01 de julho de 2019 | 20:13
 
 
 
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Uma das profissões mais estigmatizadas de todos os tempos, a prostituição é foco de exposição a ser inaugurada amanhã no Centro de Referência da Juventude – CRJ. Obviamente, a mostra tem classificação etária de 18 anos.

A montagem reuniu cerca de 27 imagens feitas por profissionais do sexo que trabalham na região em torno da rua Guaicurus, no centro da capital, considerada uma das maiores áreas de prostituição do Brasil, com cerca de 4.000 mulheres.

Para a mostra 'Se as Paredes Falassem' ganhar corpo, as organizadoras Cleusy Lane de Miranda e Michelly de Jesus subiram as famosas escadinhas dos pequenos hotéis da região – conhecidos como sobe-e-desce – que vivem apinhados de homens, não importa o horário.

“Chamamos nove mulheres, sendo três delas transexuais, e explicamos que uma fotógrafa profissional iria ensinar a fazer fotos”, explica Michelly, que também é profissional do sexo, assim como Cleusy.

A ação, portanto, é toda protagonizada pelas prostitutas, desde a concepção até a finalização, segundo frisa Cleusy, que integra o coletivo Clã das Lobas, um grupo que presta ajuda social e aconselhamento às prostitutas da região.

Após a abordagem inicial, as mulheres que aceitaram participar do projeto tiveram lições básicas de fotografia, ministradas por Isabella Lyra. “Queremos mostrar o olhar delas (prostitutas), o que elas acham interessante, e elas adoraram a ideia”, revela Michelly.

O viés cultural da iniciativa não esconde os desdobramentos sociais, pois minimizar o estigma que atinge as prostitutas é outro objetivo latente da exposição de imagens.

“Temos que mostrar para o público como funciona um quarto de hotel. Isso ajuda a combater esse preconceito. Trabalho sexual é isso, mas a sociedade acha que é coisa de outro mundo”, explica Cleusy. “As pessoas julgam, mas vamos mostrar que não tem nada de diferente. É a mesma coisa com seu namorado ou marido, só que a gente cobra”, completa.

As fotografias se dividem entre imagens feitas pelas mulheres ou outras em que elas são objeto de contemplação. O cenário é sempre o quarto e um universo onde preservativos, espelhos e roupas provocantes são indispensáveis.

No segundo andar do CRJ também foi montada uma instalação que simula um dos diminutos e insalubres quartos ocupados pelas prostitutas no centro de Belo Horizonte. A curadoria da mostra é de Juhlia Santos; a produção é de Nathália Orleans Barcelos.

Agenda

Exposição 'Se as paredes falassem'

De 2 a 30 de julho (de terça a sexta), entre 14h e 18h, no Centro de Referência da Juventude – CRJ (rua Guaicurus, 50, centro, 3277-4356). Entrada gratuita. Classificação etária: 18 anos.

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