Música

Pato Fu 30 anos: banda abre turnê nacional e lançará série de TV com o Giramundo

Show em Porto Alegre, nesta sexta (7), marca início das apresentações que celebram o aniversário do grupo, que estará na Nickelodeon com produção para a América Latina

Por Bruno Mateus | @eubrunomateus
Publicado em 06 de julho de 2023 | 13:09
 
 
 
normal

Dois mil e vinte e três tem sido marcado por novidades que vão ao encontro das celebrações dos 30 anos do Pato Fu. “30”, disco de inéditas que reuniu nove faixas, lançadas de três em três desde outubro passado, chegou inteiro às plataformas em março. Também na esteira das comemorações pelas três décadas de estrada, a banda se juntou à Orquestra Ouro Preto e tem circulado com o show “Rotorquestra de Liquidificafu” – o mais recente aconteceu em meados de junho, em apresentação gratuita na Praça da Liberdade, em BH.

O Pato Fu reserva outras boas novas  para este segundo semestre. Nesta sexta-feira (7), Fernanda Takai, John Ulhoa , Ricardo Koctus, Xande Tamietti e Richard Neves dão início à turnê nacional em Porto Alegre, no Auditório Araújo Vianna, às 21h. O quinteto passará por todos seus 13 álbuns, incluindo a safra de “30”, além de algumas regravações, como “Ando Meio Desligado”, dos Mutantes. “O show que estreia na sexta é comemorativo aos 30 anos, não será o mesmo que fizemos com a Orquestra e nem o mesmo das nossas últimas apresentações”, comenta John Ulhoa.

A banda também desembarcará em Brasília, no dia 27 deste mês, no Parque Granja do Torto, e em São Paulo, em 4 de agosto, na casa de shows Audio. Belo Horizonte, claro, está na rota do Pato Fu, que tocará na cidade no fim de outubro, em data e local ainda não definidos – antes, no dia 20 de agosto, às 17h, o quinteto e o Giramundo sobem ao palco do Palácio das Artes com “Alice Live”, misto de teatro, show e cinema de animação, baseado na icônica obra de Lewis Carrol “Alice no País das Maravilhas”, com performance de bonecos, trilha sonora ao vivo e vídeo-projeções.

“Tem muita coisa acontecendo. Também estamos fazendo um clipe novo de ‘Fique Onde Eu Possa Te Ver’, que deve ser lançado em agosto”, acrescenta Fernanda Takai. John também adianta que, em parceria com a Orquestra Ouro Preto, o registro de áudio do concerto de outubro do ano passado, no Palácio das Artes, será compartilhado no streaming.

Série na Nickelodeon

Outro projeto que se avizinha é o lançamento de duas temporadas de uma série forjada na tabelinha já existente com o grupo de teatro de bonecos Giramundo e baseada nos dois volumes de “Música de Brinquedo”, de 2010 e 2017, nos quais o Pato Fu recria clássicos do cancioneiro nacional e internacional em versões lúdicas com instrumentos de brinquedo. A estreia está prevista para acontecer entre o fim de agosto e o início de setembro.

“Vai para a América Latina toda. A primeira temporada tem músicas do segundo disco, e a segunda traz canções do primeiro. São pequenos episódios de 13 minutos em que pegamos a canção e desenvolvemos uma história em torno dela. Os únicos humanos somos nós e os outros personagens são os monstros criados pelo Giramundo. Tem uma dramaturgia para essa coisa dos bonecos”, explica Takai. O roteiro de “Música de Brinquedo, a Série” é de John Ulhoa e Fernando Gomes, diretor de “Ilha Rá-Tim-Bum”, “Cocoricó” e “Vila Sésamo”.

Trinta anos e além

De certa maneira, o Pato Fu nasce, no início dos anos 1990, em meio à oxigenação da música mineira autoral, marcada na década de 70 pelo estrondo criativo do Clube da Esquina e, na sequência, pelo peso heavy metal de Sepultura, Overdose, Chakal, Holocausto, Sarcófago e Mutilator, cena oitentista que acabou vingando, mesmo, com a banda dos irmãos Cavalera. No início dos 90, Skank e Pato Fu puxaram a fila e deram novos ares à produção local, muito impulsionada pelo inegável talento dos grupos, pela grana das grandes gravadoras e pelo surgimento da MTV.

Com 30 anos nos palcos, o Pato Fu conseguiu se colocar no imaginário musical de Minas. Assim como o Engenheiros do Hawaii está para o Rio Grande do Sul e o Ira! para São Paulo, a banda originalmente formada por Takai, John e Koctus está inevitavelmente ligada a uma Minas Gerais que se revela de diversas maneiras, sendo a música talvez a expressão mais popular e democrática desse Estado que acontece, em todas as suas belezas e contradições, nas cozinhas, nos estádios e nas igrejas.

Para John UIhoa, quando o Pato Fu começou a acontecer, o grupo já estava pronto para o que viria pela frente. “Já estávamos ali antes, ralando nos anos 80. Quando apareceu esse momento, pulamos dentro. A gente já sabia fazer um show legal, sabia que tínhamos que ter uma boa foto, um bom release. Isso fez diferença em relação às bandas que estavam começando junto com o Pato Fu na época, só que eles estavam realmente começando, eu já tinha uns bons anos de estrada”, diz o guitarrista e compositor, em referência à Sexo Explícito, grupo que ele funda em 1982 e com o qual grava dois discos antes de formar o Pato Fu.

Nos primeiros anos, a banda lançou “Rotomusic de Liquidificapum” (1993), “Gol de Quem?” (1995) e “Tem Mas Acabou” (1996). Mas foi com “Televisão de Cachorro”, de 1998, que o Pato Fu, cuja presença na MTV com sua música capaz de escapar de rótulos fáceis já repercutia com relevância, chegou às rádios brasileiras e teve trilha em novela, algo extremamente significativo numa era em que a internet dava os primeiros passos no país. “Se tirar a MTV e a (gravadora) Cogumelo do nosso caldo, talvez a gente não teria rolado. Isso é bem doido. Somos uma fórmula muito heterodoxa que não serve para mais ninguém”, pondera John Ulhoa.

Longevidade

Fernanda Takai pensa em Alaíde Costa quando fala da longevidade da banda. Os 70 anos de carreira da cantora carioca são espelho para Takai, não no sentido exato de perseguir essas mesmas sete décadas. Quando o Pato Fu começou, a ideia era construir uma carreira longa e próspera. Eles já conseguiram – e, com coerência, podem comemorar um aniversário raro no meio musical.

“A gente é, hoje, como era no começo da banda. Prezamos pela nossa história, gostamos de dividir as coisas fora do palco, sabemos dos defeitos de cada um. Cada um é um kit e esse kit ainda vale a pena. Nós ainda nos divertimos, não tem dessa de cada um fica no seu canto, no seu quarto, junta, toca e vai embora, não fala bom dia. Somos uma banda”, pontua Takai. “A gente não faz nada chutado, cuidamos bem da nossa carreira na música, no audiovisual”, emenda John.

Recentemente, o Sonastério, estúdio e gravadora localizada em Nova Lima, lançou um episódio especial do projeto Sonastério Ilumina com o Pato Fu. A banda conta histórias dos 30 anos em um mini-documentário e interpreta novas versões de “Canção pra Você Viver Mais”, “Fique Onde Eu Possa Te Ver”, “Perdendo Dentes”, “Sobre o Tempo”, “Antes que Seja Tarde” e “SPOC”, criadas especialmente para a ocasião.

Sobre o futuro, John e Takai não se mostram preocupados ou apressados em dar respostas prontas. O que eles sabem é que estarão no palco na noite desta sexta-feira, em Porto Alegre, abrindo a turnê dos 30 anos. “A gente vai seguindo assim e, quando vir, já passaram mais cinco, dez anos. Eu não imaginava que estaria tocando guitarra e andando de skate aos 57, mas eu estou”, conclui John Ulhoa. 

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!