Projeto Solo Negro

O universo feminino em cena com o potente espetáculo 'Lótus'

A peça fala sobre amor, superação, beleza e vida, isto dentro de um contexto de preterimento e fragilidade em que está inserida a mulher contemporânea

Por Patrícia Cassese
Publicado em 24 de outubro de 2020 | 11:33
 
 
 
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O terceiro dia da edição de 2020 do projeto Solo Negro programa para este sábado, às 20h, o espetáculo "Lótus". O projeto é idealizado por Mauricio Tizumba (Cia Burlantins) como espaço de difusão do trabalho de artistas negros da cidade, com espetáculos que dialoguem com a cultura afro-brasileira contemporânea ou tradicional, e que tenham um formato solo. Em função da pandemia do novo coronavírus, esta edição acontece no ambiente online. 

A montagem é inspirada nas histórias de grandes mulheres negras, como Nzinga, rainha angolana; Lélia González, ativista e intelectual do movimento negro brasileiro; Ruth de Souza, grande atriz do Teatro Experimental do Negro, e Carolina Maria de Jesus, escritora e catadora de papel, referência na literatura negra brasileira. O monólogo é feito pela atriz Danielle Anatólio e estreou em 2016, em Salvador. A atriz que é Mestra em Artes Cênicas, desenvolveu, ao longo de anos, uma pesquisa sobre Autogestão do Corpo Negro Feminino, sendo o espetáculo um dos resultados práticos deste processo.

Com a palavra, Danielle. "'Lótus' trata da hipersexualização do corpo feminino. Das vivências e simbologias, da violência, do assédio, da hipersexualização desse corpo. Tem um recorte voltado para o corpo da mulher negra que vivencia os aspectos do machismo e do racismo. No espetáculo , o ponto de partida é a linguagem poética feminina. Na cena, a atriz apresenta o universo de mulheres que trazem, em suas afetividades,  histórias que são invisibilizadas pelo imaginário socail. Falamos de hipersexualização de beleza, amor e superação, tudo isso dentro de um contexto ao qual o corpo negro femino está inserido, o contexto de solidão da mulher negra". 

Além disso, acrescenta ela, o espetáculo mostra caminhos que as mulheres encontram para reexistir. "E, assim, poderem contar a história sendo protagonistas de seus próprios caminhos". No palco, a atriz compartilha as diferentes histórias, ora por meio da fala, ora pela dança e ações físicas, no caso, estimulada pelo toque da percussão, a cargo também de uma mulher, que toca o barravento de Iansã e o ijexá de Oxum.

Danielle conta que, em 2018,  "Lótus" foi agraciado com o prêmio Leda Maria Martins, direcionado às artes cênicas negras de BH. "Já circulou por três estados, Bahia, Minas e Rio, e neste sábado, dia 24, terá a sua trigésima apresentação", brinda ela. 

Projeto Solo Negro  
Data: De 22 a 25 de outubro, quinta a domingo, às 20h.
Canal Web: youtube.com/ciaburlantins
Gratuito

Classificação: livre

Mais informações: burlantins.com.br/solonegro

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