Histórias de terror

‘Noturnos’: série traz adaptações dos textos mais sombrios de Vinicius de Moraes

Produção em seis capítulos estreia nesta quarta-feira (21) no Canal Brasil e traz no elenco nomes como Ícaro Silva e Marjorie Estiano

Por Renato Lombardi
Publicado em 21 de outubro de 2020 | 18:54
 
 
 
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Vinicius de Moraes (1913-1980) deixou uma vasta obra, marcada, principalmente, por sonetos e composições de bossa nova. Mas o que pouca gente sabe é que o Poetinha era fã de filmes de terror e também se aventurou em contos e poemas do gênero. 

Sete desses textos, produzidos entre 1930 e 1950, serviram de inspiração para a série em seis capítulos “Noturnos”, que estreia nesta quarta-feira (21), às 22h, no Canal Brasil. Todos os episódios também serão disponibilizados no Globoplay.  

A ideia do projeto foi de Renato Fagundes, diretor de criação da produtora A Fábrica. Foi ele quem selecionou os textos e passou para a dupla de diretores Caetano Gotardo e Marco Dutra para serem adaptados ao audiovisual – eles assinam os roteiros dos episódios ao lado de Alice Marcone e Gustavo Vinagre, inspirados nos textos “Balada do Morto-Vivo”, “O Mágico”, “Operário em Construção”, “Conto Carioca”, “Conto Rápido”, “A Grande Voz” e “O Incriado”. 

“Quando fui sondado sobre o projeto, a minha primeira reação foi de hesitação. Só que isso derreteu imediatamente quando li os contos e poemas. Eu não conhecia a maioria desses textos, e lê-los foi inspirador! Pude ver nas entrelinhas o carinho que Vinicius tinha pelo gênero (terror)”, explicou Marco Dutra. 

 

“A ideia inicial era fazer uma antologia. Porém, inspirados nessa multiplicidade do Vinicius, eu e o Caetano sugerimos a ideia de um grupo de teatro, em que os atores estão presos no teatro por causa de uma tempestade e começam a compartilhar contos assombrosos em torno de uma goteira”, disse Dutra.  

As histórias ganham vida na pele dos próprios atores da companhia teatral, vividos por Ícaro Silva, Thaia Perez, Rafael Losso e Andrea Marquee. Cada episódio tem sua história, com estéticas e diretores diferentes. “Eu e o Marco dirigimos as cenas feitas dentro do teatro. Chamamos outros diretores para a direção das outras cenas. Nos interessa ter uma equipe diversa para que o trabalho seja feito com uma pluralidade de olhares”, destacou Caetano Gotardo.

Renato Fagundes acredita que “Noturnos” é uma oportunidade para o público embarcar no universo de Vinicius de Moraes. “É uma seara infinita dos caminhos que ele seguiu; tem de tudo na obra dele. É uma oportunidade de mostrar para o público os tantos lugares que você pode seguir se se deixar levar por ele”, avaliou. Caetano Gotardo completou: “Também é uma oportunidade para quem tem resistência ao gênero possa olhar para a série com um outro olhar”.

 

Participação especial

Marjorie Estiano faz uma participação especial em um dos episódios de “Noturnos”, como Ana, uma mulher sedutora e fantasmagórica, descrita por Marco Dutra como uma “garota de Ipanema do inferno”. Ela encanta dois homens, e, nesse caminho, surge a questão da violência contra a mulher.

“O conto (de Vinicius de Moraes) é adaptado à luz do que a gente discute hoje. Todos os episódios têm possibilidade de reflexão”, afirmou a atriz. “Acho que o feminicídio é um dos grandes horrores que a gente vive aqui no Brasil, e trazer isso como discussão é sempre uma possibilidade de avançar nesse horror. É o caminho para se transformar, para se avançar na compreensão daquilo que é doentio, sobretudo para que a gente possa viver cada vez mais em harmonia”, completou ela. 

Pandemia

A série “Noturnos” foi gravada antes da pandemia do novo coronavírus, porém, o elenco acredita muitas situações retratadas na história têm relação com o atual momento pelo qual o mundo passa.

Andrea Marquee destaca o fato de os personagens da série estarem isolados dentro de um teatro, só que por causa de uma grande tempestade, sem saber quando poderão voltar para casa. “Estamos vivendo um período de isolamento e de encontros conosco”, disse a atriz, referindo-se ao isolamento social. 

“A pandemia e a série fazem a gente reavaliar muita coisa; é uma oportunidade para reavaliar o medo que sentimos diante de tantas coisas, de situações que a gente tem que aprender a lidar”, avaliou Marjorie Estiano. 

“Estamos vivendo tantas coisas em casa nesse momento que é como se estivéssemos vivendo muitas noites. É um momento que nos isola e também nos conecta”, pontuou Ícaro Silva. 

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