CINEMA

'O Silêncio da Vingança' inova ao ter muita cena barulhenta sem qualquer diálogo

Filme em cartaz nos cinemas tem a assintura de John Woo, mestre chinês dos flmes de ação importado por Hollywood

Por Paulo Henrique Silva
Publicado em 10 de dezembro de 2023 | 19:26
 
 
 
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A palavra vingança é corriqueira nos filmes policiais norte-americanos e a história de um homem comum em busca de justiça contra os que fizeram mal à sua família completa meio século em 2024, após "Desejo de Matar" virar um marco desse sub-gênero.

Em cartaz nos cinemas, "O Silêncio da Vingança" seria mais um exemplar, trazendo ecos das décadas de 70 e 80 em relação ao domínio das gangues e à ineficiência no combate à criminalidade nas ruas, se não fosse o nome de John Woo na direção e a quase ausência de diálogos.

Woo foi um dos grandes nomes do cinema de ação de Hong Kong e foi importado por Hollywood nos anos de 1990, dirigindo filmes de Jean-Claude Van Damme ("O Alvo"), John Travolta ("A Última Ameaça"), Nicolas Cage ("A Outra Face") e Tom Cruise ("Missão: Impossível 2").

Após trabalhar com esses astros, o realizador chinês sumiu do radar, dedicando-se a jogos eletrônicos. Volta agora com essa espécie de filme B policial, recheado de elementos autorais: câmera lenta em cenas de tiroteio, poéticas sequências de passagem e a tênue linha que divide bem e mal.

O que mais impressiona em "O Silêncio da Vingança" é o fato de não contar praticamente nenhum diálogo, a partir do momento em que o personagem de Joel Kinnaman (da série "The Killing" e do reboot de "RoboCop", assinado por José Padilha), um operário da construção, leva um tiro na garganta.

Na sequência de abertura, vemos o personagem correndo com as mãos ensanguentadas e uma corrente balançando e fazendo um som característico. Esse objeto não tem relação com a trama a seguir. É apenas um artifício para evidenciar como o som será usado no filme.

John Woo recorre inteligentemente à trilha sonora e ao som ambiente para preencher a falta de diálogo e, se o espectador não prestar atenção, não sentirá falta. O diretor estabelece algumas elipses que dispensam maiores comentários, como a separação da esposa.

Opção que fica patente na relação do operário, que perdeu o filho após este levar uma bala perdida na disputa de gangues, com o policial encarregado do caso. Eles não trocam qualquer diálogo depois que um cartão é deixado na mesinha do quarto do hospital onde está Kinneman.

Há uma cena intermediária, em que mal se olham no departamento de polícia, mas nos momentos finais eles se tornam complementares, no melhor estilo de Woo. Em seus thrillers mais famosos, como "The Killer - O Matador", há sempre essa ideia de duas faces de uma mesma moeda.

E, como não poderia deixar de ser em se tratando de Woo, há muito exagero, como no momento de um tiroteio interminável na escadaria do QG dos criminosos. Cenas comuns a qualquer filme barulhento, mas nas mãos do realizador ganham certa coreografia poética.

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